Como bem definido, mas de certa forma mascarado, o portador
da bandeira do impeachment é o jurista Hélio Bicudo. Não é o presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, sob mira da metralhadora midiática,
bombástica e avassaladora para enfumaçar e desviar o foco dos malfeitos —
muitos, insuportáveis e repulsivos — do governo da “presidenta” Dilma Roussef.
A bipolaridade marcante das duas autoridades, ao ponto de
Eduardo Cunha declarar a ruptura com o governo, mesmo sendo do PMDB/bengala-PT,
mantinha ultimamente um viés de salvação da própria pele, momentos de atração,
momentos de repulsão.
Em que pesem as acusações sobre o atual presidente da
Câmara, cabe ao detentor desse cargo, enquanto o for, acatar ou não as
acusações sobre o presidente da República em exercício. Em perfeita consonância
com os ditames da Constituição Federal. Chamar de golpe é puerícia, rótulo
simplista, e falta de argumento, como “(A) xingar a mãe de (B)”. As imputações
de crimes e/ou condutas reprováveis estão circunscritas à instituição legal
para apreciá-las. Ponto.
Desqualificar Eduardo Cunha é mera jogada de marqueteiro
para amaciar a opinião pública, nítida e gradativamente se acostumando com o
fedor que exala do Planalto, governo do PT, com expoentes do partido condenados
ou presos. Do mensalão, com José Dirceu (era ministro-chefe da Casa Civil do
gov. Lula), José Genoíno, Paulo Cunha, Delúbio Soares (foi tesoureiro), ao
petrolão — limpeza lava a jato — com João Vaccari Neto (foi tesoureiro) e mais
recente, o senador Delcídio Amaral, líder do governo Dilma. E mais, elevado
número de ministros afastados por vários motivos, não virtuosos.
Ao contrário de E. Cunha, destaque diário nos telejornais
por contas no exterior e outros valores para anestesiar a nação, no polo oposto
ao governo Dilma está Hélio Bicudo, mentor das denúncias, que assina com
outros, o pedido de impeachment. Como é um jurista de nomeada e de reputação
ilibada, convém às patrulhas ideológicas mantê-lo na sombra e a iluminar o
presidente da Câmara, pendurado na Comissão de Ética, que no processo de
impeachment, simplesmente aceita o pedido e o submete aos pares para condenar
ou absolver a “presidenta”.
Taxar Hélio Bicudo de golpista não conseguem fazer
diretamente, por isso o escondem, e repetem como palavra de ordem generalizada,
prática do petismo. E no caso Bicudo pertenceu aos quadros do PT desde os
primórdios, onde exerceu funções de relevo, e o renegou exatamente no advento
do mensalão do PT que assombrou o Brasil e transformou o ministro do STF,
Joaquim Barbosa em baluarte contra a quadrilha que assaltou o tesouro,
infiltrada no governo central e Congresso Nacional.
As razões técnicas estão expostas no pedido, ao que consta
bem fundamentadas no alegado descumprimento da Lei de diretrizes Orçamentárias
e Lei de Responsabilidade Fiscal, malfeito apelidado de “pedaladas fiscais”.
Sendo o único aceito dentre 34 pedidos neste ano; ao todo 48 desde 2011, maior
registro com início no governo Collor de Melo.
Ora, cabe assim a decisão aos 513 deputados após os trâmites
legais, ampla defesa e conclusão nessa Casa legislativa. A depender de 2/3,
voto de 342 deputados, o impeachment é aceito no patamar considerado. Em termos
percentuais, 66,66...%.
Se a Câmara representa a sociedade, grosso modo se pode
obsevar o que esta pensa a respeito da presente condução do país. Na pesquisa
de 30/11/15 – Datafolha, a rejeição ao governo Dilma atinge 67% e, 65% dos
entrevistados são favoráveis ao impeachment. Nota ínfima de 3,2 entre zero e
dez.
Incumbe ao Senado fazer o prosseguimento do impeachment
aprovando-o por 2/3 dos seus membros, 54, se for o caso.
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Ernesto Caruso é Coronel de Artilharia e Estado Maior,
reformado.
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