No sábado, o papa
Francisco estará em Cuba. É ao mesmo tempo uma visita pastoral e a viagem de um
chefe de Estado. Lembrem-se que o papa é uma espécie de imperador do Vaticano.
Será uma viagem de quatro dias. Mas eu gostaria de fazer uma pergunta
inconveniente. Para que serve a visita de um papa, à ilha comunista do Caribe?
A resposta é muito
clara. Serve muito pouco. Serve para quase nada. É claro que, em Cuba, 85 por
cento da população se dizia católica. Mas isso já faz muito tempo. O regime
comunista não divulga estatísticas sobre religião. Francisco é o terceiro papa
que visita Cuba em 17 anos. Primeiro, foi João Paulo Segundo. Depois, há três
anos, foi Bento 16.
Os papas costumam
pedir em Cuba o respeito à liberdade religiosa. E também falam contra o embargo
comercial dos Estados Unidos, essa coisa monstruosa que gerou muito atraso
econômico nos últimos 54 anos. Mas declarações desse tipo são uma espécie de rotina.
A igreja vive em Cuba no fio da navalha. Se fizer oposição, o regime comunista
vai perseguir os católicos. Mas existem os católicos de oposição, como o grupo
chamado Mulheres de Branco. No domingo passado, esses dissidentes tentaram
fazer uma passeata em Havana. Todo mundo foi parar na cadeia.
Cuba já foi um país
radicalmente ateu. Até o Natal era proibido. Não era nem feriado. Isso mudou um
pouco. Existem também estudos estrangeiros sobre o enfraquecimento do
catolicismo cubano. As religiões que crescem são as chamadas santerias. Elas
têm raízes africanas e também importam do Brasil pais de santo.
Uma última coisa.
Foi o papa Francisco quem intermediou o restabelecimento das relações
diplomáticas de Cuba com os Estados Unidos. Não foi necessário viajar para
Cuba. As negociações, no ano passado, aconteceram sigilosamente no Vaticano. E
por falar nisso, na terça-feira, ao terminar a visita a Cuba, papa Francisco
começará uma visita aos Estados Unidos. Mas isso já é uma outra história.
É assim que o mundo
gira.
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