Por Robson Merola de Campos
Seria motivo de sonoras risadas se não fosse tão
preocupante. Refiro-me ao programa eleitoral do Partido dos Trabalhadores que
foi transmitido na noite de 05/05/2015 em cadeia nacional de rádio e televisão.
Esqueça o fato de que a presidente Dilma Rousseff não apareceu no programa,
exceto em uma muda pontinha de menos de um segundo. Ignore a grandiloquência do
texto pronto, redigido por profissionais regiamente remunerados, e interpretado
– sim senhor, interpretado – por dois atores que parecem ser pessoas comuns,
que você gostaria de convidar para um bate-papo acompanhado de uma bebida.
Finja que não está vendo as imagens cuidadosamente elaboradas, com
atores/figurantes escolhidos a dedo. Nada disso é importante, nem a fotografia
espetacular, apesar de fazer o conjunto harmônico, impactante e agradável aos
mais desavisados.
Aliás, é justamente aqui que devemos começar a concentrar
nossa atenção: aqueles 600 segundos de propaganda eleitoral cuidadosamente
elaborada foram dirigidos não para a nação brasileira, como um todo, mas para
uma parcela da nação. Aquela parcela que sempre é alvo da propaganda
petista/esquerdista/comunista: os mais desavisados; aqueles que acreditam em
tudo que veem, que não possuem senso crítico. Aqueles que acham que é verdade
porque apareceu na televisão. Perdoem-me a crueza das palavras, mas, o tempo da
elegância já se foi. O PT, mais uma vez, mira na população mais pobre do país,
e dispara tiros certeiros, pois, não é de hoje que eles têm aperfeiçoado a técnica.
Se a luta armada fracassou no passado, nos dias atuais, a batalha da
comunicação tem sido ganha com louvor pela esquerda do Brasil. Duvida? Vide o
resultado das últimas eleições presidenciais...
É evidente que esse mesmo programa eleitoral já rendeu
derrota política ao partido governista, no mesmo instante em que era
transmitido. A famosa PEC da bengala, foi votada pelo Congresso Nacional no
final da noite de 5 de maio e entrará em vigor imediatamente. Os juízes de
tribunais superiores passam a se aposentar com 75 anos, e não mais 70 anos. Com
isso, a presidente Dilma poderá deixar de nomear mais cinco integrantes do STF
durante o restante do seu mandato (se ela estiver lá até o final...). Fraco
consolo tendo em vista o aparelhamento do STF pela máquina petista (lembre-se
dos empreiteiros presos por ordem do Juiz Federal Sergio Moro e que foram
soltos pelo STF há poucos dias!). O PMDB, que em tese integra a base
governista, não gostou nem um pouco de ver Lula criticando o projeto de lei da
terceirização, mas, “esquecendo-se” de mencionar que o Planalto enviou diversas
medidas que retiram ou diminuem direitos dos trabalhadores brasileiros, entre
elas, o endurecimento das regras para acesso ao seguro-desemprego. Isso, em
plena recessão, quando trabalhadores perdem seus postos de trabalho aos
milhares... E esse mesmo PMDB já mandou um recado para o Planalto: o caldo vai
engrossar!
Ora, será que a cúpula do Partido dos Trabalhadores (leia-se
Lula) não havia previsto tal revés no Parlamento? Difícil acreditar, pois,
estão no poder há mais de uma década... Sabem como são “sensíveis” nossos
políticos. Porém, Lula e o PT, estão acostumados a fazer e acontecer no país,
sem se importar com as consequências. Aliás, o aparelhamento do Estado está aí
é para isso mesmo: minimizar ou eliminar consequências (olha o STF aí de
novo!). Então, se tais derrotas no Parlamento eram previsíveis, por que o PT
adotou tal tática que em termos políticos mais parece suicida, pois retira do
governo Dilma Rousseff apoio fundamental do Congresso? A resposta parcial pode
ser encontrada na fala do ex-presidente Lula, durante sua participação no
referido programa. Mais uma vez, Lula prega a cizânia no país, persuadindo os
“pobres” que ele e seu partido estão ao seu lado, e todos os outros estão
contra. Cita especificamente o Projeto de Lei que trata da terceirização. E usa
a palavra “luta” diversas vezes, como um verdadeiro mantra. Lula pode ser
tachado com diversos adjetivos negativos ou positivos, mas um defeito não lhe
pode ser atribuído: burro ele não é. E antes de torcer o nariz ou parar de ler,
lembre-se que se Lula fosse estúpido, não teria sido eleito presidente por duas
vezes e nem teria pegado uma ilustre desconhecida e comprovadamente
incompetente e a transformado em Presidente da República. Lula sabe
perfeitamente do que estava falando e para quem estava falando. Percebe que as
portas estão paulatinamente se fechando para ele e para o seu partido. Mais
cedo ou mais tarde, algum investigado em uma das inúmeras operações levadas à cabo
pela Polícia Federal falará. E o nome de Lula será incluído no rol dos
investigados/denunciados pelos crimes que cometeu.
