Por Rodrigo Constantino
Uma das formas de se analisar uma sociedade é ver quem são
seus heróis. Os americanos, por exemplo, têm nos “pais fundadores” grandes
ícones, gente como Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, John Adams e George
Washington. Já o Brasil encontrou em Paulo Freire uma grande inspiração, a
ponto de transformá-lo no “patrono” de nossa educação. Cada povo tem o herói
que merece.
Pergunto ao leitor: já leu algum livro de Freire? É um
exercício e tanto de paciência. Seu linguajar é enfadonho, diz algumas coisas
um tanto óbvias de forma aparentemente profunda, que revela apenas uma mente
confusa, e usa a “pedagogia” para, no fundo, pregar o marxismo radical. Foi seu
grande “mérito”: levar Marx para dentro das salas de aula.
Seu ponto de vista é o dos “excluídos”, diz ele,
monopolizando as virtudes e os fins nobres. Somente quem endossa seu viés
“progressista” quer o bem dos mais pobres. O restante, os “neoliberais”, esses
querem apenas manter o status quo, preservar um sistema opressor. São pessoas
ruins. E contra eles, os “oprimidos” devem se rebelar, lutar pela utopia
igualitária.
Era dada a justificativa para que professores se
transformassem em militantes ideológicos, usando as salas de aula não mais para
ensinar conteúdo de forma minimamente objetiva, mas para “transformar a
sociedade”, para “formar novos cidadãos”, naturalmente marxistas empenhados na
causa utópica, como o próprio Freire. A doutrinação ideológica ganhava ares de
justiça, graças ao pedagogo marxista.
Contra o “fatalismo pragmático” dos “neoliberais”, Freire
oferecia a “conscientização”, ou seja, os professores deveriam mostrar as
“injustiças” do sistema capitalista, da globalização, conscientizando os alunos
da necessidade de luta, de revolta contra os ricos, já que, para ele, a riqueza
era fruto da exploração da pobreza, era uma “agressão” contra os desvalidos.
Postura minimamente neutra do professor, que oferece ao
aluno diferentes pontos de vista, dá espaço ao contraditório, deixa o próprio
jovem desenvolver um pensamento crítico e tirar suas conclusões por conta
própria? Isso é uma ilusão que atende somente às elites opressoras. A prática
educativa, diz Freire, é política por definição, não pode ser neutra, e por
isso o professor “progressista” pode, deve levar todo seu viés para dentro de
sala de aula.
Era a desculpa perfeita para militantes medíocres se tornarem
“professores” e encherem a cabeça de nossa juventude com porcaria
revolucionária. Hoje, os sindicatos dos professores, ligados aos partidos de
extrema-esquerda, dominam o ensino público, todos inspirados em Freire. Nas
aulas, o assassino Che Guevara é tratado como herói idealista, os invasores do
MST como instrumentos de “justiça social”, e o lucro capitalista como
exploração injusta.
“Nunca me foi possível separar em dois momentos o ensino dos
conteúdos da formação ética dos educandos”, escreve ele em “Pedagogia da
autonomia” (tem ainda a do oprimido, a da solidariedade, a da esperança...). O
pequeno “detalhe” é o que ele entendia como “formação ética”, claro. No caso,
era “formar” novos seres “conscientes” de sua situação de oprimidos, para que
reagissem contra as “injustiças do sistema”. Ou seja, criar soldados
comunistas!
Caso alguém ainda tenha dúvidas acerca de seus objetivos, ou
pense que exagero na interpretação, deixemos o próprio explicar melhor: “Quando
falo em educação como intervenção me refiro tanto à que aspira a mudanças
radicais na sociedade, no campo da economia, das relações humanas, da
propriedade, do direito ao trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto à
que, pelo contrário, reacionariamente pretende imobilizar e manter a ordem
injusta”.
Ou seja, de um lado temos os “progressistas” como ele, que
querem salvar a humanidade das garras capitalistas e levar prosperidade aos
mais pobres; do outro temos os “reacionários” e “neoliberais”, que pretendem
apenas manter o quadro de exploração da miséria alheia. E esse “educador” virou
o patrono da educação brasileira!
Deixo o comentário final com Dom Lourenço de Almeida Prado,
esse sim um grande educador que o país teve, reitor por anos do prestigiado
Colégio São Bento: “É uma lástima que o meio católico se tenha deixado
contagiar por esse mestre equívoco da pedagogia que é Paulo Freire e por essa
falsa elaboração que chama educação libertadora. Na verdade, ela nada tem de
libertadora, como nada tem de pedagogia. É uma campanha política, de fundo
marxista, isto é, fundada no dogma da luta de classes e na divisão da
humanidade entre opressores e oprimidos”.
Fonte: Puggina.org
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Rodrigo Constantino é economista
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