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terça-feira, 19 de maio de 2015
Perguntas sobre a cúpula narco-terrorista em Cuba
Por Eduardo Mackenzie
O atual chefe de Estado é acusado de ter atentado contra a
segurança pública, de encobrimento, abuso de autoridade e traição à pátria.
Por que o presidente Juan Manuel Santos não quis dar a data
nem os detalhes do insólito encontro em Cuba dos máximos chefes das FARC e do
ELN? Por que Santos esconde sobretudo a data em que ele autorizou pessoalmente
esse encontro clandestino?
Realizado, ao que parece, segundo uma rádio de Bogotá, entre
23 e 27 de abril passado, esse “encontro” permitiu a Rodrigo Londoño Echeverri,
cognome “Timochenko”, das FARC, conversar não se sabe sobre o quê com Nicolás
Briceño Bautista, cognome “Gabino”, do ELN.
Não é a primeira vez que chefes desse bandos armados
comunistas se reúnem clandestinamente em Cuba. É, por outro lado, a primeira
vez que um chefe de Estado colombiano patrocina e acoberta tal tipo de reunião
em um país estrangeiro e sem dizer, desde o começo, ao país.
Essa reunião de uma semana entre os chefes do
narco-terrorismo, a qual estava destinada a ser secreta, quer dizer, de costas
para a Colômbia, para o Parlamento, o Ministério Público, a imprensa - embora
os resultados da mesma afetarão os interesses da Colômbia -, é sem dúvida
alguma uma má notícia para a segurança e a tranqüilidade do país. É sobretudo
um péssimo precedente. Que outros atos desse tipo Santos escondeu do país? A
escassa credibilidade do governo sai deste assunto pior do que antes.
Se Santos viu-se obrigado a admitir que essa reunião havia
ocorrido, e que ele havia autorizado, é porque a notícia, sob a forma de um
rumor fundamentado, havia escapado ao controle dos serviços de Santos.
O que falta estabelecer é o alcance da responsabilidade do
presidente colombiano nos atos de guerra que se dispararam na Colômbia antes,
durante e depois do encontro em Cuba, dessas duas chefaturas terroristas.
A autorização desse encontro foi dada antes de 14 de abril
de 2015, dia da emboscada na qual as FARC mataram 11 militares em Timba, Cauca?
Se é verdade que Santos autorizou esse encontro, essa
autorização deve constar em um texto oficial da presidência pois Santos sugere
que tal autorização foi um ato de governo e não uma medida clandestina e
caprichosa dele. Santos diz que com tal “ordem” pretendia “conseguir avanços na
busca do fim do conflito”. Por que ele não mostra esse documento ao país? O que
esse documento contém que a imprensa não pode vê-lo? Esse documento deve
repousar em algum gabinete do Palácio de Nariño. O que as famosas “unidades
investigativas” da imprensa esperam para pedir uma cópia?
Essa autorização presidencial ocorreu antes da ofensiva do
ELN em convergência com as FARC, contra as forças militares colombianas, a qual
deixou uma dúzia de mortos e feridos em Boyacá, Caquetá, Cauca e Meta. Ocorreu
antes da explosão da mina anti-pessoa e da aterradora explosão em uma escola do
Norte de Santander em 9 de maio.
Santos violou a Constituição e a lei com essa extravagante
autorização? Com essa autorização, Santos facilitou de fato a realização de uma
reunião na qual os chefes terroristas tomaram decisões para aperfeiçoar a
coordenação de ações bélicas deles contra o Estado e a sociedade colombiana?
É interessante ver a reação do Promotor Montealegre. Correu
para dizer aos meios de comunicação que o chefe de Estado é “competente” para
dar esse tipo de ordens e que Santos não violou nem a Constituição nem a lei. O
que o Promotor diz é palavra divina? Ele não está se apressando e dando um aval
preventivo para que a questão da legalidade e constitucionalidade desse ato
secreto de Santos não seja examinado pelos juristas, magistrados e parlamentares
do país?
Santos disfarça o sentido de suas decisões. Apresenta-as
como “atos que procuram a paz”. Pretende que a autorização da reunião dos
chefes terroristas foi um ato para “conseguir avanços na busca do fim do
conflito”.
O resultado foi o oposto: a ratificação do ELN de que não
deixará as armas embora abra negociações de paz com o governo e, por outro
lado, houve intensificação da guerra, agravação dos ataques, e aumento dos
mortos e feridos da população civil e da força pública. Só no estranho mundo de
Subuso isso é “buscar a paz”.
