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domingo, 19 de julho de 2015
CARIDADE, POBREZA E DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Por Percival Puggina
Se formos buscar nos Evangelhos algumas réguas para
aferir os valores segundo os quais nos devemos conduzir, veremos que a régua da
caridade, do zelo pelos mais necessitados, serve como medida do amor a Deus.
Nenhum cristão negará essa realidade ao mesmo tempo material e espiritual. No
entanto, o pobre dos Evangelhos é, principalmente, o carente de Deus. E é
também, entre muitos outros aspectos, o materialmente pobre, o necessitado de
afeto, de justiça, de liberdade, de oportunidade. Desconhecer isto é uma
primeira e muito comum perversão do sentido evangélico da palavra
"pobre" e da situação da pessoa humana a ela correspondente.
Infelizmente, muitos alegam encontrar, nos Evangelhos,
inspiração para uma visão sociopolítica do pobre. O pobre das Escrituras, nessa
hipótese, não seria uma pessoa concreta, mas uma classe social. Mais um passo,
e ele muda de nome, tornando-se o "excluído" da teologia da
libertação. É fácil perceber onde se quer chegar com a substituição do vocábulo
por um suposto sinônimo. Dizer-se "excluído" implica a ideia
simétrica do "incluído", ou seja, de alguém que ocupou determinado
espaço e rejeita a presença do outro. É o que sugere Lula, por exemplo, cada
vez que coloca um suposto pobre num suposto avião e diz que os demais
passageiros, supostamente, não o querem ali. Não há limite para a demagogia do
multimilionário Lula. E não há limite para a malícia sociopolítica, supostamente
religiosa, da teologia da libertação. Esta é uma segunda perversão envolvendo o
mesmo conceito.
Uma terceira corresponde ao culto à pobreza material
como um bem em si. Nessa perspectiva, muito comum, tudo se passa como se o
empenho individual ou coletivo para sair de uma situação de carência material
em direção a uma vida com maior dignidade e bem-estar fosse desvio de
finalidade da existência humana e não um bem a ser buscado. Afirmo, aqui, o
oposto: o ser humano não foi criado com tantos dons físicos, espirituais e
intelectuais para se nutrir num pomar e se vestir com folhas de parreira.
Uma quarta perversão - e talvez a socialmente mais maléfica
- é a que procura enfrentar a pobreza mediante políticas e sistemas econômicos
que a conservam, reproduzem e aprofundam. Refiro-me ao igualitarismo percebido
como ideal de vida social, cujos péssimos resultados se tornam nítidos nas
experiências comunistas. Em nome da igualdade, mata-se a riqueza na sua fonte.
Solapa-se a iniciativa dos indivíduos e das comunidades. Cerceia-se a liberdade
de criação, condena-se o mérito e planeja-se a mediocridade. Se a igualdade é o
objetivo, a pobreza de todos não perturba os adeptos dessa estranha ideologia
que se diz protetora e defensora dos pobres.
A sociedade contemporânea já demonstrou, com excesso de
evidências, que o modo mais eficiente de promover o desenvolvimento social, sem
prejuízo da caridade, da solidariedade e do amor cristão ao próximo, exige:
zelosa formação de recursos humanos, através da educação; inserção dos
indivíduos de modo eficiente na vida social, política e econômica; segurança
jurídica e atividades produtivas desempenhadas em economia livre, de empresa.
Só são contra isso os que têm mais ódio ao materialmente rico do que amor ao
materialmente pobre. Cegos pela ideologia, semeiam o que dizem combater:
pobreza material e crescentes desníveis sociais.
__________________
Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense
de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site
www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no
país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e
Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
O SAMBA DE SWING NEGRO COM CHAPA BRANCA
Por Percival Puggina
Chinchila Productions, com Augustinho da Adelaide (música) e
Felipe Moura Brasil (letra) denunciam, em samba, artistas que bajulam o governo
petista e dele se beneficiam. Você verá muitos conhecidos puxa-sacos do governo
petista, nesse vídeo de 3 minutos.
A Continência
Inadmissível, sectária, ignorante, lamentável, tendenciosa e
outros tantos adjetivos similares que se possa relacionar, a grita com que
parte da Mídia e de várias Organizações Sociais, em especial, aquelas que
externam seus ódios e fanatismos via Redes na Internet, trataram o assunto da continência que muitos atletas
brasileiros, no pódio dos vencedores em Toronto, prestaram ao Hino e à Bandeira
Brasileira.
