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Dilma revela que chimpanzés e orangotangos não são fofoqueiros


No fim da entrevista publicada pela Folha nesta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff diz o seguinte:

“Li um livro muito interessante sobre fofoca: Sapiens, Uma Breve História da Humanidade. E uma das coisas que ele diz, sabe qual é? Que nós humanos criamos vínculos sociais. E uma das coisas que mais unia era fofoca. Uma coisa que nos distingue, que chimpanzé não faz. Orangotango não faz. Fazemos nós só”.

O palavrório em dilmês castiço contém três revelações relevantes:

Primeira: Confusa com o presente e assustada com o futuro, a descobridora da mulher sapiens continua refugiada no tempo das cavernas.

Segunda: Naquele tempo, fofoca era um instrumento de união entre parentes e vizinhos.

Terceira: Ao contrário de homens e mulheres, pelo menos duas espécies de macaco não fazem fofocas.

Agora só falta Dilma esclarecer se isso acontece porque chimpanzés e orangotangos são mais gentis e educados que seus primos fofoqueiros ou simplesmente porque os bichos não falam.


Por enquanto, fofocar sem palavras é coisa que nem um Aloizio Mercadante consegue.

Sem renda e crédito, não há consumo que cresça




O total de dinheiro emprestado pelos bancos parou de crescer. Para ser mais preciso, de um ano para cá cresceu 0,3%, se descontada a inflação. Quer dizer, praticamente nada. Como o total da renda tem caído também, assim como a confiança dos consumidores no futuro, percebe-se o tamanho do problema. Com renda, confiança e crédito em queda, não há como o consumo crescer.

Na outra recessão mais recente, a de 2009, a renda caiu rapidamente depois do estouro da crise de 2008, nos Estados Unidos. Houve muita demissão. Mas a economia brasileira em geral estava em boa forma. O crescimento crédito dos bancos privados mergulhou para zero também, mas os bancos públicos emprestaram mais, pois também tinham o colchão do governo para arrumar dinheiro extra para emprestar.

Agora, o governo está na pindaíba, e o crédito nos bancos públicos, BNDES, Caixa e Banco do Brasil, cresce ainda, mas cada vez mais devagar, não o suficiente para compensar a retranca dos bancos privados. O total de crédito na economia não recuava tanto assim desde 2003.

As taxas de juros também estão além da lua. Em 2008, os juros básicos estavam tão altos como agora. Mas caíram rapidamente, em seis meses, ajudando a atenuar a recessão de 2009, que foi rápida e pequena. Agora, os juros vão continuar a subir até pelo menos o início de 2016.

As taxas para o consumidor estão ainda mais assustadoras. Os juros no cheque especial estão em 247% ao ano, na média. Não estavam tão altos assim desde 1995, quando o país ainda saía da hiperinflação. Faz 20 anos. Com juros de 247% ao ano, quem toma emprestado 1.000 reais no cheque especial, em um ano estará devendo quase 3.500. Não dá nem para pensar. Quem entrou no cheque especial, tem de tentar arrumar um empréstimo consignado, mais barato, ou até familiar, para sair disso, que é desgraça certa.


Se o crédito não cresce e os salários no total caem, como se sai deste buraco? A queda da inflação pode ajudar um pouco, a partir do final do ano. O real desvalorizado pode ajudar a gente a produzir mais aqui, em vez de comprar importados. Mas o mais importante mesmo é que venha um aumento de investimento das empresas, que depende muito da arrumação da confusão política e das contas do governo na pindaíba. Ainda está longe de acontecer.

As manchetes que são escondidas... E o espetáculo da mediocridade



Manchetes nos grandes portais na terça-feira: "Na CPI, Youssef e Costa confirmam propinas para Aécio e Sérgio Guerra".

"Youssef diz que Lula e Dilma sabiam do esquema Lava Jato".

Nada disso está nas principais manchetes de jornais dessa quarta-feira... Empate.... O debate público, alimentado e alimentador de tanto, e tão pouco, é medíocre.

O governo é medíocre e, junto com o país, segue afundando. A aliança de oposição se porta de forma medíocre. Como mostra na Câmara ao votar contra seu próprio ideário.

Nas ruas, em meio a multidões que exercem o direito de se manifestar, essa oposição se deixa comandar por Revoltados e similares, ainda mais medíocres.

O debate público visível reproduz uma lógica que paralisa o país. A lógica binária, do "ou isso, ou aquilo", que há uma década reduz 200 milhões de habitantes a 20 figuras, se tanto.

Nas manchetes, tais figuras se revezam num debate tão imoral quanto a imoralidade: quem roubou, ou rouba, mais. Ou menos.

Dos atores que pontificam sobre corrupção nas manchetes, boa parte não resiste às próprias biografias.

Milhões embarcam nesse alarido redutor de tudo, que é hipócrita e profundamente revelador da dimensão da mediocridade.

Empreiteiros que operam Brasil afora, também junto a governadores e prefeitos, estão presos. No debate público se procura mapear o que há de sistêmico nas ações corruptas e corruptoras? Não.

Cada lado desse mundo binário, e suas torcidas, supõe desmoralizar apenas "O Inimigo". Aos olhos da multidão, avacalham-se mutuamente.

Para tanto, e tão pouco, esse debate conta com estrelas de ocasião. Esse contubérnio de egos produz reveladora tomografia.

Uma gente que buscava o palco anunciando-se de "esquerda" -quando isso era moda- hoje serve, e serve-se à direita mais extrema.

Gente que servia a direita quando isso era modo de vida, agora fatura num arremedo de esquerda.

O país?... Sem um súbito surto de grandeza, individual ou coletiva, não tenhamos ilusões.

Sem romper esse circuito de interesses medíocres, o que se seguirá é apenas mais do mesmo... Mais mediocridade.

Dilma libera "emendão" para retadar impeachment



Com Temer fora da articulação política e com oposição costurando uma estratégia pro-impeachment restou ao governo abrir a carteira para evitar nova rebelião no Congresso.

Os indignados de Catanduva mostraram à presidente sem rumo a cara do Brasil real


Cerca de 300 moradores da cidade saíram às ruas em protesto contra 
o governo federal. 25 de agosto de 2015

Incluída na rota dos comícios com plateia garantida pela inauguração de algum ajuntamento incompleto do Minha Casa, Minha Vida, a cidade de Catanduva (120 mil habitantes, a 400 quilômetros de São Paulo) não desperdiçou a chance de mostrar a Dilma Rousseff e sua turma, nesta terça-feira, a cara do país real. O comércio fechou as portas já de manhã. Centenas de manifestantes marcharam pelas ruas cantando o Hino Nacional ou resumindo a indignação e a  esperança da resistência democrática na palavra de ordem que contagia o país: “Fora, Dilma”.

O vídeo reafirma que a farsa acabou.