Com as decisões em cascata que Santos está tomando a
respeito dos narco-terroristas, as quais terminam de fato não em gestos de paz,
senão em uma melhora das condições da ofensiva militar e política deles contra
a Colômbia, Santos está jogando com grande brutalidade e cinismo. Ele acredita
que ser presidente da República o autoriza a fazer tudo e seu contrário.
Acredita que o imuniza contra as contas que lhe pedirão um dia as vítimas de
suas decisões. Acredita que com o respaldo do Promotor Geral pode pôr de molho
as instituições do país.
Existe, entretanto, uma investigação preliminar contra o
presidente Santos ante a Comissão de Acusações da Câmara de Representantes. O
advogado Guillermo Rodríguez acusa o atual chefe de Estado de ter atentado
contra a segurança pública, de encobrimento, abuso de autoridade e traição à
pátria, por haver autorizado duas viagens de Timochenko a Cuba em 2014. O novo
escândalo de agora, muito mais grave, por haver patrocinado uma cúpula de
chefes terroristas em Cuba, virá a se somar às acusações e argumentos que
correm contra ele no gabinete do representante Nicolás Guerrero Montaño.
Como vão as coisas, os parlamentares, de oposição ou não,
acabarão por se livrar do controle que Santos trata de exercer sobre eles.
Toparão com a montanha de abusos e de crimes que se estão cometendo na Colômbia
com o pretexto falacioso de que se está “buscando a paz”, e de que todos
devemos suportar sem reclamar as piores injustiças, pois o governo está a ponto
de conseguir “o fim do conflito”.
Tradução: Graça Salgueiro
Fonte: Mídia Sem Máscara
Fachin: senadores sabem ler caráter?
Por Veja.com
Lauro Jardim, do Radar on-line, fala sobre o balanço da
Petrobras divulgado na última sexta-feira. “Foi o pior resultado para um
primeiro trimestre obtido pela estatal desde 2007." Augusto Nunes comenta
as principais reportagens de VEJA desta semana. Já Geraldo Samor, de VEJA
Mercados, fala sobre a melhora no mercado financeiro nas últimas semanas, mas
alerta: “infelizmente não está ligada a uma melhora nos fundamentos da economia
brasileira”.
O tempo da colheita...
Por Robson Merola de Campos
Tem sido recorrente nos últimos meses os pedidos populares
de intervenção militar no Brasil. Basta entrar-se nas redes sociais para se
confirmar isso. Nas manifestações de 15/03 e 12/04 foram vistas centenas de
faixas e cartazes nas ruas exigindo a “volta” dos militares. Entre as pessoas
que pedem a intervenção militar estão homens, mulheres, jovens, idosos,
professores, bancários, empresários, profissionais liberais, donas de casa,
chefes de família, funcionários das mais diversas categorias e matizes, ricos,
pobres, moradores de todas as regiões do Brasil, brancos, negros, pardos,
descendentes de europeus, latinos e africanos, enfim, uma miscelânea de pessoas
que só poderia ser possível mesmo no Brasil. Curiosamente, apenas uma categoria
de brasileiros tem se mantido alheio a tal debate: os próprios militares,
especialmente aqueles em serviço ativo. Pelo menos publicamente. Nas casernas,
entretanto, o assunto fervilha, como, aliás, no restante do Brasil.
A pergunta que deve ser feita, e sobre a qual devemos
refletir é: por que uma parcela significativa da população tem exigido a
chamada “intervenção constitucional militar”?
Seria em virtude do fato de que os militares têm hoje no
Brasil o maior arsenal bélico? Isso, mesmo se considerarmos o arsenal nas mãos
do crime (des)organizado. Sabe-se que o cidadão de bem, para possuir legalmente
uma arma em casa, para sua proteção e para proteção de sua família tem que se
submeter-se a um calvário longo e sob diversos aspectos até mesmo humilhante.
Seria então por isso? Os militares serem o braço armado da população? Nesse
caso, se considerarmos apenas a questão das armas à disposição, seria lícito
imaginar-se que os cidadãos poderiam também estar clamando pela intervenção das
nossas polícias, militar, civil, federal, rodoviária etc. Como tal clamor não
existe, podemos então concluir que o fator “poder de fogo” não é, de per si, o
motivo do chamamento popular.