Trata-se de um procedimento tradicional, justo e respeitoso
que, ao contrário do "senso comum" atualmente vigente em nosso tão
maltratado país, onde a moralidade vem sendo
destruída pelos interesses pessoais, pela incompetência e pela luta pelo
poder a todo custo, conformados por corrupção nunca vista, com o qual as Forças
Armadas respeitam e respeitarão sempre nossos Símbolos, ao contrário do que
ocorre com o fanatismo e a triste devoção de parcela do nosso povo e de dirigentes (com exceções que apenas
confirmam a regra), que certamente prefeririam substituir o verde e amarelo
pelo vermelho, com suas estrelas, foices e martelos que nos acostumamos a ver
prevalecer em alguns protestos e até
atos oficiais.
A solenidade de posse da atual presidente, em janeiro
último, foi um claro exemplo desse
lamentável desrespeito aos mais caros Símbolos Nacionais. Bandeiras vermelhas
portadas pela grande maioria dos
assistentes, sobrepujavam, em grande número, a verdadeira Bandeira Nacional.
Felizmente, os cerca de 130 atletas que compõem parte da
Delegação Brasileira pertencem à Marinha, ao Exército e à Aeronáutica,
Instituições que desfrutam de alta,
merecida e reconhecida credibilidade
junto à sociedade nacional, e que, indubitavelmente, têm relevante parcela de
colaboração e apoio no sucesso obtido por eles.
Cá com meus botões, penso que se o Pavilhão Nacional fosse
substituído pela bandeira do PT ou de qualquer outro símbolo "socialista
bolivariano" que representasse a Grande Pátria Latino Americana que teimam
em tentar construir e impor, a continência dos atletas seria entusiasticamente
aplaudida por muitos dos que hoje
injustamente os criticam. Nosso país carece de urgente, extensa e profunda
revisão moral, ética e educacional, em resumo de uma outra "Pátria
Educadora" que não conseguimos, os brasileiros instruídos, bem informados
, patriotas e nacionalistas, hoje vislumbrar no modelo que o Governo, em
pedalada de marketing, nos empurrou.
Assim como está, só nos resta reconhecer - Pobre Brasil!!!!!
____________________
Nelsimar Moura Vandelli é Coronel da Reserva do EB.
Dilma não é vítima de coisa alguma
O historiador Boris Fausto: "Dilma está na corda
bamba"
(Raquel Cunha/Folhapress)
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Historiador analisa o atual cenário político e diz que o
brasileiro não se sente representado pelos eleitos. Sobre as chances de Dilma
deixar o poder, afirma: 'Há muito mandato e muita acusação pela frente...'
"Lula inventou uma pessoa que evidentemente está
aquém da capacidade de governar o país"
Em março de 2004, o historiador Boris Fausto analisou em
entrevista a VEJA os desdobramentos do caso Waldomiro Diniz, primeiro de uma
escalada de escândalos com que o país lamentavelmente acostumou-se a conviver
desde que o Partido dos Trabalhadores chegou à Presidência da República. Na
época, porém, os brasileiros não imaginavam que os corredores do Planalto
escondiam muito mais do que um assessor corrupto, mas um megaesquema de compra
de votos de parlamentares - o mensalão, só seria descoberto um ano mais tarde.
Ainda assim, o autor de estudos clássicos como Revolução de 30 e Crime
e Cotidiano já alertava para o "risco de desmoralização do
partido mais sólido do Brasil" - e para os efeitos disso no campo das
ações sociais, bandeira histórica da legenda. Onze anos e dezenas de escândalos
depois, Fausto analisa, em conversa com o site de VEJA, os efeitos da crise que
parece sem volta na qual o governo Dilma Rousseff mergulhou. Ao analisar como
os anos de governo do PT devem entrar para a história, Fausto afirma que os
estragos provocados pela corrupção são graves o suficiente para ofuscar os
resultados das ações sociais. "O que vai prevalecer no futuro: os
inegáveis ganhos sociais ou a imagem de todos os escândalos associados ao
PT?", diz. Leia a entrevista ao site de VEJA.
