No início do mês passado, fui convidado pelo Comandante do
Exército, Gen Villas Bôas, a acompanhá-lo em uma visita oficial ao Regimento de
Dragões da Independência, onde um Oficial da Reserva (R2) seria recepcionado.
Tratava-se de atender ao pedido de alguém que tivera o
privilégio de aprender as táticas elementares da Cavalaria e de conviver, por
algum tempo, no salutar ambiente de um regimento e de ter feito contato com os
valores, as virtudes e os princípios que norteiam a vida castrense.
O Exército como um todo e a Cavalaria em especial, são
instituições apaixonantes e marcantes para quem tem a oportunidade de
conhecê-los mais de perto.
Neste contexto, para aqueles que cursaram o Centro de
Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo (CPOR/SP), no tempo em que a
Cavalaria era a cavalo, sobressai de importância o antigo 17º Regimento de
Cavalaria, sediado em Pirassununga (SP), hoje mecanizado e aquartelado em
Amambai (MT).
Foi para relembrar seus tempos no “17”, onde estagiou, que o
2º Ten Cav (R2) Ricardo Lewandowski, hoje Presidente do STF, solicitou uma visita ao quartel do “1º de
Dragões”. Nada mais justo e lógico para quem conheceu o agradável sabor da vida
agitada e alegre de um Regimento de Cavalaria.
O roteiro da visita incluiu uma magnífica demonstração do
treinamento aplicado aos cavalos e aos Dragões para habilitá-los ao emprego nas
operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
O Ten Lewandowski, como era de se esperar, ficou realmente
muito impressionado com o que viu em termos de motivação, capacitação,
destreza, disciplina, coragem e vigor físico da tropa e dos animais.
A visita foi encerrada com um almoço no Salão Nobre do
Regimento, ocasião em que o Gen Villas Bôas presenteou o visitante com uma
placa de madeira na qual estava fixado um estribo.
O Comandante do Exército fez questão de frisar que se
tratava do estribo do lado esquerdo, o do “lado de montar”, e alertou o
homenageado, agora não mais o Tenente de Cavalaria, mas o Ministro Presidente
do STF, para o fato de que o do lado direito estará sendo empunhado pelo
Exército Brasileiro, para evitar que a sela vire no momento de montar,
garantindo a firmeza na tomada de assento na sela.
Complementando, o Comandante justificou o sentido figurado
da gesto, dizendo ao Ministro que ele, no exercício de suas elevadas funções
judiciais, terá sempre o Exército à sua direita, vigilante e atento, para
garantir o cumprimento da lei e o respeito à ordem pública e aos preceitos
constitucionais.
O Ministro recebeu e entendeu a mensagem, agradeceu a
lembrança e disse, com ênfase, em seu discurso de agradecimento, que a Suprema
Corte brasileira, a exemplo das FFAA, é
uma instituição de Estado e não de governo, ou seja, comprometida, antes de
tudo, com o Brasil e não com governos de ocasião!
Hoje, depois de ter assistido à tramoia dos integrantes
daquele supremo tribunal de justiça para favorecer, no processo de impeachment,
o governo que o aparelhou, sinto-me autorizado a pensar que houve falha na avaliação
do Aluno e do Tenente Lewandowski nos indicadores relacionados ao compromisso
com a verdade, fundamento da moral cavalariana e do Exército de Caxias!
Se, por um momento, encontrei no Presidente do STF
identidade no amor e na admiração à Cavalaria, hoje, rechaço este sentimento,
porquanto, de fato, enquanto esteve entre nós, no CPOR e no “17”, não passou de
um pigmeu entre gigantes, o que justifica ele ter imaginado que, voltando a um
quartel, na posição que ocupa, poderia equiparar-se àqueles que o devem ter
humilhado com sua imensa superioridade moral!
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