Leiam este comentário enviado ao blog no dia 6.
Como esse, chegam dezenas por dia. É disso para pior. O
vocabulário é bem mais agressivo, as ameaças são mais, como posso dizer?,
escatológicas e se estendem à minha família. E elas costumam ter um padrão
também, já observei aqui. Noventa por cento delas têm ao menos uma destas três
abordagens (havendo aquelas que juntam as três): a) anunciam que a hora está
chegando; b) falam em tiro na cabeça; c) sugerem alguma forma de violação de
caráter sexual, em que o adversário é sujeitado, humilhado, estuprado. A coisa
mereceria um estudo sociopsicológico:
a) A “hora chegando” é um conceito essencialmente fascista;
os vingadores, ungidos pela história, se vingam de seus inimigos e os
exterminam fisicamente. O discurso-símbolo é aquele feito por Goebbels no dia
10 de fevereiro de 1933, 11 dias depois de Hitler ter sido nomeado chanceler:
“Um dia nossa paciência vai acabar e calaremos esses judeus insolentes, bocas
mentirosas!”.
b) O “tiro na cabeça” tem um duplo apelo: 1) é um modo
clássico de executar pessoas condenadas por crimes de guerra — e isso quer
dizer que essa gente se sente, de fato, numa guerra; 2) o tiro na cabeça
significa, simbolicamente, um apagamento das ideias dos adversários. O cérebro,
que abriga o conteúdo reprovável, será destruído por uma bala.
c) A violação de caráter sexual — e suas variantes — remete
à emasculação, à castração do adversário. Creiam: quem apela a essa metáfora
precisa apenas das circunstâncias adequadas para se tornar um estuprador: de
mulher, homem, criança ou bicho.
Estamos falando de uma horda. Ocorre que ela não é formada
ao acaso, não, e conta com um centro irradiador, financiado por dinheiro
público. Quem indica os alvos a serem atacados são aqueles que se orgulham de
ser chamados de “blogs sujos”: páginas na Internet financiadas pelo governo
federal e por estatais para difamar membros do Judiciário, líderes da oposição,
a imprensa e os jornalistas independentes. Eleitos os alvos, a rede petralha se
encarrega, então, de dar início ao linchamento.
Joaquim Barbosa
Joaquim Barbosa, ministro do STF e seu presidente até
novembro, já foi saudado pelos petistas como o “herói negro nomeado por Lula”.
Quando ficou claro que ele se limitaria, em todo o processo do mensalão, a
seguir a lei, então se transformou no traidor e no demônio de plantão. A rotina
foi a mesma: os blogs sujos passaram a disparar as palavras de ordem, e a
fascistada, nas redes sociais, com perfis falsos ou verdadeiros, se encarregou
e se encarrega da rede de difamação, que logo evolui para a ameaça.
O ministro passou a ser alvo de considerações como esta:
Um certo Sérvolo Aimoré-Botocudo de Oliveira, escreveu o
seguinte no Facebook (segue a mensagem como lá estava):
JOAQUIM BARBOSA SEU DESGRAÇADO. VOCÊ VAI MORRER DE CÂNCER OU
UM TIRO NA CABEÇA. E QUEM VAI MANDAR FAZER ISSO SÃO SEUS “AMIGOS”. SÃO OS
SENHORES DO NOVO ENGENHO. SEU CAPITÃO DO MATO. SEU INFÂME. SEU TRAIDOR. TIREM
AS MÃOS DOS NOSSOS HEROIS!
Os “nossos heróis” — no caso, deles — são os mensaleiros
José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Pois bem. Temendo pela segurança de
Barbosa, a direção do STF acionou a Polícia Federal e chegou ao autor das
ameaças: Sérvolo de Oliveira e Silva. Quem é ele? É secretário de Organização
do Diretório do PT de Natal e, pasmem!, membro da Comissão de Ética do partido
no Rio Grande do Norte — imaginem o que não fazem os que não pertencem à
dita-cuja… Ah, sim: também é assessor do vereador Fernando Lucena na capital
potiguar. Lucena, obviamente, é do PT.
Ele sumiu do mapa. Começou a ser investigado pela PF em
fevereiro. Desde esse mês, saiu de circulação para, segundo consta, “cuidar de
assuntos pessoais”. Juliano Siqueira, o presidente do partido no Estado,
afirma: “Esse cara apareceu aqui no começo do ano. Mandaram de Brasília. Mas
nem sei quem é”. Entendo!!! “Mandaram de Brasília”??? Quem “mandaram”,
cara-pálida? Foi a Direção Nacional do partido?
O que diz Sérvolo?
VEJA localizou o tal Sérvolo. Confirma a publicação das
mensagens, mas diz: “Se eu quisesse matar mesmo, apesar de ele merecer (!!!),
eu não iria fazer uma ameaça de morte na Internet”. SEM ESSA! Quem adere a esse
comportamento delinquente pode não ter a coragem de exercitar a violência, mas
está convidando os que têm a fazê-lo. E sempre há os “corajosos” que não
covardes o bastante, não é mesmo? Pensem nos casos brutais de que tivemos
notícias recentemente. Uma corrente na Internet contra um indivíduo, famoso ou
não, poderoso ou não, pode ter consequências trágicas. De resto, incitar a
violência é crime.
