Por Flavio Quintela
Imagem: blog do Planalto
|
Faltam 15 dias para a Copa do mundo. A lembrança chega até
mim pelo Facebook, já que aqui nos EUA a gente não vê notícia nenhuma sobre o
torneio.
Nunca deixei de acompanhar uma Copa. A primeira lembrança
que tenho é da copa de 1982, e é uma memória bem vívida do jogo Brasil x
Itália. Eu tinha 6 anos de idade e estava em Santa Rosa de Viterbo,
interiorzão de São Paulo, na casa de meus tios. Quando o Falcão empatou o jogo
pela segunda vez nós saímos correndo para a rua de paralelepípedos, nós e todos
os vizinhos, na maior alegria. Todo mundo sabe que essa alegria não durou nem
10 minutos, pois o Paolo Rossi estava inspirado naquela tarde e marcou três num
jogo só. Foi o nosso “arrivederci”…
Quatro anos depois a família se reuniu em nossa casa, em São Bernardo do
Campo. Alguém trouxe um daqueles telões engraçados, que você conectava na TV de
tubo e tentava de alguma forma conseguir uma imagem decente através de uma
lente gigantesca de acrílico. Seguindo a tendência da imagem, que ficou ruim o
tempo todo, o jogo terminou triste, e todos os “especialistas” presentes
afirmavam categoricamente que foi um absurdo deixarem o Zico cobrar aquele
pênalti sem estar aquecido. Aliás, história que ficaria na boca do povo por
mais alguns dias, até que o fiasco fosse finalmente esquecido.
Veio mais uma Copa, em 1990. Essa foi difícil de ver – meu
pai havia sido transferido por um tempo para os Estados Unidos, e estávamos em
uma cidade do interior de Illinois durante o torneio. Conseguimos ver somente
as finais, pois a TV americana simplesmente não transmitia os jogos. O fato é
que não perdemos muita coisa… O senhor Caniggia carimbou nossa passagem de
volta para o Brasil.
Finalmente veio 1994. Eu tinha 18 anos de idade, e lembro
que a final aconteceu no meio de um retiro espiritual onde eu estava com minha
família. Não lembro muita coisa do retiro, mas lembro claramente que estávamos
todos, mais de 100 pessoas, no salão principal, acompanhando a cobrança de
pênaltis e o presentaço de Roberto Baggio para nós. Ufa! Depois de tantos anos
de vida finalmente pude gritar “Brasil Campeão!”
Mais quatro anos se passaram e chegou 1998. A primeira e única
Copa da época de faculdade. Foi muito legal ver os jogos com os grandes amigos
que até hoje fazem parte da minha vida, mas não tão legal ver o chocolate que a
França de Zidane deu no Brasil. E dá-lhe teoria da conspiração! Tinha pelo
menos umas três que tentavam explicar o que aconteceu com o Ronaldo e a
consequente derrota. Acho que até forças alienígenas foram cogitadas em uma
delas…
E lá vamos nós! 2002 foi uma Copa que eu fiquei ansioso para
ver. Sempre gostei do Felipão, e tinha muita esperança que ele faria um bom
trabalho. Lembro que vi a final na chácara de meus pais, em São Pedro , ao lado do
meu querido pai. Aliás, foi a última final de Copa que vimos juntos, antes do
acidente que lhe tirou a vida. Foi um tremendo de um jogo, e essa eu comemorei
muito. Merecida!
A Copa de 2006 foi tão ridícula para o Brasil que não dá
vontade nem de comentar. A eliminação logo nas quartas de final foi de doer. E
nesse caso não tinha teoria conspiratória que conseguisse explicar. Enfim,
dessa vez foi “Au revoir!”
E chegamos a 2010. Mais uma Copa digna de ser esquecida, num
ano que marcou o início do pior governo que o Brasil já teve. Aliás, 2010 foi
um dos piores anos da minha vida. A verdadeira urucubaca-mor. E logo nas
quartas de final ouviríamos bem alto, vindo dos Holandeses, “Afscheid!”
