Por Luis Dufaur
Francisco I em Sarajevo onde um imprevisto
quebrou sua
férula
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Passados poucos dias da publicação da muito aguardada
encíclica sobre o meio ambienteLaudato Si’ do Papa Francisco I, a
expectativa vem deixando o lugar ao desinteresse, à decepção e, com inusitada
força, à crítica pela imersão em matérias que não corresponde à Igreja se
pronunciar.
Sem dúvida, os assessores do Papa Francisco se esforçaram para manipular
realidades materiais, científicas e econômicas para encaixa-las num cenário
passível de um juízo moral ou religioso.
Porém, o recurso foi mal sucedido e a Laudato Si’ parece ser
ter virado contra a intenção original. O resultado tem sido uma crítica nutrida
por parte de fontes católicas que desaprovam a distorcida intromissão na seara
científica e econômica.
Do lado do ambientalismo radical e da teologia da libertação não faltaram carregados
elogios ideológicos que duraram poucos dias.
Do lado católico, especialmente daqueles profundamente interessados pelo bem
dos homens e especialmente dos pobres, vieram notáveis contravapores.
Fazemos votos para que elas ajudem a corrigir o tom verde-vermelho que assumiu
a malograda redação final da Laudato Si’.
Nessa perspectiva reproduzimos a continuação uma dessas críticas formulada pelo
jornalista Miguel Angel Belloso, diretor da revista ‘Actualidad
Económica’ de Madri, vice-presidente do Observatório do Banco Central
Europeu, membro da Fundação de Estudos Financeiros e do Conselho Econômico e
Social da Comunidade de Madri.
Um Papa pessimista e injusto
Sempre considerei a fé como
um motor de esperança e de alegria. Professei também uma grande admiração pelos
papas João Paulo II e Bento XVI.
Nenhum deles deixou de assinalar os grandes desafios que a humanidade enfrenta,
mas ambos mostraram uma grande confiança no indivíduo e contemplavam o mundo
com o otimismo próprio do crente.
Em muito pouco tempo, o Papa Francisco impulsionou uma revolução na Igreja.
A sua nova encíclica, "Laudato si", a sua carta pastoral
"Evangelii gaudium", assim como as suas frequentes
intervenções nos foros públicos refletem um pessimismo ontológico perturbador.
Segundo Francisco, o mundo está a desmoronar-se à nossa volta sem que façamos
qualquer coisa para o evitar. Os pobres são cada vez mais pobres. As
desigualdades são maiores do que nunca e os bens necessários para sustentar a
vida humana são cada vez mais inacessíveis.
Mas estas ideias, lançadas sem o acompanhamento de um único dado, como
se fossem um dogma de fé, não resistem à mais pequena análise empírica e estão
completamente erradas.
Se já é duvidoso do ponto de vista científico que estejamos em presença
de uma mudança climática originada pelo homem, e não por circunstâncias
relacionadas com a natureza do planeta, é falso que o crescimento econômico
aumente a degradação do meio ambiente.
Num editorial publicado no Catholic Herald Philip
Booth escreve:
"Como é habitual, as análises de Francisco sobre o estado
econômico do mundo são tremendamente pessimistas.
“É correto dizer-se que a poluição origina mortes prematuras e muitos
argumentam que as mudanças climáticas estão por trás dos efeitos nocivos.
“Mas, por outro lado, o cenário subjacente é umincremento colossal da
esperança de vida e da saúde como consequência do desenvolvimento
econômico. E em muitas zonas do mundo, o ambiente está a melhorar
espetacularmente."
Francisco I recebe ao líder do MST, João Pedro Stédile
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Assim é: se se quiser abordar com honestidade o
problema, este não reside nos países ricos mas naqueles onde não funciona a
economia de mercado ou não existe liberdade nem democracia.
A China, por exemplo, é dos mais contaminantes.
Durante a maior parte do século XX, os Estados comunistas foram os que
tiveram mais poluição e um ambiente mais degradado, enquanto os capitalistas
limpavam a atmosfera de elementos tóxicos.
Há solução para os problemas do meio ambiente mas esta não se encontra na
ecologia, que com o pretexto de tornar-nos a vida mais agradável apoia o
intervencionismo político e quer travar o progresso técnico e o desenvolvimento
econômico.
A solução depende de que cada vez maiores partes do mundo se incorporem no
mercado e se orientem para ele.
Um estudo recente do Banco Mundial indica que o número de
pessoas que vivem com menos de 1,25 dólares por dia – o limiar da
pobreza – diminuiu em mais de 30% desde 1981, e um relatório da
Universidade de Oxford, que corrobora outro similar da ONU – pouco suspeita de
ser capitalista –, confirma esta descida dramática e augura que a
pobreza será completamente erradicada nos países em desenvolvimento nos
próximos 20 anos se os progressos se mantiverem ao ritmo atual.
