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Nomeação de Lula como ministro só depende dele, diz Berzoini


Ex-presidente Lula é visto antes de encontro com senadores do PMDB em Brasília. 9/3/2016. REUTERS/Ueslei Marcelino
BRASÍLIA (Reuters) - O governo da presidente Dilma Rousseff vê com bons olhos a eventual participação de Luiz Inácio Lula da Silva no ministério, embora o ex-presidente, alvo da mais recente fase da operação Lava Jato, resista à ideia.

O ministro da Secretaria de Governo,Ricardo Berzoini, afirmou nesta quarta-feira que o ex-presidente pode assumir um ministério, em meio a notícias sobre essa possibilidade. Segundo Berzoini, uma nomeação depende apenas “de ele (Lula) querer”.

“A bola sempre esteve com ele”, disse Berzoini, ao ser questionado sobre o assunto. “Para o governo é bom. Qual governo não vai querer pôr o Pelé em campo?”, comparou.

Caso assuma um ministério, o ex-presidente passará a ter foro privilegiado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Lula foi o principal alvo da 24ª da Lava Jato, deflagrada na sexta-feira, e foi obrigado a prestar depoimento à Polícia Federal após mandado de condução coercitiva expedido pelo juiz federal Sérgio Moro, que cuida das ações da operação na primeira instância.

O ato de Moro acendeu a luz vermelha no PT e no governo, que passou a ver chances reais de o ex-presidente ser preso.

Até agora, a alternativa mais provável para Lula na Esplanada seria o Ministério das Relações Exteriores, com o qual o ex-presidente tem uma grande afinidade e seria bem recebido pela maior parte dos diplomatas - dentro do Itamaraty, os tempos da pasta durante o governo Lula ainda são lembrados com saudade.

Outra possibilidade seria a Secretaria de Governo, responsável pela articulação política e a cargo hoje de Berzoini.

No entanto, de acordo com duas fontes próximas ao ex-presidente, Lula ainda resiste a voltar ao governo, mas a pressão do PT tem aumentado e estaria surtindo efeito.

De acordo com uma dessas fontes, um advogado amigo de Lula analisou as informações disponíveis no processo da Lava Jato e sinalizou ao ex-presidente que, da forma como a investigação está sendo feita, há indícios de que a intenção é realmente prendê-lo.

"A melhor chance seria ele (Lula) assumir um ministério para o processo ir ao STF e ter um julgamento justo", disse a fonte ligada ao ex-presidente. Ela reconheceu, no entanto, que Lula continua resistindo à ideia por achar que seria uma confissão de culpa e um ato de covardia.
Uma fonte palaciana disse à Reuters que Dilma deixou claro a Lula que o governo está aberto para que ele ocupe o cargo que achar mais adequado e que não é preciso convite, apenas a decisão do ex-presidente.

A ideia de levar Lula para o ministério de Dilma já havia surgido no ano passado, durante a reforma ministerial, justamente para dar foro privilegiado ao ex-presidente, mas não prosperou porque Lula recusou essa possibilidade acreditando que não seria necessário.

O governo sabe que enfrentará enormes críticas se nomear Lula para um ministério com o claro intuito de protegê-lo da Lava Jato, mas avalia que ainda assim é um movimento necessário.

"Seria bom para ele, mas bom para o governo também, que precisa de um apoio na área política", disse a fonte palaciana, que pediu anonimato. "Seria um desgaste para o governo, mas depois passa", acrescentou.

Se virar ministro, Lula perde discurso de vítima e pode ter imagem manchada de vez


Ex-presidente Lula em São Paulo
 4/3/2016 REUTERS/Paulo Whitaker
SÃO PAULO (Reuters) - A notícia de que Luiz Inácio Lula da Silva pode assumir um ministério da presidente Dilma Rousseff para garantir foro privilegiado e se ver livre das garras do juiz Sérgio Moro é um movimento que pode trazer muito mais prejuízo do que ganhos para o ex-presidente e ainda mais para o atual governo.

Se a entrada de Lula no primeiro escalão pode livrá-lo efetivamente de uma suposta pretensão de Moro vê-lo atrás das grades, sua consumação tiraria do ex-presidente o discurso de vítima e indignação que usou tão bem na semana passada, após ser levado pela Polícia Federal para prestar depoimento sob condução coercitiva.

