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domingo, 12 de julho de 2015

Réquiem para o mandato de Dilma

Por Lucas Berlanza - Instituto Liberal

Anote em sua agenda: 14 de julho. Nesse dia, Ricardo Pessoa, da UTC, prestará seu depoimento bombástico acerca das verbas irregulares fornecidas a políticos, especialmente uma vultosa soma empregada na campanha eleitoral petista que reelegeu Dilma Rousseff. O TSE já investiga essas irregularidades denunciadas, que podem levar à cassação da chapa triunfante em 2014. 21 de julho. Terá acabado o prazo para a presidente apresentar sua defesa junto ao Tribunal de Contas da União, justificando o injustificável descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal – e um descumprimento BILIONÁRIO. A tendência parece ser desfavorável à petista, que ainda tem, como sintetiza a IstoÉ em excelente matéria, uma ação de investigação judicial contra ela em curso no mesmo TSE por abuso da máquina do governo em benefício próprio nas eleições e uma representação na Procuradoria Geral da República pelo crime de extorsão (também com base nas palavras de Ricardo Pessoa, dando conta de que pagou propina à campanha presidencial sob ameaça de ter obras canceladas).

É quase um self-service. Quem quer que o governo caia tem inúmeras opções à disposição – todas elas legais, plenamente respaldadas em bases constitucionais, sem precisar de nenhum “tanque nas ruas” ou bombardeio ao Palácio do Planalto. Basta escolher, trilhando o caminho que se demonstrar politicamente, tecnicamente e circunstancialmente mais viável. Esse amontoado de recursos se aglutina em um momento em que Dilma não consegue ter dois dígitos de aprovação no país, a crise econômica se acentua e, em suas aparições públicas, a “mandatária” vomita asneiras atrás de asneiras, chegando a despertar pena por, possivelmente, estar manifestando sintomas de demência. Isso tudo é apenas a mais cristalina realidade de um regime que apodrece às escâncaras. No entanto, a gestão moribunda ainda tenta, em demonstrações de franco desespero, se agarrar a delírios de força. José Serra, na convenção nacional do PSDB, comentou que, comparado ao governo atual, o de João Goulart, deposto em 1964, tinha uma “solidez granítica”. Segundo Dilma, no entanto, tudo está sob absoluto controle.

O vice-presidente, o peemedebista Michel Temer, já havia afirmado, na mesma semana, que “não temos crise política”. Indicado há algum tempo como articulador da presidência, ele, entretanto, seria beneficiado com o cargo de Dilma em caso de impeachment. Isso, pelo visto, não é suficiente para que deixe de dizer besteiras. Da própria Dilma, naturalmente, nós esperaríamos uma tentativa de “pôr panos quentes” no buraco que se abre sob seus pés. Não apenas ela fracassa, como usa recursos simplesmente tão patéticos quanto seu próprio governo para tentar proteger sua posição. Em entrevista à Folha de São Paulo, ela declarou, com convicção, que não cairá. “Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou.” A repetição é bastante sugestiva: Dilma está tentando convencer, primeiramente, a si mesma, da veracidade das palavras que externa. “Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E VENHA TENTAR, VENHA TENTAR (destaque meu). Se tem uma coisa que eu não tenho medo, é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam.”

Após o desafio a que tentem derrubá-la, como se um grande golpe macabro estivesse sendo tramado nas sombras por inimigos invisíveis para injustiçá-la, Dilma deprecia o recurso da delação premiada mais uma vez – aquele mesmo cuja formatação atual ela mesma sancionou em seu governo anterior -, fazendo nova referência ao seu período como guerrilheira detida pelo regime militar. Como não cansaremos de sustentar, o que a “companheira Estela” fez naquele período não é e nunca foi um motivo de orgulho. Fazer parte da militância armada do marxismo-leninismo é “apenas” uma das maiores manchas em sua trajetória de infelicidades sem fim. A quem Dilma quer desafiar? Diz ela que tudo isso vem de uma “oposição um tanto quanto golpista” (sic). Isso está rigorosamente longe da verdade. Acaso ela quer desafiar a maioria absoluta do país que despreza seu governo carcomido? Quer desafiar os poderes da República? Quer desafiar as investigações do TSE, da Lava Jato, do juiz Sergio Moro? Caminhando trêmula e abobalhada, carregando nas costas um verdadeiro cadáver vivo, Dilma parece brincar de Carnaval, e faz de seu réquiem uma marchinha – mais especificamente, aquela que diz: “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. Os compositores Paquito e Romeu Gentil, porém, imaginavam que sua divertida obra animaria a folia do povo carioca, e não seria usada, no artigo deste pobre diabo, como representativa de teimosia tão fúnebre.

Bravatas. Socialistas e populistas acuados, aspirantes a tiranetes e incompetentes crônicos, tentam ostentar bravura e se exibir, cheios de si, quando sentem que os golpes – golpes, sim, bem dados, e democráticos – lhes são desferidos pela gente civilizada. Dilma sabe que a areia da ampulheta está caindo e, se isso não for o fim dos problemas que os brasileiros ainda terão que enfrentar pela frente, será, inegavelmente, virar a página de um ciclo vergonhoso. Apenas aguardamos.


Aguardamos também outro bravateiro, o criador de Rousseff, o “Brahma”, Luiz Inácio Lula da Silva, cumprir suas ameaças. Em publicação no Twitter do Instituto Lula, ele, que já se demonstrou “chegado” a um belicismo quando ameaçou colocar o “exército de Stédile nas ruas”, ostentou novos devaneios de grandeza: “não vou me matar, não vou sair do país, eu vou para a rua. Se quiserem me derrubar, vão ter que me derrubar na rua”. Pode vir, Lula. Venha para a rua! O Brasil decente não tem medo de você. Em 16 de agosto, depois das datas que apontamos ao começo, os movimentos populares marcaram nova manifestação por todo o país. Esse Brasil decente está convocado. Se Lula for às ruas com sua patrulha dos trinta e cinco reais, ou algumas dezenas de baderneiros do MST, é fato: vamos engolí-lo novamente.


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