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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

BC sobe para 2,7% a previsão de queda do PIB



A reviravolta do dólar teve relação direta com a fala do presidente do Banco Central, quanto à possibilidade de vender reservas, dólares mesmo, pra segurar o ataque especulativo que o mercado vinha desenhando. Com disparada do dolar e, também, dos juros futuros, aumentando muito o ganho dos títulos que o governo coloca no mercado. O que bate direto na dívida pública. Agora, esfriar não significa reversão da tendência.

Os fatores que vêm pressionando o mercado continuam presentes. As trapalhadas políticas do governo, como na redefinição do Ministério, aumentam muito o grau de incerteza. É tudo muito mal planejado, improvisado, pouco discutido com quem interessa. A nova formação do Ministério vai ser muito mais uma tentativa do governo de se salvar do que uma busca de maior eficiência. Em meio ao risco de abertura de um processo de impeachment,, o governo quer garantir o ajuste fiscal, com a volta da CPMF. Poderia ter recorrido a impostos menos polêmicos, que não precisassem da aprovação do Congresso, mas fez mais uma daquelas escolhas difíceis de entender. Vai ser difícil a CPMF passar.

A impressão é que todo mundo perdeu a paciência com tudo de errado que foi e continua sendo feito e não quer mais pagar conta alguma. E continua a enxurrada de dados ruins. O relatório trimestral de inflação mostrou que o Banco Central prevê, pra este ano, a inflação em 9,5%, maior do que o mercado espera e mais que o dobro do centro da meta. O BC já fala em 5,6% no ano que vem, mesmo tendo como objetivo derrubar a inflação para a meta de 4,5%.

O relatório também trouxe a previsão de uma retração do PIB de 2,7% agora em 2015. Um cenário muito ruim que está relacionado à execução do ajuste fiscal. Sem o ajuste pode ficar bem pior. Foi no embalo dessa possibilidade que o dólar disparou nos últimos dias. Nesta última safra de dados ruins, ainda tem aumento do desemprego, que deve crescer mais, já que não se vê no horizonte um sinal de reação, tão cedo, da atividade econômica. E pra fechar o noticiário negativo houve nova queda histórica da confiança do consumidor, que reflete muito as crises que o País está enfrentando.

Como ficar confiante com a realidade que temos? O Banco Central pode atuar, segurar a pressão por algum tempo, mas melhoria, mesmo, de cenário, das expectativas, só se houver um fato efetivamente positivo. se o governo mostrar que consegue desatar o nó político, estabelecer condições pra recuperar a credibilidade do País e a capacidade de retomada do crescimento. Sem isso, o máximo que vamos ter são momentos de trégua do mercado, como hoje.

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