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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Crise de confiança, com medo e incerteza



Hoje, para variar, as redes sociais faziam piadas meio sinistras com a alta do dólar. Numa delas, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aparecia numa foto mostrando a nova nota de um dólar: era uma nota de cinco reais.

O dólar pode ir a cinco reais em breve? Não é mais impossível. Pode cair para R$ 3,50? Até pode. Como se diz no mercado, os preços estão referência: o que influencia os negócios é o puro medo e a incerteza total do futuro mais imediato.

O primeiro medo é o de a nota de crédito do governo brasileiro seja rebaixada, que outra empresa de avaliação de risco de calote diga que o Brasil é de alto risco. Com duas empresas dizendo tal coisa, muito grande investidor lá de fora não pode aplicar no Brasil. Uma parte do dinheiro, de dólares, iria embora. Haveria uma desvalorização extra do real. Para se antecipar a esse risco de perder mais dinheiro, muita gente vende reais e se livra de aplicações em reais.

Por que tal medo? Porque o governo de Dilma Rousseff não tem o menor apoio para aprovar mesmo as medidas mais emergentes para tapar o rombo das contas do governo. Se não tapa o rombo, a dívida cresce. Se a dívida cresce, os juros sobem. Se os juros sobem, a recessão fica ainda pior. Quem quer investir em um país que não cresce?

O grosso dessa crise do dólar é de confiança. O dinheiro não está fugindo aos montes do Brasil. O país não está em uma situação como a de tantas vezes no passado, com dívida externa. Ainda entram investimentos no país.

O que há é medo e incerteza. Medo de descrédito ainda maior do governo, da capacidade do governo de conter sua dívida e de colocar alguma ordem na economia que ele mesmo desarranjou. Não se sabe se o governo terá um orçamento pelo menos zerado, não muito no vermelho. Não se sabe se o Congresso vai espezinhar ainda mais a presidente amanhã. A gente mal sabe se o governo vai ser o mesmo no mês que vem. No meio dessa confusão extraordinária, o dólar sobe. Se não parar, a crise vai ser muito maior.

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