Alvo da fase da operação Lava Jato lançada na última sexta-feira, Lula disse ter se sentido "ofendido", "magoado", "ultrajado" e "prisioneiro". Disse que teria prestado depoimento voluntariamente caso fosse chamado por Moro, como já tinha feito antes.

Ao mesmo tempo que se colocou como vítima, também estimulou a militância petista e seus apoiadores, dizendo que a partir daquele momento estava disposto a "andar este país".

"Se tentaram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo, a jararaca tá viva como sempre esteve", disse Lula, deixando clara a intenção de concorrer novamente à Presidência.

Depois disso, o ex-presidente teria dito a interlocutores: "A partir de agora, se me prenderem, eu viro herói. Se me matarem, viro mártir. E, se me deixarem solto, viro presidente de novo”.

Virar ministro a essa altura dos acontecimentos jogaria por terra praticamente todo esse discurso. Com o cargo, qualquer investigação ou ação judicial contra Lula teria que passar pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tirando de Moro a competência para o caso.

Ainda que Lula pudesse falar em arbitrariedades e perseguição da Lava Jato, o movimento seria visto como um sinal claro de desespero e, para seus adversários e não só eles, como uma forma de assunção de culpa.

Se fosse para assumir um ministério, Lula deveria ter feito isso em agosto do ano passado, quando essa possibilidade veio à tona. Na ocasião, a justificativa oficial era de que sua entrada formal na administração Dilma, provavelmente no Ministério das Relações Exteriores, seria uma forma de fortalecer a coordenação política do governo.

Não se escondia mesmo naquele momento que o óbvio ganho do foro privilegiado seria de certa forma um embaraço, mas pelo menos a Lava Jato ainda se encontrava relativamente distante de Lula, embora muitos de seus aliados já dissessem que o alvo real da operação era o petista.

Agora não se trata mais de simples discurso petista. A Lava Jato está efetivamente investigando Lula e há quem diga que sua condução coercitiva na última semana não passou de um teste para a força-tarefa de Curitiba no caso de uma futura prisão do ex-presidente.

Para o Palácio do Planalto, o estrago não seria menor com Lula ministro. Combalido por uma baixíssima popularidade em um cenário de desemprego em alta, inflação elevada e enfrentando um processo de impeachment contra Dilma, o governo passaria mais uma imagem de desrespeito com a coisa pública ao usar a nomeação para o ministério como uma forma de fuga da Justiça.

No caso de Lula, o movimento não seria uma garantia definitiva. Primeiro porque se Dilma sofrer o impeachment, Lula perderia o ministério.

Mais do que isso, se afinal houver provas mesmo contra o ex-presidente, não há por que imaginar que o Supremo deixaria de condená-lo, ainda que num ritmo processual muito mais lento do que o de Moro.


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Alexandre Caverni  é editor de Front Page do Serviço Brasileiro da Reuters. As opiniões expressas são do autor do texto.

Lula pode ser MINISTRO, com foro privilegiado


Nossos amigos que andam pelos corredores o Palácio nos contaram que por lá só se fala na possibilidade de Luiz Inácio, o jararaca, o tribom, assumir um ministério, de preferência o das Relações Exteriores.

Isso tornaria o ex-presidente imune ao processo em Curitiba, pois lhe daria foro privilegiado. Dilma reluta, Lula no governo inevitavelmente ocuparia o protagonismo que por direito seria seu.

LULA nega e diz que não foi convidado por DILMA, o que em parte é verdade, já que DILMA não concorda, a ideia partiu de membros da assessoria da Presidente. Contudo, isolada e prestes a cair, a presidente aceita todas as ordens de qualquer um que diga que pode salvá-la.

É obvio que Luiz Inácio diz que não quer. Mas, já pensa SIM na possibilidade de aceitar o cargo. Ele não acredita que seria chamado de covarde ou coisa do TIPO e, se aceitar, vai dizer que o fez porque o Brasil o chamou de volta ao trabalho e que o fez porque não poderia deixar a democracia ruir.

