Por Nilson Lage
Antes que se comece o papo de sempre, com uma porção de
pessoas xingando as outras, defino minha visão pessoal consolidada sobre o
objeto.
Marina Silva pode ser excelente pessoa, mas é o anti-Brasil.
Nascida de esquerdismo primitivista e romântico, ostenta uma
subcultura enfeitada com palavras difíceis e frases sem sentido.
Odeia o agronegócio. Não no sentido de enfrentar os
herdeiros empresariais do velho coronelismo limitando suas ambições políticas,
organizar agricultores em cooperativas para exploração de produtos em condições
competitivas, ou criar arranjos produtivos que integrem a pequena propriedade
em unidades industriais ou núcleos de armazenamento, processamento e
comercialização.
É contra o agronegócio em si, contra aquilo que sustenta o
comércio externo do país. Extrativista, admite no máximo a agricultura de subsistência.
Esse aspecto de seu programa é que o mais agrada aos Estados
Unidos, que têm no Brasil sério concorrente real – e principalmente potencial –
no mercado de commodities agrícolas.
Esquerdista radical – no que esquerda e direita se abraçam,
comovidas, ao som de um bolero – não é contra o capitalismo (tanto que a
assessoram alguns de mais destacados intelectuais orgânicos do financismo
bancário), mas contra a “sociedade industrial” – isto é, a Embraer, as
siderúrgicas, as metalúrgicas…
É dos que odeiam hidrelétricas e acham construí-las na
Amazônia um crime contra os “povos da floresta”. Como termelétricas poluem e
usinas nucleares são perigosas, sugerem iluminar e mover este país de 200
milhões de pessoas com cata-ventos, quando o vento sopra.
Tirando o criacionismo, o horror aos transgênicos (não ao
patenteamento de novas espécies obtidas em laboratório, mas à ciência que
permite criá-los) e o uso abusivo dos conceitos em ciências humanas, nada
propõe em áreas do conhecimento.
Não tem suporte político além do aglomerado que se forma
conjunturalmente para colocá-la no governo ou atrapalhar o “inimigo”. É contra
“tudo que está aí”, pela gestão do Estado com a graça de Deus, espada da
Justiça, a confiança da Fé, a pureza da Inocência e iluminação da Sabedoria.
Fernando Collor, em 1989, era candidato bem mais consistente.
Muitos dos eleitores de Marina que conheço, principalmente
aqui no Sul do país, vêm nos últimos anos buscando na história da família algum
avô que lhes possa garantir uma “outra nacionalidade”. Pode até ser, então, que
tenham oportunidade de usá-la.
Fonte: Alerta Total
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Nilson Lage é Jornalista e Doutor em Jornalismo.
Originalmente publicado no Facebook dele.
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