Vejamos outro motivo: o Brasil vive e viveu nos últimos doze
anos um período em que o ciclo de governantes tem paulatinamente se dedicado a
implantar aqui uma cultura voltada à instalação de um socialismo pan-americano
que quer, em verdade, tentar salvar conceitos e ideologias há muito
ultrapassadas e sepultadas pela história. Como os militares em 1964 impediram
que os comunistas dessem um golpe de esquerda no Brasil seria natural voltar-se
a eles para pedir que façam o mesmo. Ocorre que o regime atual teve início há
mais de doze anos. Seria então de se supor que tal clamor deveria ter começado
lá atrás, e não somente agora. Afinal de contas, o Foro de São Paulo foi criado
no início dos anos 1990. E antes mesmo da primeira eleição presidencial vencida
pelo PT ele já era de conhecimento público. Infelizmente, e isso perdura até
hoje, não o é do grande público. A mídia televisiva insiste em ignorar o tema.
E aqui abro um parêntese:
(Imagine um programa como o “Fantástico” ou “Globo Repórter”
da Rede Globo, ou o “Domingo Espetacular” da Rede Record, ou um “Conexão
Repórter” do SBT sobre o tema. No dia seguinte, outros milhões de brasileiros
acordariam do torpor em que nos encontramos e passariam a olhar com outros
olhos o governo que aí está, entendendo as suas reais finalidades).
Fecho o parêntese. É de se supor, portanto, que esse talvez
também não seja o motivo determinante.
Seria então, o motivo do clamor pela volta dos militares os
equívocos econômicos da última administração da presidente Dilma Rousseff? Com
seu estilo de gerente tomou para si as rédeas da economia e deu no que deu:
naufragou e levou junto, para o abismo submarino, o Brasil. Ora, o último
governo militar, do Presidente João Batista Figueiredo enfrentou grande
turbulência na economia. A crise mundial de 1979 cobrou seu preço aqui no
Brasil também, e começamos a conviver com uma inflação galopante, que, nos
governos civis seguintes, é bom que se frise, chegou ao patamar de
inacreditáveis 1800% ao ano. Entretanto, justiça seja feita, no Governo do
Presidente Emílio Garrastazu Médici, a inflação era pequena e em contra partida
o crescimento espantoso do Brasil (mais de 10% ao ano) passou a ser chamado de
Milagre Brasileiro. Antes que a discussão se instale, esclareço: não creio que
sejam os indicadores econômicos a sustentar o clamor pelo retorno dos
militares.
Busquemos outros motivos: seria a segurança pública do
Brasil daqueles dias? Quando você podia sair nas ruas tranquilamente à noite
sem correr o risco de ser assaltado? Ou o fato dos brasileiros daquele tempo
terem mais amor à Pátria, quando os desfiles de Sete de Setembro eram motivo de
orgulho para aqueles que participavam? Será que se clama pelo retorno dos
militares devido à censura daqueles anos? Sim senhor, amigo leitor, censura, pois
naquela época não se via tanta obscenidade nas novelas, nem em propagandas...
Nessa mesma linha de raciocínio podemos também citar o fato de que naquela
época havia respeito quase místico à figura da autoridade, tanto a paterna e
familiar, quanto de professores, chefes etc. Era impensável um aluno responder
um professor. Dar-lhe um soco ou quebrar-lhe o nariz era inimaginável... E
ainda, porque naqueles dias, bandido ia para a cadeia e lá permanecia, sem as
tantas benesses hoje existentes...?
Se formos aqui continuarmos a elaborar os motivos – e as
comparações – pelos quais uma parcela significativa da população quer o retorno
dos militares faríamos uma lista sem fim. E tal lista acabaria por cometer
injustiças. Tanto a favor como contra tais argumentos.
Mas em verdade, na minha íntima convicção, creio que existe
um denominador em comum entre todos aqueles que querem a chamada “intervenção
constitucional militar”. É que o brasileiro dos dias atuais se cansou de ver a
forma como o Brasil, e ele mesmo, cidadão, está sendo tratado. Cansou-se do
descaso e da mentira. Cansou-se da corrupção e de ver que quem ocupa o Planalto
pensa que ele é bobo. Cansou-se do desmando e do marketing eleitoral. Cansou-se
dos crimes de lesa pátria. Cansou-se de perceber que o seu grito, perante as
instituições, está ecoando no vazio. Exemplifico com um único argumento: a alta
cúpula dos senadores do PSDB preferiu participar de uma festa em homenagem ao
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em Nova Iorque do que ralar durante mais
de oito horas em uma comissão do Senado que sabatinou Luiz Edson Fachin. Nem
vou aqui discutir o mérito de FHC receber tal homenagem. Mas, vou lembrar que
um comandante não deixa o campo de uma batalha importante para confraternizar
em um país estrangeiro. Primeiro o trabalho, ou a obrigação; depois o lazer.