E estamos em 2014, próximos do início daquela que é chamada
pela monstra que ocupa a presidência de “A Copa das Copas”. E pela primeira vez
na história deste país ela pode estar certa. Esta pode ser “A Copa das Copas”,
porque de todas as Copas esta é a que tem a maior possibilidade de influenciar
o destino de nosso país.
A Copa sempre acontece em junho-julho, e as eleições sempre
são em outubro. Desde
1994 elas coincidem com o ano em que é disputada a Copa do Mundo. Muita gente
fala que o resultado da Copa influencia o resultado das eleições, mas isso não
é verdade. O período entre os dois eventos, de 3 meses, é suficiente para
dissipar qualquer empolgação ou desânimo que possa ter sido gerado pelo
torneio. Basta olhar para 2002 e 2006: Lula conseguiu se eleger depois de duas
Copas totalmente diferentes, e na segunda ele ainda enfrentava as dificuldades
com o estouro do Mensalão. A Copa não nos ajudou em nada… Quem nos dera o povo
tivesse ficado tão chateado a ponto de enfim enxergar que estava sendo
governado por criminosos.
Mas por que a Copa deste ano pode ser diferente? Não são os
mesmos 3 meses entre eventos? Não é a mesma situação das últimas 5 Copas? Não
são os mesmos partidos na disputa? Para mim, e deixo claro que essa é somente
minha opinião, não. Nada é igual. Tudo é diferente nesta Copa. É uma Copa no
Brasil, e não fora dele. É uma Copa trazida pelo PT, pelo ex-presidente Lula, e
adotada pela atual mandatária. É uma Copa que acontece em meio a protestos, em
meio a uma quantidade inédita de críticas ao governo petista, na internet, na
mídia impressa e em diversas obras publicadas nos últimos 15 meses, que têm
batido recordes de venda a cada semana. É uma Copa em que se gastou o
suficiente para 3 Copas, e cujo resultado não é satisfatório nem para meia. É
uma Copa desunida, uma que o povo brasileiro não está querendo para si.
Por isso, eu vejo duas possibilidades para essa Copa:
Tudo acontece da melhor forma possível, o povo esquece de
todas as lambanças do governo, nenhum protesto atrapalha os jogos, os
aeroportos dão conta do movimento, o caos passa longe das cidades-sede, a
seleção brasileira joga bem e o povo sai feliz. Será a Copa das Copas para o
PT.
A lei de Murphy não dá tréguas e as coisas não acontecem
como esperado. As cidades-sede sofrem com a falta de infraestrutura, os jogos
são afetados por protestos, muitos lugares experimentam o caos urbano, turistas
são assaltados, os sistemas de transporte pedem água, os aeroportos ficam
entupidos, e a seleção brasileira joga o que tem jogado, o suficiente para
passar das quartas, mas não para ser campeã. Com toda essa conta no bolso, mais
a tendência atual de queda de popularidade, e há uma chance de que Dilma
Rousseff não se reeleja. Seria a Copa das Copas para o Brasil.
Prefiro nunca mais ver nossa seleção ganhar uma Copa do
Mundo a ver o PT ganhando mais uma eleição presidencial. Não escondo de
ninguém: não torcerei nesta Copa, não quero que tudo dê certo e não quero que o
mundo olhe para o Brasil e diga “nossa, que Copa maravilhosa eles organizaram”.
Quero que essa bandida receba o pior legado possível desse evento, e que seja
um ônus tão grande a ponto de lhe tirar a reeleição. Somente assim poderei
chamar essa Copa de “A Copa das Copas”, e quem sabe, daqui a alguns anos,
colocar em minha lista: 2014 foi a melhor Copa de todas.
Fonte: Mídia Sem Máscara
Nenhum comentário:
Postar um comentário