Acuados como estão, Lula e o PT, já estão programando o
próximo passo: convencer uma parcela significativa da população que eles e
somente eles são os responsáveis pelos avanços sociais dos trabalhadores do
Brasil. Que Lula e seu PT foram os únicos responsáveis pela ascensão social das
classes mais baixas (que incrivelmente continuam dependendo das benesses
governamentais – bolsa família e etc.). Que todos os outros, inclusive o grosso
do Parlamento, estão contra os pobres. Que ele, Lula, é o salvador da pátria (e
como os brasileiros gostam de um “salvador da pátria”!). Que ele, Lula, é o
santo visionário que poderá tirar o Brasil do buraco. E que, se por ventura,
alguém disser algo contra é porque está mentindo e quer devolver os
trabalhadores/pobres brasileiros “para o início do século passado, quando eram
cidadãos de terceira classe”. É preciso o devido cuidado antes de desprezar de
plano a argumentação petista/lulista. Repito: estúpido Lula não é. Ele está
usando a mesma arma (o marketing) que assegurou ao seu partido pelo menos três
vitórias consecutivas em eleições presidenciais. Não seriam quatro, perguntaria
o leitor atento? Não, respondo eu. Explico: tenho sérias dúvidas sobre a lisura
do último processo eleitoral.
Ao final da propaganda petista há um chamamento para a
militância e simpatizantes para comparecerem ao Congresso do PT que ocorrerá em
Salvador – BA no próximo mês. Aquele mesmo congresso, que, divulgou seu caderno
de teses tendo na capa o sugestivo título “um partido para tempos de guerra”.
Que ninguém se iluda. O Brasil está a beira da ingovernabilidade. O caos
econômico e social está batendo à porta. Saúde, educação, segurança pública
estão entregues às traças. A calculada inabilidade política do PT e o aparente
distanciamento entre o partido e a presidente Dilma serve a um propósito claro.
Preparar o caminho para inflamar as massas. Pode ser que tenham sucesso ou não.
Mas, em hipótese alguma podemos ignorar a possibilidade. Nicolau II ignorou os
avisos do embaixador britânico Sir George Buchanan sobre a grave situação da
Rússia, no início do século passado. Resultado: a sua abdicação forçada e
consequente execução juntamente com sua família, pelos bolcheviques liderados
por Vladimir Lênin. E o início de um dos períodos mais sombrios da história da
humanidade com a dominação comunista. No Brasil dos dias atuais, não existe
monarquia. Mas, o alvo que os petistas/esquerdistas/comunistas miram é bem
claro: a elite. E por elite, considerem-se todos que não comungam com o ideário
deles. Se os petistas alcançarão seus objetivos dependerá muito mais de todos
nós, que nos opomos a esse projeto de poder, do que deles. As armas petistas/esquerdistas/comunistas
já são conhecidas. Seu poder de manipulação também. Se nós, patriotas,
cruzarmos os braços e ficarmos somente esperando, pode ser que um dia, tal qual
Nicolau, tenhamos um triste fim. O Brasil não merece isso. Justamente por isso,
a velha máxima dos soldados profissionais deve agora, mais do que nunca, ser
colocada em prática: “se quiseres a paz, prepara-te para a guerra”!
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Robson Merola de Campos é advogado.
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