Eles têm confiança que a cabeça da militância já foi feita a ponto de todos acreditarem que há uma conspiração universal contra o PT. Não foi a toa que os MILITARES foram citados em todas as publicações chapa branca durante essa semana.

As redes sociais e militância serão observadas no sentido de descobrir qual será opinião e consequente reação da sociedade se LULA se “esconder” no Ministério das Relações Exteriores.


A Sociedade Militar acha que Moro e o Ministério Público federal devem se apressar.

quarta-feira, 9 de março de 2016

De Sun-Tzu, Musashi, Clausewitz e Lula – “SEM MEU COMPASSO”


Sun - Tzu (544 a.C. - 456 a.C.)
Dos grandes mestres da Estratégia Militar que nos legaram textos admiráveis, hoje aplicados frequentemente no mundo dos negócios, três são os mais conhecidos: Sun - Tzu (544 a.C. - 456 a.C.) – general, estrategista e filósofo chinês, autor da Arte da Guerra, em cujo 11º de seus treze capítulos enumera os nove tipos de terreno em que um combate pode se processar: dispersivo, fácil, litigioso, descampado, cruzado, grave, difícil, sitiado e desesperador; Miyamoto Musashi (1584 - 1645) - famoso samurai japonês, criador do estilo de luta com duas espadas chamado Niten Ichi Ryu e escritor do tratado sobre artes-marciais conhecido como o Livro dos Cinco Anéis, cada um descrito num dos cinco capítulos da obra: a Terra, a Água, o Fogo, o Vento e o Vazio; e Carl Phillipp Gottlieb von Clausewitz (1780 - 1831) - afamado general prussiano, grande estrategista militar e teórico da guerra, autor da aplaudida obra Vom Kriege (Da Guerra) e do menos conhecido Princípios da Guerra.

Miyamoto Musashi (1584 - 1645) 
Esses Princípios podem ser vistos como ideias gerais, fundamentos, conceitos amplos, falíveis, e não como regras rígidas, determinísticas. Ninguém tem dúvidas sobre quantas são as cores do arco-íris, as maravilhas do mundo antigo ou os pecados capitais; mas não há consenso universal sobre a quantidade de Princípios de Guerra. Criei o acrônimo “SEM MEU COMPASSO” considerando quatorze deles, cujo emprego observei durante minha carreira militar. Entretanto, fontes que consultei mostram muitas variações, entre Forças Armadas de diferentes países, quanto aos Princípios que cada uma adota.  Assim, no Brasil, a Doutrina Militar de Defesa, em seu subitem 5.3 – Princípios de Guerra, elege doze deles. O Reino Unido consagra dez. Nos EUA, a Marinha observa doze, enquanto a Força Aérea e o Exército (assim como o de Portugal) seguem nove. A antiga União Soviética adotava dez, e a França, curiosamente, apenas três.

Carl Phillipp Gottlieb von Clausewitz 
(1780 - 1831)
São eles: “SEM” - Segurança, Economia de Meios, Massa; “MEU” - Manobra, Exploração do Êxito, Unidade de Comando; “COMPASSO” - Controle, Objetivo, Moral, Prontidão, Apoio Mútuo, Surpresa, Simplicidade, Ofensiva. Naturalmente, há quem considere alguns mais importantes que outros, mas dada a subjetividade do tema, prefiro não abrir esse debate.

Têm-me vindo à mente essas considerações, desde a última sexta-feira (04/03), ao assistir reiteradas vezes às perorações do ex-presidente Lula contra a Operação Lava-Jato e às ações subsequentes que desencadeou, no sábado e hoje.

Primeiro lembrei-me de Sun-Tzu, quando nos fala da importância da escolha do terreno para se combater; Lula escolheu seu próprio terreno para dar partida ao combate com que parece querer incendiar o Brasil.

A seguir, evoquei Musashi, que considera difícil enxergar-se o Verdadeiro Caminho através apenas do treino com a espada, advertindo que devemos observar e conhecer as menores e as maiores coisas; tanto as mais superficiais e óbvias quanto as mais sutis e profundasIsso é o que devemos fazer, se quisermos entender e neutralizar a real ameaça nacional e internacional que vem de Lula, do PT e do Foro de São Paulo.