Cansado de tanta coisa errada o brasileiro se volta
naturalmente para a instituição que é um baluarte de confiança: as Forças
Armadas, sabendo que ali encontrará um porto seguro. Nem um único dos Presidentes
militares enriqueceu na função, antes, ou depois dela. Todos são exemplos de
probidade. As Forças Armadas, e seus integrantes, tem sido alvo de uma
constante, cruel, aniquiladora campanha difamatória nos últimos anos. Por muito
menos do que isso já vi homicídios acontecerem. E como reagem seus integrantes?
Calados, como manda a hierarquia e a disciplina dos bons soldados
profissionais. Alguns, após deixarem o serviço ativo, passam a expressar a sua
opinião. E quando surgem as críticas, elas nem sequer de longe se assemelham ao
caudal de insultos que recebem. E justamente por isso, tem sido agora alvo de
impropérios também por parte dos chamados “intervencionistas” que não entendem
porque os militares não atendem ao seu apelo e põem logo para correr quem está
surrupiando as riquezas da nação.
Fato é que quando a população pede a intervenção militar o
faz porque compara em termos éticos e morais o que foram os governos dos cinco
presidentes militares e o que é o atual ciclo de governo petista. Veem o óbvio:
naquela época, quem governava o Brasil se importava com o país. Preocupava-se
com o nosso futuro. Houve falhas? Claro que sim. Seres humanos acertam e erram.
Faz parte da nossa natureza. Mas, além dos erros estava o sincero desejo de
acertar pelo bem comum. E um amor sincero e imorredouro pelo Brasil. Nossa
Pátria. Não, a “pátria grande” pregada por quem hoje ocupa transitoriamente os
corredores do Planalto. Hoje, o único desejo dos atuais governantes é o de se
perpetuar no poder. Aparelhar o Estado. E ao contrário de Robin Hood, tiram dos
pobres e servem aos ricos, eles mesmos (vide o ajuste fiscal sendo aprovado no
Congresso através da mercantilização de cargos no governo). Para isso, fazem
acordos espúrios, negociam mamatas, inventam esquemas, reinventam a corrupção.
Quem hoje ocupa o poder e mesmo uma parcela da população
está se esquecendo de um detalhe ao não entender o aparente alheamento dos
integrantes das Forças Armadas: o militar profissional é antes de tudo um
cidadão brasileiro. E como cidadão acompanha par e passo o que ocorre no seu
país. Sente-se constrangido quando vê um ex-presidente (que já foi seu
comandante em chefe) ameaçar a população com uma guerra civil com um exército
formado por milicianos. Entristece-se quando percebe que sua nobre profissão de
defender a pátria lhe reduziu a um papel de polícia, mas, ciente de seu dever,
obedece e vai apaziguar com sua autoridade o morro de onde o marginal expulsou
a polícia. O militar, da ativa e da reserva – remunerada ou não – está ciente
de seu dever e de seu solene juramento, de oferecer o supremo sacrifício da
própria vida. Reza contrito pela paz, pois sabe das agruras da guerra. E sabe
porque atualmente está em Angola, Haiti, Costa do Marfim, Libéria, Colômbia,
Saara Ocidental, Congo, Sudão do Sul, Sudão, Líbano e Chipre com mais de 1700
soldados e oficiais das três Forças – Exército, Marinha e Aeronáutica. E mais
de 27 mil homens já participaram de 30 missões de paz da ONU no exterior em
locais conturbados por guerras e catástrofes. O militar ouve o clamor popular.
Mas, percebe, que sua hora ainda não chegou. Ainda não se esgotaram todas as
alternativas democráticas. Mas, vigilante e consciente de sua missão, aguarda o
comando. E, no momento certo, saberá seguir o exemplo de três anônimos heróis
brasileiros, os soldados Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Rodrigues e Geraldo
Baeta, que durante uma das mais sangrentas batalhas que a Força Expedicionária
Brasileira participou na sua vitoriosa campanha na Itália durante a Segunda
Guerra Mundial, mesmo isolados e sem contato com sua tropa, não se entregaram,
atentos ao juramento de sangue que um dia fizeram e demonstram tamanha coragem
no campo de batalha que foram homenageados pelo próprio inimigo alemão, que
parou de guerrear por alguns momentos e enterrou os três soldados brasileiros,
escrevendo sobre a tosca cruz de madeira a inscrição: “DREI BRASILIANISCHE
HELDEN” (TRÊS HERÓIS BRASILEIROS).
Os heróis são assim mesmo: pessoas comuns, muitas vezes
anônimos, mas quando chamados ao dever, no tempo certo, transformam-se e lutam
ferozmente para defender aquilo em que acreditam.
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o
propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de
plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de
curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar”. Eclesiastes 3:1-3
Fonte: A Verdade Sufocada
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Robson Merola de Campos é advogado.