Quão grave é a crise que o governo atravessa hoje? Há
semelhanças entre essa e as que culminaram nas quedas de Jango e Collor?
São
situações bem diferentes. O que elas têm em comum é a gravidade. As duas
primeiras, de formas diversas, acabaram resultando na queda dos presidentes.
Ainda não temos elementos suficientes para saber como esta vai terminar. Mas o
fato de a presidente Dilma Rousseff ter concedido uma entrevista na qual diz
que não vai cair revela uma situação em que ela e o Executivo estão, para usar
uma linguagem do boxe, contra as cordas.
Diante das críticas, a presidente recorre com frequência
a analogias sobre o período em que foi torturada pelo regime militar. O que
isso representa para a imagem dela?
Em relação àquela época, pode-se
até discordar da forma de luta armada contra o regime, mas essa é uma
circunstância absorvida pelo tempo. O que prevalece é que ela e milhares de
brasileiros tiveram uma atitude corajosa de enfrentar dessa ou daquela maneira
a ditadura. Mas a utilização desse passado como tentativa de valorizar ou
reforçar a imagem da presidente hoje é um problema. Isso porque a situação é
completamente outra. Dilma não é, atualmente, vítima de coisa alguma. Quando
torturada nos porões da ditadura, sim. Hoje ela apenas é responsabilizada por
comportamentos e decisões, para dizer o mínimo e ser bem leniente, muito
discutíveis. É outra situação. E isso é uma demonstração de fraqueza muito
grande - inclusive, o reconhecimento da gravidade da situação em que ela se
encontra. Um presidente que vem a público pra afirmar "eu não vou
cair" é porque está na corda bamba.
Há de fato chance de Dilma não terminar o mandato?
Falta
tanto tempo e a crise é tão grave que chance há. Essa história do impeachment vai
depender de muitas coisas. É uma espécie de onda que vai e vem. Essa onda é
muito rápida: com frequência parece que chegamos a um paroxismo, que não vai
haver saída, e depois há certo arrefecimento. Mas há muito mandato e há muita
acusação por ai...
Nesse cenário, qual o papel da oposição? O próprio PSDB
não se entende sobre essa questão...
O PSDB se modificou muito internamente,
não do ponto de vista de quem o apoia, já que ele sempre foi um partido de
classe média. O que acontece é que o partido tinha uma posição razoavelmente
clara em outra época, em outro período. Tinha figuras politicas
representativas, como Mário Covas, Franco Montoro, e figuras relativamente mais
novas, como Fernando Henrique Cardozo. Mas a falta de homogeneidade interna se
acentuou ao longo dos anos. O partido não soube ficar na oposição e, agora,
quando teria todas as condições de captar o descontentamento popular, é um
partido que as pessoas vêm com muitas restrições. Não é possível ser entusiasta
do PSDB.
Falta coerência ao partido?
Claro. Tome-se a
votação que derrubou o fator previdenciário como um exemplo de oportunismo.
Entre ser coerente com o que fez no passado ou atacar o PT, preferiu-se a
segunda opção. Quando você prefere uma circunstância oportunista de ataque, é
muito desmoralizante.
Aécio Neves teve mais de 50 milhões de votos no ano
passado e saiu do pleito como nome forte para liderar a oposição. Ele conseguiu
fazê-lo ou o país ainda carece dessa liderança?
Não o fez e não sei se
vai conseguir. As pessoas têm limites. Não é uma questão de culpa, é uma
questão de aptidão. Eu o acho melhor que os outros, inclusive votei nele, mas
sua capacidade de liderar é limitada por uma série de fatores, pessoais
inclusive. Não tem uma postura de quem está se forjando como líder, vai
entusiasmar e ditar rumos. Isso é difícil, depende de muito talento.
Ao término de sua mesa na Festa Literária Internacional
de Paraty (Flip), o senhor foi bastante aplaudido quando criticou tanto governo
quanto oposição. O brasileiro está descrente da classe política?
Sim.
Existe sim uma descrença em relação aos políticos e instituições: o Congresso
Nacional em primeiro lugar, mas hoje também o Executivo. O Congresso esgotou,
pelo menos nessa conjuntura, a capacidade de representação da cidadania. Já o
Executivo entrou em crise com uma série enorme de acusações, como nunca se viu
na história deste país. Salva-se o Judiciário, que tem avançado. Salvam-se
órgãos como o Ministério Público e a Polícia Federal. Mas isso tudo se dá num
clima de muita desesperança porque, no fundo, os órgãos especificamente
políticos entraram em crise.