Aloysio Nunes
Sérvolo é só parte de uma legião. Na terça-feira, vimos a
patuscada armada por um conhecido militante-arruaceiro petista chamado Rodrigo
Grassi Cademartori, conhecido como “Rodrigo Pilha”, que tem um blog na Internet
e era, até há menos de um mês, assessor parlamentar da deputada Erika Kokay
(PT-DF). As câmeras do circuito interno do Senado registram com precisão o que
aconteceu.
- o tal abordou o senador para lhe fazer perguntas como
suposto blogueiro;
- Aloysio respondeu a tudo calmamente;
- o rapaz começou a insultá-lo, acusando-o de envolvimento
com o cartel do metrô;
- o senador o chamou de cafajeste;
- “Pilha” confessa, então, que era só uma armação para fazer
um vídeo e postar na Internet e chama do tucano “para a porrada”;
- chegou a jogar uma garrafa d’água contra o senador;
- foi detido pela segurança do Senado e solto em seguida.
Assistam ao vídeo. Volto em seguida.
Rodrigo Grassi é especialista em provocação. Na condição de
assessor da deputada Kokay, perseguiu e agrediu com ofensas o ministro Joaquim
Barbosa — aquele, sabem?, ameaçado de morte pelo tal Sérvolo. Vamos relembrar o
vídeo:
Atenção! A deputada Kokay saiu, então, na prática, em sua
defesa, afirmando que ele ofendeu o ministro fora do seu horário de trabalho.
Depois, acabou afastando-o de seu gabinete, ao menos oficialmente. Republico
trecho de reportagem de VEJA sobre esse cara (em azul):
Defensor da ditadura cubana, Grassi comandou a tropa que
hostilizou a blogueira Yoani Sánchez quando ela visitou o Congresso Nacional,
iniciou uma confusão após provocar o ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e
ajudou a organizar “protestos” contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP).
Também fez questão de passar o dia na porta da Superintendência da Polícia
Federal quando os mensaleiros se entregaram no ano passado.
Uma de suas estratégias é insuflar manifestantes em
protestos, sem que fique evidente a ligação dos atos com o PT e o gabinete de
Érika Kokay. As duas mulheres que também hostilizam Barbosa no vídeo são
Andreza Xavier e Maria Luiza Rodrigues, amigas do assessor parlamentar.
Na descrição do vídeo que publicou com a perseguição a
Barbosa, Grassi define o presidente do STF como “fascista” e, orgulhosamente,
anuncia que o colocou “para correr”. No vídeo, em português sofrível, ataca:
“Ele precisa (sic) de andar com muitos seguranças”.
Grassi recebe da Câmara dos Deputados cerca de 4.800 reais
por mês. Porque o militante-profissional continua sendo bancado pelo dinheiro
público é uma pergunta que a deputada Érika Kokay deveria responder.
Rodrigo Grassi: cerveja, lancha, vida boa, dinheiro público
e agressão a quem considera adversário:
são os nossos bolivarianos (Facebook) |
Retomo
Atenção! Gente como Sérvolo e esse tal Grassi são, digamos
assim, a linha de choque de uma prática bem organizada, sistemática, metódica,
que tem nos chamados “blogs sujos” (e também alguns veículos impressos) a sua
expressão supostamente inteligente. É nessas páginas, financiadas por estatais
como Caixa Econômica Federal, Petrobras e Banco do Brasil — além dos anúncios
do governo propriamente — que os “inimigos” são eleitos. Elas fornecem a
suposta munição — no mais das vezes, injúria, calúnia e difamação — para que a
tropa ataque na rede e, como se nota, se necessário, na ação física também.
É estupefaciente que o dinheiro público seja usado para
financiar coisas assim. E que se note: já nem se trata de patrocinar páginas
simpáticas ao governo ou que comunguem de seus valores ideológicos. Nada disso!
Trata-se de dar suporte a panfletos dedicados a fazer a defesa do PT e a
difamar qualquer um que seja considerado “um inimigo”. Ora, o dinheiro que
financia essa canalha também pertence aos ofendidos. Com que direito é
escandalosamente privatizado? Normal, não é?, quando se tem uma presidente da
República que usa a Rede Nacional de Rádio e Televisão para fazer política
partidária e proselitismo eleitoral. Foi tudo planejado junto com a Secretaria
de Comunicação do governo, hoje a cargo de Thomas Traumann — a mesma que
distribui as verbas de publicidade para os patriotas fazerem o trabalho sujo.
Quando não é assim, estão por aí a pedir cabeças de jornalistas aos veículos de
comunicação. E pedem mesmo! Não têm nenhum pudor.
Hora dessas, um dos talibãs do petismo põe em prática, para
valer, o que seus mestres indiretamente recomendam, financiados com dinheiro
público. Como se nota, eles estão perdendo qualquer noção de limite. E vão se
tornar mais violentos e mais virulentos à medida que as eleições se aproximam.
Imaginem do que essa gente não é capaz se for derrotada na eleição
presidencial.
Eu não sei se essa gente deixa o poder em 2014.
Tomara que sim! Se não for agora, será um dia. E estejam certos de que a sua
história será contada no detalhe. O banco de dados já é gigantesco. O Terceiro
Reich era mais ambicioso e violento do que o PT. E deu no que deu. Os “judeus”
com os quais Goebbels prometeu acabar naquele fevereiro de 1933 venceram.
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