Por Revista VEJA
Dilma fala em cadeia de rádio e TV no Dia Internacional da
Mulher - 08/03/2015(Reprodução/VEJA)
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Enquanto presidente usa pronunciamento de rádio e TV para se
explicar sobre crise econômica, brasileiros vão às ruas e promovem panelaço
contra discurso de tom eleitoral em São Paulo, Rio, Brasília e Belo Horizonte
Em meio à maior crise política do Brasil desde o escândalo
do mensalão, a presidente Dilma Rousseff recorreu na noite deste domingo a um
pronunciamento em cadeia nacional de televisão para dizer o que muitos
brasileiros demonstraram não ter mais paciência para ouvir. Nas ruas dos
maiores Estados do país - São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de
Brasília - e nas redes sociais, a população protestou enquanto a petista falava
na TV com 'buzinaço', críticas e gritos pedindo sua saída do cargo. Foi um
"aperitivo" do que o país deverá vivenciar no próximo dia 15 de
março, quando estão agendados protestos nas cinco regiões contra a presidente.
Com raras aparições desde que foi reeleita na mais acirrada
disputa presidencial desde a redemocratização do país, Dilma usou uma data
internacional - Dia da Mulher - para ir à TV. Mas, como tem feito desde 2014,
aproveitou para transformar o espaço num palanque eleitoral fora de época e
usar os 16 minutos na tela se defender do lamaçal de denúncias que atinge o
Palácio do Planalto, o PT e os partidos satélites da coalizão governista,
agravados com a chegada da crise do petrolão à classe política.
Foi a o primeiro pronunciamento de Dilma Rousseff em cadeia
de rádio e televisão em seu novo mandato. Alheia à gravidade das crises
econômica e política que atingem seu governo, Dilma mencionou o ajuste fiscal
proposto pelo governo e o maior propinoduto da história brasileira, que sangrou
a Petrobras. Ainda ecoando o discurso eleitoral contra os
"pessimistas" - embora os protestos nas ruas e nas redes sociais não
tenham sido organizados por nenhum partido --, a presidente afirmou: "Se
toda vez que enfrentamos uma dificuldade pensarmos que o mundo está acabando ou
que precisamos começar tudo do zero, só faremos aumentar nossos
problemas", disse.
Ao tratar da corrupção, a presidente falou de
"fortalecimento moral e ético" e tentou vender a imagem de que seu
governo é responsável pelas investigações. "É isso, por exemplo, que vem
acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa dos episódios lamentáveis
contra a Petrobras".
Quando defendeu o ajuste fiscal adotado para resolver
problema que ela mesma criou, Dilma afirmou que é preciso paciência e prometeu
que "um tempo melhor" chegará em breve: "O esforço fiscal não é
um fim em sim mesmo, é apenas a travessia para um tempo melhor que vai chegar
rápido e de forma ainda mais duradoura".
Ciente da revolta que gerou os reajustes na conta de luz e a
volta da inflação, Dilma disse que a população tem o "direito de se
irritar", mas que o "aumento e o sacrifício" são
"temporários". "Peço paciência e compreensão porque essa
situação é passageira."
Dilma também reservou espaço para dar sua contribuição à
chamada "batalha da Comunicação", encampando a campanha bolivariana
do Partido dos Trabalhadores contra a imprensa livre. Ela criticou os jornais e
tentou dar sua versão dos fatos, ainda que elas sejam reeditadas da campanha de
2014. A presidente disparou frases como "os noticiários confundem mais que
esclarecem" e disse que o país "nem de longe está vivendo uma crise
na dimensão que dizem alguns". Segundo Dilma, as críticas ao governo são
"injustas e desmesuradas". Nas redes sociais, o Planalto e o PT, que
já haviam detectado a organização do "Fora Dilma", convocaram uma
reação para tentar abafar o clamor popular.
Para justificar o ajuste fiscal, ela afirmou que o Brasil
agora começa uma segunda etapa de combate à crise econômica mundial, mais uma
vez resgatando o argumento de que esta foi a pior da história depois da quebra
da Bolsa de Nova York, em 1929. Ela se referia à crise de 2008 e retomou uma
escusa que pouco explica: "Não havia como prever que a crise internacional
demoraria tanto".
A presidente citou medidas como a redução de subsídios ao
crédito, desoneração de impostos dentro dos limites suportáveis e novas
concessões e parceiras com o setor privado. Disse que o governo federal projeta
uma "primeira reação" no segundo semestre deste ano, mas avisou:
"Esse processo vai durar o tempo que for necessário para reequilibrar a
nossa economia."
Em mais uma afirmação descolada da realidade, Dilma jurou
respeitar promessas que já descumpriu. "Não vamos trair nossos
compromissos com os trabalhadores e com a classe média nem deixar que
desapareçam suas conquistas e seus direitos".
O fim do discurso, em um tom emocional e com uma trilha
sonora musical de fundo, a presidente pregou o otimismo: "O Brasil é maior
do que tudo isso e já mostrou muitas vezes ao mundo como fazer melhor e diferente".
NINGUEM MAIS CAI NESSA !!!!!!!!!!!!
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