Por fim, pareceu-me identificar, em cada gesto de Lula, a aplicação dos Princípios da Guerra, como definidos por Clausewitz:

- mal foi liberado pela Polícia Federal, partiu para o ataque, demonstrando eloquentemente dominar o “Rei dos Princípios” – o da Ofensiva (1); só ela conduz à vitória, ou “quem não faz, leva”;

- investiga-se a ocorrência de vazamento que permitiu a “limpeza” do Instituto Lula; ou seja, Lula informou-se previamente sobre o “inimigo” e protegeu suas próprias informações – eis a essência da Segurança (2), a que se associa a “Rainha” dos Princípios – a Surpresa (3) com que foram brindados os policiais, pela busca pouco frutífera;

- mobilizou, de início, contingentes de militantes, organizados e doutrinados, para ação em pontos sensíveis, como sua residência – claramente, aplicava a Manobra (4); pela rapidez com que isso se deu, constatou-se que, entre os petistas, viceja a Prontidão (5); mais tarde, em outros locais, como Sindicatos, multiplicou essas presenças, enriquecendo-as com personalidades conhecidas e influentes – nada mais, nada menos, do que o uso da Massa (6);

- acolheu a visita de Dilma, no que praticou o Apoio Mútuo (7), eis que permitiu a ela “sair das sombras” e recuperar em parte sua notoriedade; mas nisso, deixou claro que a direção do PT  e das ações é exclusivamente dele – leia-se Unidade de Comando (8);

Simplicidade (9) e Economia de Meios (10) – foi o que se viu na eleição dos métodos para disseminar seus discursos populistas: só ele falava, ovacionado por uma claque de camaradas fanatizados e remunerados, em seus habitats naturais;

- ao prosseguir as ações no sábado e no domingo, caminhando em meio a seus acólitos, estava, de um lado, exercendo a Exploração do Êxito (11) da véspera, e, de outro, assegurando-se de que os resultados antevistos na sexta-feira estavam saindo como previstos – isso é Controle (12).

- e por fim, ao incitar seus seguidores a se mobilizarem por todo o País, dando-lhe palanque para reerguer as figuras dele e do próprio PT, relançou-se candidato à Presidência em 2018 – eis o “Grão-Duque” dos Princípios – o Objetivo (13).

Faltou-lhe, porém, e por todo o sempre lhe faltará, um décimo-quarto Princípio: o Moral, não em sua acepção masculina, que define o estado de ânimo, ou a atitude mental, de um indivíduo ou de um grupo, e se reflete na conduta dos mesmos, pois esse, ao que se viu na mídia, parecem, Lula e o PT, ter de sobra, ainda que falso, ao menos por enquanto.
Já a acepção feminina – a Moral, que anda de braços dados com a Ética, é o que mais lhes falta. Ética  é o conjunto de valores e princípios utilizados para avaliar e decidir quanto a três grandes questões da vida:dever, querer e poder (há coisas que “quero mas não devo”, outras que “devo mas não posso” e ainda outras que “posso mas não quero”); e não há ninguém sem ética; há, sim, “Éticas” diferentes, pelo que chamamos de “aético” quem se serve de uma “Ética” diferente da nossa. Já a “Moral” é um comportamento, é o exercício de uma “Ética”. A quem se ajusta à nossa, adjetivamos de moral; quem não o faz, consideramos imoral; e quem, como as crianças e os doentes mentais, não tem discernimento para exercer qualquer “Ética”, é amoral.

Parece ser esse o quadro que enfrentamos hoje no Brasil – ausência indiscriminada de moral (feminina), circunstância que, adequadamente enfrentada, levará os detratores da Pátria à perda do que ainda lhes resta de (falso) moral (masculino).

Ainda há tempo de reagir. Para tal, mister é conhecer antes o inimigo – o que procurei fazer aqui -  e a nós mesmos. Afinal...

“Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de mil batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas” (Sun – Tzu).

O inimigo tomou a iniciativa. Reagir ou não é decisão exclusivamente nossa. A hora é agora.


Fonte: Clube Naval


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Gil Cordeiro Dias Ferreira é Capitão-de-Mar-e-Guerra (Fuzileiro Naval) Reformado.