As contas do governo tiveram "apenas" o pior desempenho
dos últimos 19 anos. Isso, num momento em que há uma grande preocupação em
garantir um mínimo de superávit, para que o País escape do rebaixamento, da
perda do grau de investimento ou do selo de bom pagador. O governo até tem
conseguido cortar gastos, mas não a ponto de compensar a queda forte de
receita. A arrecadação de impostos caiu 5% no mês passado, em termos reais,
descontada a inflação. Sem esquecer que esse corte de gastos, na prática, foi
muito mais corte de investimentos, de repasses de recursos, até pra áreas
prioritárias, como educação.
E agora, pra tentar melhorar as contas, o governo pensa em
aumentar mais a carga de impostos. Quer tirar mais de uma economia em recessão.
Pra isso cogita, inclusive, a volta da CPMF. Lembra, aquele imposto que incide
sobre todas as transações financeiras, mesmo quando você dá um cheque pra pagar
uma dívida? Certamente, vai enfrentar muita resistência política. E a maré não
anda boa. Mas a tentação é grande.
O governo não sabe de
onde tirar dinheiro, pra cumprir a meta fiscal, que já foi reduzida para apenas
0,15% do PIB. No começo do ano a meta era de 1,2% do PIB. Pelo mesmo motivo -
reforçar as contas públicas - já tivemos aumento de IOF, de PIS Cofins sobre
importações, do IPI sobre os carros e outros produtos, a volta da Cide sobre os
combustíveis. Já foi aprovada a maior oneração da folha de salários.E a
tributação sobre heranças e para os bancos também deve aumentar.
No final das contas, em vez de melhorar a receita, a carga
mais pesada de impostos pode é aprofundar a recessão, provocando mais
desemprego, ao impor mais custos para as empresas e todos nós. Seria bem melhor
que o governo cuidasse de estimular as exportações, os investimentos, acelerar
as concessões de infraestrutura, pra gerar receita de forma saudável, sem
penalizar mais a economia. Quanto mais fraca a atividade econômica pior a
geração de impostos. E não se iluda com a prometida redução dos Ministérios. É
importante, é cortar na carne, mas não é isso que vai colocar as finanças
públicas em ordem. Ainda vão querer que a gente pague uma conta maior. E o
aperto deve continuar no ano que vem. A própria presidente Dilma já disse que
não tem como garantir que vá ser um ano maravilhoso. E do jeito que estão
fazendo, pode não ser, sequer, razoável. A previsão já e de mais recessão em
2016.
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