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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Papa autoriza perdão a mulheres que abortaram



O papa Francisco tem sempre alguma novidade. Desta vez, ele encaminhou uma carta aos organizadores do Ano do Jubileu, que a Igreja Católica abrirá em dezembro. Será um ano reservado à misericórdia. E é com base na misericórdia que o papa recomenda que os padres concedam a absolvição às mulheres que praticaram o aborto. Mas só se elas estiverem arrependidas. Vejam bem. O papa não deu nenhum passo na direção do reconhecimento do direito da mulher, de interromper uma gravidez indesejada.

Ele e a Igreja continuam a acreditar que o aborto é um grande pecado. Mas, até agora, a mulher que dissesse ao confessor que tinha abortado, ela corria o risco de excomunhão. O que mudou é que o pecado pode ser absolvido.

É mais ou menos a mesma tolerância que o papa Francisco tem demonstrado com os homossexuais. Não apoia, não estimula, mas compreende que na comunidade gay muita gente seja sinceramente devota do catolicismo.

Mas vejamos o aborto. Um relatório das Nações Unidas informou há dois anos que são 23 os países em que a gravidez pode ser livremente interrompida. Na América Latina é o caso apenas do Uruguai, de Cuba e da Guiana. Na União Europeia é o caso de quase todos os países, com a exceção da Irlanda e da Polônia, onde o catolicismo é muito forte.

Vejamos o Brasil. O Sistema Único de Saúde registra 205 mil internações anuais de mulheres, que tiveram complicações depois de um aborto malfeito. Uma ONG que acompanha a questão calcula que os abortos sejam por aqui 685 mil por ano. Com o perdão que eu peço ao papa Francisco, não é uma questão religiosa ou moral. É uma questão de saúde pública.

Por que é, então, que não legalizam o aborto? Precisaria passar pelo Congresso. Mas a bancada evangélica não permitiria que o Brasil fosse tão longe. É assim que o mundo gira.

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