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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Cobertor do otimismo está curto para tanta crise



O incêndio na política baixou um pouco, por algumas horas ou dias e isso apareceu até em indicadores como dólar e taxas de juros no mercado financeiro. Parecia que o governo estava para cair nas próximas semanas. Quem sabe a fervura diminua mais, a depender das manifestações de domingo e de novidades e novas prisões da Lava Jato. Mas a vida do dia a dia continua a piorar muito e regularmente.

Não importam os acordos políticos, o consumo deve continuar a declina até quase o final do ano. No primeiro semestre, as vendas no varejo caíram 2,2% sobre a primeira metade do ano passado, coisa que não se via desde 2003. Mesmo as vendas dos supermercados, as dos produtos mais essenciais, caíram 1,2%, soubemos hoje.

É muito difícil que a situação do consumo melhore antes do final do ano, pelos motivos que quase qualquer um pode perceber.

Primeiro, a inflação está alta e deve continuar no mesmo nível, entre 9% e 10% ao ano, até pelo menos novembro, comendo o poder de compra dos nossos rendimentos.

Segundo, os salários caem e o desemprego aumenta; as pesquisas com empresas indicam que essa tendência vai pelo menos até o começo do ano que vem.

Terceiro, falta crédito. Os juros estão além da lua. Os bancos estão na retranca, estão muito cuidadosos nos empréstimos. Quem ainda tem condições de pedir e conseguir crédito está com medo de se endividar, dado o ambiente.

Com renda menor, menos emprego e crédito estagnado, não há como o consumo reagir tão cedo.

Claro que uma situação política mais resolvida e um plano econômico de mudança grande, que tenha apoio social e político, podem abreviar essa crise e diminuir a intensidade do sofrimento. Mas tão cedo também não vai haver tal acordo político.

Logo, a crise ainda tende a piorar até quase o finzinho do ano. Então, fica a dúvida: a revolta popular com a crise e o arrocho podem causar outra piora na política? O cobertor do otimismo está curto para tanta crise.

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