Em companhia de Edinho Silva, ministro da Comunicação
Social, e José Guimarães, líder do governo na Câmara dos Deputados, o senador
José Pimentel compôs a trinca escalada por Dilma Rousseff para revelar a
opinião do Planalto sobre as manifestações de domingo. No meio da conversa
fiada, Pimentel garantiu espaço nos jornais do dia seguinte com o falatório em
dilmês erudito abaixo reproduzido:
“Este espírito de intolerância é manipulado em parte
pela oposição, que semeia o ódio, um antídoto da democracia, forjada e
construída nas lutas pelas Diretas Já e contra o regime militar. Essa
intolerância não é saudável, ela interdita o diálogo, o contraditório e o valor
fundamental que tem de estar sempre na democracia: a divergência. Agora, ainda
bem que quem faz isso é uma minoria”.
O que deu na cabeça do companheiro Pimentel? Como conseguiu
enxergar olhares homicidas e facas nos dentes em manifestações exemplarmente
pacíficas? O que o induziu a confundir democratas indignados com nostálgicos de
ditaduras? As respostas estão no vídeo. O embarque no besteirol não resultou do
que o senador viu no domingo nas ruas do Brasil. Foi provocado pelo vexame que
protagonizou na quinta-feira passada no saguão do aeroporto de Fortaleza.
Os manifestantes que o recepcionaram na área de desembarque
apenas mostraram o que acham os brasileiros decentes de um parlamentar que
acumula as funções de capacho do partido que virou bando e sabujo do
governo que acabou sem ter começado. Não é ódio o que se vê no vídeo. É só a
espécie de desprezo despertada por gente que, antes mesmo de morrer, jaz num
asterisco da História Nacional da Infâmia.
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