Por Percival Puggina
Doravante, cada vez mais, você ouvirá falar de "Pátria
Grande". A expressão é cunhada nas elucubrações do Foro de São Paulo.
Designa a unidade geopolítica a ser construída através da exportação do
comunismo cubano e venezuelano aos demais países da outrora chamada América
Latina ou Ibero-América, em marcha para se tornar "Pátria Grande".
Pátria grande uma pinoia!
Exceto nas cabeças petistas (assista vídeos de Lula e Rui
Falcão aqui), o Brasil nada tem a ver com essas pequenas nações que outrora
integraram a Coroa espanhola. Se elas sonham com deitar à sombra da economia
brasileira, se creem que continuarão, vida afora, contando com as
prodigalidades proporcionadas pelo governo petista em seus sonhos de hegemonia
continental, podem armar suas redes noutras varandas. Tivemos origem diversa,
cursamos rumos diferentes na História e os dias do PT estão contados. Julgo oportuna
esta advertência porque, do jeito que a coisa vai, em breve haverá cubanos,
bolivianos, salvadorenhos e nicaraguenses fazendo projetos com os recursos do
pré-sal... Vamos parar com isso! E vamos parar já.
Um dos elementos da identidade brasileira cuja construção
inspira justificado sentimento de orgulho é a unidade do território e da língua
comum. Ao longo dos séculos, essa não foi uma conquista fácil. Não nos faltaram
invasores nem traidores. Não nos faltaram divisionistas e, em muitos momentos,
não nos faltaram motivos para a divisão. A América Espanhola, seja como
território, seja pelo vulto dos recursos populacionais, seja pelos minerais
preciosos disponíveis para o custeio do povoamento, andou melhor e ensejou mais
rápida prosperidade ao projeto da Coroa espanhola. Portugal, a seu turno, era
carente de recursos humanos e materiais e o Brasil nunca lhe foi fonte de
abundantes riquezas. Povoar defender um país continental, guardar a extensa
Costa Atlântica, muito acessível à cobiça de ingleses, franceses, holandeses,
envolveu gastos elevadíssimos. No entanto, enquanto o Brasil permaneceu unido,
eles se dividiram e pagam a conta da divisão. Agora os bolivarianos querem
"Pátria Grande". E conosco...
Quando, no início do século 19, Napoleão invadiu a Península
Ibérica, a Coroa portuguesa percebeu que deveria mudar-se para o Estado do
Brasil. O Brasil era, desde sempre, Província e Estado de Portugal como
qualquer outro Estado lusitano. O ineditismo caracterizado pela transferência
da Coroa para América foi motivo de surpresa em Portugal e de alegria no
Brasil. Cogitaram do mesmo, mas não levaram a cabo suas intenções, os reis de
Espanha, Carlos IV e Maria Luísa. Essa hesitação e demora, ensejou a invasão
francesa e a designação de José Bonaparte para o trono espanhol. Nesse momento
rompeu-se o laço com a matriz ibérica e com os Bourbons, desencadeou-se uma
sucessão de fracionamentos e surgiram muitas novas nações, governadas por
caudilhos e déspotas locais. Já o Brasil, com D. João, D. Pedro I e D. Pedro II,
manteve-se uno, seja nas guerras da Independência, seja nas da República.
Essa história e nossa identidade não são patrimônio de
desmiolados que deveriam estar declamando noutra freguesia seus projetos de
Napoleão de hospício.
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Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de
Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões,
integrante do grupo Pensar+.
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