Embora essa crise atinja também o Congresso, é ele quem
tem ditado a agenda política nacional. Nosso Parlamento evoluiu ao longo dos
anos?
O Congresso ganhou uma relevância, nesse momento, que não tinha
quando o Executivo estava forte. Quando a presidente ou o presidente, no caso
do Lula, era forte, o Congresso tinha uma posição de quase subordinação em
relação ao Executivo. Isso acabou por força do desprestigio, da fraqueza do
Executivo. Mas não acredito que do ponto de vista da legitimidade, dos
senadores e deputados realmente representarem a cidadania, as coisas tenham
mudado muito. Já me chamaram em certa ocasião de saudosista quando eu disse o
que vou dizer, mas não é uma questão de saudosismo, trata-se de uma
constatação. O Parlamento no período democrático que começou em 1945 e findou
com o golpe de 1964 era muito mais representativo, tinha muito mais qualidade.
Os partidos tinham mais significado ideológico, tinham mais significação,
enfim, tudo considerado, aquele parlamento era melhor do que esse.
O senhor se lembra em algum momento na história de algum
presidente da Câmara como Eduardo Cunha?
Não. Eduardo Cunha é sui
generis. Ele conhece bem o regimento, brinca com ele, faz manobras
heterodoxas. Ele está aparecendo com destaque nesse momento, mas o percurso
político que vai seguir é difícil de prever. É bom lembrar que ele está sendo
investigado no Supremo Tribunal Federal, o que não é confortável...
O Brasil vive hoje uma onda conservadora?
Claramente.
Em terrenos como a questão do aborto, do casamento gay e da separação de Igreja
e Estado, que vem sendo arranhada com muita frequência, o retrocesso é
evidente. Não que o país já não fosse conservador, mas isso está se acentuando.
Esse quadro tem muito a ver com o avanço das denominações religiosas
evangélicas e da criação de uma bancada evangélica bastante forte, além da
característica geral do Congresso que foi eleito em 2014.
O ambiente político hoje permitiria ao país enfrentar um
processo de impeachment sem risco à consolidação da
democracia?
Nesse momento, a não ser que decisões do TCU e do TSE
agravem muito mais a situação e o Congresso se mova a reprovar contas, eu não
creio, apesar de toda essa gravidade, que estejamos caminhando para um impeachment.
Mas esse é um processo previsto em lei. Se houver fundamento, ele terá
legitimidade. É, contudo, uma operação traumática, difícil. Será um momento
delicado, como é delicada a atual situação. É difícil saber como o país se
comportaria. Se a situação se arrastar ao longo do próximo ano e,
eventualmente, houver impeachment, quem ganha com isso é o Lula.
De que maneira?
Se isso acontecer - e estou
falando como hipótese -, haverá protestos e o PT se utilizará do discurso, como
já vem fazendo, de que houve golpe e a presidente foi vítima de uma conspiração
da direita. Mas com o passar do tempo, o cenário ficará mais favorável ao Lula.
Seria possível separar com mais facilidade as figuras dele e de Dilma,
sobretudo pelo reforço da ideia de que os tempos do ex-presidente eram outros,
sem crise na economia, por exemplo. Hoje Lula está numa posição difícil, e se
fossem convocadas eleições neste ano é muito duvidoso que ele conseguisse
reverter a situação negativa, o "volume morto", em que se encontra. A
hipótese mais provável em caso deimpeachment, contudo, é a de que o
vice-presidente Michel Temer assuma o Planalto até 2018. Dessa forma, o quadro
pode pender para uma virada em que o Lula volte a aparecer como figura muito
forte. A longo prazo, a constatação de que Dilma sucumbiu aos próprios erros
podem descolar sua imagem da de Lula. A queda da criatura ajuda o criador. Mas
é preciso dar tempo ao tempo.
Como esses mais de dez anos de governo do PT serão
lembrados?
