Por Gazeta do Povo
No caso de Dilma, 17 pedidos foram arquivados e dois estão
em processamento - analisados atualmente pelo núcleo
jurídico da presidência da
Câmara
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Apesar dos vários grupos que marcaram protestos para o
domingo, 15, por meio das redes sociais, um processo de impeachment só pode ser
instaurado pela legislação brasileira através do processo de abertura na Câmara
dos Deputados
Às vésperas das manifestações que prometem levar milhares às
ruas do País para protestar contra o governo e pedir o impeachment da
presidente Dilma Rousseff (PT), ela conta com 19 pedidos formais de impeachment
protocolados junto à Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados,
considerando seu primeiro governo e o segundo mandato em andamento.
Apesar dos vários grupos que marcaram protestos para o
domingo, 15, por meio das redes sociais, um processo de impeachment só pode ser
instaurado pela legislação brasileira através do processo de abertura na Câmara
dos Deputados. Dilma chegou à marca de 19 solicitações na última quinta-feira,
12, com o pedido protocolado pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
O número já é maior que o registrado nos dois mandatos de
Fernando Henrique Cardoso, que ficou no poder de 1995 a 2002, e teve
registrados contra ele 17 pedidos. Mas a petista está ainda bem atrás do seu
antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que com o boom de pedidos durante o
período das denúncias do mensalão, chegou a 34 pedidos nos seus dois mandatos -
de 2003 a 2010.
Todos os pedidos para Lula e FHC foram arquivados pela
presidência da Câmara, ou seja, não chegaram a ser apreciados pelo Congresso
Nacional. No caso de Dilma, segundo constam das informações fornecidas à
reportagem pela Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, 17 foram arquivados e dois
estão em processamento - são analisados atualmente pelo núcleo jurídico da
presidência da Câmara.
O deputado Paulinho (SD-SP) promete levar o número de Dilma
para 20, ao ter lançado também nesta última semana, uma campanha do Solidariedade
para recolher assinaturas em uma solicitação popular de impeachment da
presidente. Tal feito seria inédito, já que todos os pedidos protocolados até
hoje foram feitos por indivíduos, parlamentares ou grupos pequenos de pessoas.
Entre os pedidos feitos por políticos, Dilma teve esse
último do Bolsonaro e um, feito em 2014, pelo então senador Mário Couto
(PSDB-PA). Ela também foi alvo do pedido protocolado por Matheus Sathler, em
2014, que foi candidato a deputado federal pelo PSDB no Distrito Federal. Os
demais pedidos são de “cidadãos”. Um único cidadão, o advogado Luis Carlos
Crema, é responsável por cinco pedidos contra Dilma. Dos 19 pedidos de
impeachment contra a petista, cinco são deste segundo mandato e 14 registrados
de 2012 a 2014.
Era Lula
O presidente Lula registrou o dobro de pedidos de
impeachment na Câmara que seu antecessor, chegando a 34 solicitações
registradas. O número se deveu em grande parte à explosão de protocolos a
partir de 2005, quando do escândalo do mensalão. Apenas um pedido foi
registrado contra Lula no ano de 2003 e um em 2004. Já 2005 concentrou 13
pedidos e 2006 teve 12.
A partir de 2007, o petista viu os registros caírem, em um
momento em que a economia estava em uma maré positiva e quando Lula recuperava
estabilidade política no segundo mandato. No ano de 2007, a Câmara recebeu três
registros de pedido de impeachment contra Lula, em 2008 não houve pedidos e em
2009 houve um. Em 2010, ano eleitoral, o número voltou a subir um pouco, e
foram registrados três pedidos para que Lula fosse afastado da Presidência.
O mesmo cidadão, advogado Luis Carlos Crema, protocolou três
pedidos de impeachment de Lula. A maioria dos demais pedidos registrados na
Câmara são de “cidadãos”, entre eles um do jornalista D iogo Mainardi -
colunista da revista Veja. Apenas um pedido contra Lula foi feito por um
parlamentar. Alberto Goldman, em 2005, à época deputado federal pelo PSDB em
São Paulo, protocolou o pedido.
Era FHC
O governo Fernando Henrique também viu uma calmaria de
pedidos no início de seu primeiro mandato, ainda na fase de “lua de mel” com o
eleitorado e com o impulso positivo do início do plano Real. Em 1995 e 1996, o
então presidente não viu protocolado nenhum pedido de impeachment contra ele.
Em 1997, houve um registro, do então deputado Nilson Gibson (PSB-PE) e em 1998
não houve protocolo contra FHC.
Em 1999, após a reeleição e em um momento econômico e
político ruim a partir da adoção do câmbio flutuante, o tucano viu crescerem os
processos registrados contra ele. Foram cinco em 1999, um em 2000, 8 em 2001 e
dois em 2002. Na era FHC, ao contrário da era petista, a maioria dos protocolos
de impeachment foram assinadas por deputados, o que evidencia uma maior atuação
da oposição. Dos 17 pedidos, 11 foram feitos por deputados. Em 1999, um dos
pedidos era assinado por um conjunto de políticos, entre eles os deputados à
época José Genoino (PT-SP), Luiza Erundina (PSB-SP) e Miro Teixeira (PDT-RJ).
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