Entrevista do General Marcos Felício, que redigiu o Manifesto: "Alerta à Nação: Eles que venham, por aqui não passarão!", à jornalista Tânia Monteiro – O Estadão - Em 14/03/2012
Nada fiz de ilegal", diz general autor do
"Manifesto à Nação"
Prezada Tânia:
Publique como está abaixo. Respeitei suas perguntas. Respeite
minhas respostas e a pequena pergunta que faço à entrada do escrito e que se
segue. Seja fiel ao que escrevi. Agradeço a oportunidade.
Respondendo a Você e a pessoas ditas defensoras dos direitos
humanos, inicialmente, pergunto o motivo pelo qual, tendo o Ministro da Defesa
tentado proibir e inclusive punir os militares da Reserva e reformados pelo
exercício de um direito sagrado, previsto na Constituição Federal que é o
direito da liberdade de expressão, nenhuma das entidades tais como a ABI,
ABERT, OAB e a Imprensa escrita, falada e
televisionada, dentre outras,
todas tão ciosas a esse respeito, nada declararam no sentido de que tal
direito fosse respeitado. Será porque têm algum ranço ideológico em relação aos
militares ou estão domesticadas pelo Governo e suas verbas e benesses?
Tânia : Gostaria que o senhor contestasse ou desse sua
opinião sobre essa tentativa do Ministério Público de reabrir casos de
desaparecidos no período militar e que eles alegam que se trata de crime continuado
e, portanto, não beneficiados pela lei da anistia.
Gen Marco Felício : Há procuradores que parecem querer
acusar militares por acusar, mesmo ao arrepio da lei. Parece uma tentativa de
auto-afirmação ou revanchismo pleno de viés ideológico. A lei da Anistia é
clara: Ampla, geral e irrestrita e isto foi confirmado, recentemente, quando a
OAB, que a havia aprovado em 1979, visando a pacificação da sociedade
brasileira, agora, voltando atrás, entrou no STF com ação defendendo
interpretação mais clara do Art 1 no que se refere aos crimes conexos de
qualquer natureza, quando relacionados aos crimes políticos. Sem dúvida,
pretendia a OAB abrir caminhos, fraturando a tão buscada reconciliação e paz
social, para a punição dos agentes do Estado, acusados de crime de tortura. O
STF rejeitou a ação, mantendo integralmente a validade da lei. Assim, não há
que reabrir casos de desaparecidos no período militar. Entrtetanto, os
procuradores, alegam que se trata de crime continuado e, portanto, segundo
eles, não beneficiado pela lei da anistia. Trata-se de uma afronta à lei da
Anistia que está em pleno vigor ! Repito : Ampla, irrestrita e geral !
Tânia : O senhor já foi chamado por alguém, ou recebeu
alguma punição?
Gen Marco Felício : Não ! Por qual razão deveria ser chamado
ou punido ? Nada fiz de ilegal.
Tânia: No Rio, o general Enzo fez uma reunião com os quatro
estrelas para "explicar" as razões do governo e conversar sobre os
últimos acontecimentos. O senhor sabe se isso já aconteceu em mais alguma outra
cidade?
Gen Marco Felício: Soube da reunião no Rio. Não sei do que
foi tratado e, também, não sei se alguma outra tenha ocorrido.
Tânia : O senhor acha que
tem fundamento reabrir estes casos? Como o senhor classifica esta
iniciativa? É revanchismo?
Gen Marco Felício : Não há que reabrir. É ferir a lei da
Anistia. É uma forma de revanchismo de cunho ideológico.
Tânia: O senhor acha que o governo deveria desestimular este
debate?
Gen Marco Felício: Estimulá-lo é buscar o confronto com
segmentos da sociedade que querem a conciliação e a paz social. Que se busquem
os desaparecidos, se é que existam, sem afrontar a lei da Anistia. Aliás, isso
já se faz conduzido pelo Ministério da Defesa, incluso com a participação de
militares. Enfatizo, também, que alguns “desaparecidos” já apareceram, “belos e
fagueiros”, esperando a provável e robusta indenização que receberão.
Tânia : Em alguns países da América Latina os textos das
leis de anistia foram revistas e militares estão indo a julgamento e até
condenados. O senhor teme que isso possa acontecer no Brasil?
Gen Marco Felício : O caráter nacional brasileiro é
completamente diferente daqueles dos demais países latino americanos, fruto da
formação de nossa nacionalidade da qual são as nossas Forças Armadas o verdadeiro
berço. São, também, as FFAA, responsáveis pela unidade nacional e liberdade de
que, hoje, desfrutamos. Por outro lado, nós militares, de qualquer tempo, não
podemos nos esquecer do que está gravado nas paredes do Gabinete do Cmt do
Exército : “Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora da agressão e
da adversidade, cumpriram o duro dever de se oporem a agitadores e terroristas,
de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia”.
Tânia : O senhor teme que a comissão da verdade conte a
história de um só lado?
Gen Marco Felício : A Comissão, pelas declarações das ministras dos Direitos Humanos e das
Políticas para Mulheres, respectivamente, e de outros membros do governo, pela
organização da mesma com a indicação de seus membros por quem não pode ser
imparcial e pela sua atuação unilateral, visando apenas os agentes do Estado,
será a comissão do revanchismo e da inverdade. Há que se dizer, também, da sua
inconstitucionalidade. Somente as comissões parlamentares têm, legalmente, o
poder que a comissão da verdade terá ilegalmente.
Tânia : Muitas pessoas ligadas aos direitos humanos
questionam por que militares mais novos, que não participaram do regime de 64,
que entraram para a Academia Militar até depois disso, ainda "insistem em
defender" o que aconteceu naqueles anos?
É um caso de defesa dos fatos que aconteceram ou é a
necessidade de colocar em julgamento quem matou dos dois lados?
Gen Marco Felício : Porque os militares mais novos conhecem
a realidade dos fatos. Nós, os mais antigos, seus formadores, não usamos a
mentira. Ensinamos apenas a verdade que os comunistas, hoje, no governo, querem
esconder, criando uma nova estória e se mostrando como paladinos da democracia,
dos direitos humanos e da justiça, o que nunca o foram. A verdade, a simples
verdade, é que aqui queriam implantar uma ditadura do proletariado por meio da
luta armada, justificando a violência indiscriminada de que usavam, terrorismo,
assassinatos, assaltos, seqüestros e justiçamentos, para atingir tal objetivo.
A velha máxima marxista : “Os fins justificam os meios”. Tais assertivas estão
claras em livros escritos por ex- militantes comunistas e a venda em qualquer
livraria.
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