A imagem das gerações futuras é dada pela transmissão de
conhecimento. Portanto, precisamos nos perguntar se o que vai prevalecer são os
inegáveis ganhos sociais ou a imagem de todos os escândalos, como nunca houve
na história deste país, associados ao PT. Não se deve negar os ganhos no
terreno social, mas é preciso dizer que os males causados pelo partido nas
instituições, na decência administrativa, são de tal ordem que indicam uma
apreciação negativa desses anos no futuro.
E Dilma, a primeira mulher na Presidência da República,
como entrará para a história?
Sou muito a favor do ingresso das
mulheres na politica, mas a essa altura isso não tem muita importância. O que
prevalece é que o Lula inventou uma pessoa que evidentemente está aquém da
capacidade de governar o país.
As vacas não voam
Por Diogo de Almeida Fontana
O que eu vou fazer, tal qual os dissidentes do Leste Europeu, é ignorar essa
lei cretina e impossível de ser cumprida.
Era com pequenos atos de desobediência que os dissidentes do comunismo
combatiam os governos que os oprimiam. Se o regime inventava uma lei
estapafúrdia que mandasse afixar uma foto do presidente nas lojas ou hastear
uma bandeira na porta de casa numa data qualquer, os dissidentes ignoravam,
agiam como se não houvesse lei, como se nada acontecesse. Faziam-no pondo em
risco a vida e a liberdade, como no caso do poeta cubano Armando Valladares,
jogado numa prisão por duas décadas porque se negou a colocar a plaquinha “Estoy
con Fidel” na mesa de trabalho.
Os dissidentes não eram minoria entre um povo de entusiastas
do regime; pelo contrário, eram a face corajosa da maioria cansada de ser
oprimida pela elite comunista de bandoleiros, psicopatas, nulidades e ladrões
que lhes impunha seus caprichos ao custo da destruição econômica e moral dos
países.
Soa familiar, não é?
Todas as leis precisam ser aplicáveis. De nada vale legislar
para que vacas voem ou para que Lula se torne um homem culto e elegante. Um
mandato parlamentar não confere a ninguém o poder para dobrar a estrutura da
realidade. Leis absurdas, sem sentido ou de impossível aplicação, que
contrariam o bom senso e a sanidade, são leis obscenas e, na última instância –
a divina –, inválidas. Nenhum povo, por mais submisso que seja, pode aguentar
indefinidamente governantes que o humilham com a imposição da loucura na forma
de lei. Ainda mais quando esses governantes escarnecem desse povo e enchem o
bolso com o seu dinheiro.
Digo tudo isso porque a senadora potiguar Fátima Bezerra
(petista, é claro) inventou o PLS 49/2015, que proíbe os varejistas de
concederem descontos maiores que 10% na venda de livros durante um ano. Em
outras palavras: num momento de recessão brutal, a mulher arroga-se autoridade
para limitar as condições de venda de todos os livros novos comercializados
nesta nação continental de 200 milhões de habitantes.
Num caso assim, entrar no mérito da questão é até errado:
não dá para legitimar o debate sobre uma lei maluca que não passa de prelúdio
para a estatização do setor. Hoje o Estado determina o preço; amanhã, o lucro;
depois de amanhã, o conteúdo. Discutir é bobagem; este PLS deveria ser
rejeitado em bloco e qualquer um que o propusesse a sério, recebido com o
tilintar de um panelaço. Ninguém suporta mais os políticos de Brasília.
Qualquer coisa que venha desse partido que nos governa tem de ser descartado de
imediato, atirado fora sem pestanejar. Depois do estrago que os petistas
fizeram, eles não têm moral para ditar regras sobre nada, para querer mandar em
ninguém. Deveriam apenas juntar suas coisas e ir embora; parar de atrapalhar
quem trabalha seriamente.
Não vou combater o PLS 49/2015. Que o aprovem! Há tempos o
Senado não faz senão inventar leis contrárias ao interesse da maioria dos
brasileiros. Uma a mais ou a menos fará pouca diferença. O que eu vou fazer,
tal qual os dissidentes do Leste Europeu, é ignorar essa lei cretina e
impossível de ser cumprida; continuarei vendendo livros normalmente, conforme
as leis econômicas e a livre flutuação dos preços. Quem sabe assim terei de
contar aos netos: “Um dia o governo comunista me perseguiu. Por vender livros”.
Fonte: Mídia Sem Máscara
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Diogo de Almeida Fontana é editor, livreiro e escritor.