A Associação Americana para o Avanço da Ciência também assinala que a
esperança de vida aumentou sustentadamente desde há 200 anos, devido à
diminuição das doenças cardiovasculares nos países ricos e à menor mortalidade
infantil nos pobres.
Se fizermos comparações estatísticas entre os países mais orientados para o
mercado e os menos, comprovaremos que são os primeiros os que providenciam
melhores condições aos desfavorecidos.
O que melhora os níveis de vida é a industrialização e o livre comércio e não
as economias dirigidas ou autossuficientes.
E são também aqueles que impulsionam as migrações das zonas rurais para as
cidades, que não são os lugares sujos e desagradáveis que Charles Dickens
descrevia, mas antes uma oportunidade para ganhar um salário mais alto e viver
confortavelmente.
Nos países emergentes, mil milhões de pessoas entrarão na incipiente classe
média nas próximas duas décadas, de modo que a desigualdade global também está
a diminuir.
Apesar de os meios de comunicação sugerirem o contrário, o número de
conflitos civis e de guerras está no ponto mais baixo da história, segundo a
ONU.
Estes são os dados, mas é como se a verdade fosse uma inconveniência
para Francisco e para o conjunto da esquerda.
Francisco I e o ditador comunista cubano Raúl Castro
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Francisco é um Papa decididamente político, um socialista
convencido de que se a humanidade exibe resultados tão desastrosos é
porque os seus dirigentes renunciaram ao seu papel executivo, que bem orientado
daria lugar a um mundo melhor do que o governado pela força espontânea dos
indivíduos atuando livremente no mercado.
Muitas das opiniões da sua última encíclica são inaceitáveis, inapropriadas
ou infundadas.
Engana-se quando diz que a salvação dos bancos foi feita à custa da população,
pois a falência foi evitada para garantir as poupanças dos mais necessitados.
A imaginária submissão da política aos poderes financeiros, às multinacionais
ou à tecnocracia destila um aroma a um esquerdismo antiquado que
não resiste a um único assalto: mesmo nos países mais livres e democráticos, o
peso do Estado e a intervenção dos políticos na vida econômica são tão perniciosos
como dispensáveis.
Francisco chega a ser ofensivo ao assegurar que a propriedade
privada não pode estar acima do bem comum, quando é precisamente ela que o
origina.
Só o que se considera próprio estimula o cuidado e a atenção das pessoas para o
preservar e enriquecer, quer seja uma quinta ou uma reserva de elefantes,
enquanto o público, como mostra a experiência, é habitualmente pasto da
negligência e do saque dos que, não se sentindo envolvidos, o maltratam e
exploram por o considerarem alheio.
Nesta desastrosa encíclica, Francisco segue a narrativa
segundo a qual o chamado neoliberalismo despojou o mundo das suas naturais
abundância e bondade.
A partir desta concepção nostálgica e pessimista incita os governos à ação para
reverter as perdas materiais das últimas décadas.
Mas nem estas foram tão grandes nem a ação do governo é o meio mais conveniente
para procurar o bem comum.
Os católicos tiveram muito azar com este Papa.
Converteu-se num poderoso aliado das teses errôneas da esquerda que
nunca proporcionaram o bem-estar geral e sustenta umas posições infelizes que
casam muito mal com o seu papel de líder religioso mundial.
(Fonte: Diario
de Notícias, Lisboa, 26 junho 2015).
P.S.: no dia 8 de julho (2015) o presidente da Bolívia Evo Morales
presenteou o Papa Francisco com um crucifixo entalhado sobre o símbolo
anticristão da foice e o martelo, informou a imprensa
internacional.
O símbolo comunista presidiu perseguições que fizeram centenas de milhares de
mártires no mundo, e mais de cem milhões de assassinatos no século XX, conforme
dados do Livro
Negro do Comunismo. Ver também: O
maior crime da História
“Tal vez, tem razão quando falam de ‘opio do povo’ porque nós desencarnamos
nossa fé”, escreveu esse teólogo libertário segundo Infovaticana.
A deficiente gravação do som permitiu encontradas interpretações das palavras
do pontífice nesse momento.
O Pe. Lombardi S.J., porta voz da Sala Stampa da Santa Sé e membro da comitiva
vaticana esclareceu que “o papa não teve nenhuma reação particular a isso e nem
me disse de manifestar reação particular diante disso”, noticiou a CNN
em espanhol.
O Pontífice recebeu sorridente o presente e o levou consigo.
Por sua vez, o líder do MST, João Pedro Stédile, declarou à Folha:
“Os capitalistas têm lá o G7, o Obama, a Angela Merkel. Os trabalhadores têm
quem? Chávez morreu, Fidel está doente. O Francisco tem assumido esse papel de
liderança, graças a Deus. Ele tem acertado todas”.
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