Por Rômulo Bini Pereira
Mais uma vez uma grande decepção se delineia para o povo
brasileiro. Em depoimentos à Polícia Federal, o ex-diretor da Petrobrás Paulo
Roberto Costa declarou que políticos da base de apoio ao governo central
participavam de um esquema de corrupção envolvendo aquela empresa e grandes
empreiteiras. O fato implica nomes de expressão no cenário político atual e põe
o nosso governo no centro de um escândalo idêntico ou até maior que o
"mensalão".Advogados renomados e regiamente pagos certamente entrarão
nesse processo e, com base em trâmites jurídicos longos, prolongarão no tempo
os possíveis julgamentos finais. O povo brasileiro, conforme experiências
vividas no passado, já se manifesta com a costumeira assertiva: "Não vai
dar em nada!" - selo de descrédito em nossas instituições. É neste
ambiente conturbado que a eleição presidencial e as legislativas se aproximam.
Com o auxílio de marqueteiros e homens de comunicação social, prevê-se um
verdadeiro "vale-tudo", recomendado até mesmo por lideranças
políticas que nos governam.
A propaganda eleitoral mostra ainda o nível daqueles que
comporão o nosso Congresso e as Assembleias Legislativas. Com exceções, são
participações hilárias em que predominam excentricidades, direitos inatingíveis
e assistencialismos exacerbados. São representantes de 32 partidos com os
costumeiros objetivos de aproveitamento de futuros cargos públicos ou de
benesses dos governos central ou estaduais. Agora, com este novo escândalo,
está bem claro que a "base governamental" sempre teve como objetivo
evidente o apoio ao governo central em troca de favores e dinheiro público.
Fatos que causam indignação e revolta no nosso povo, que não merece um
Legislativo encabrestado pelo Executivo. Assim, a pobreza política do nosso
país continuará!
E o que se pode dizer do nosso Poder Judiciário? Com o êxito
alcançado nos julgamentos do "mensalão" e da atuação ímpar de seu
antigo presidente, tornou-se uma esperança para os brasileiros. Entretanto, a
presença ideológica e partidária em todos os seus níveis, uma execução penal
complexa e prolixa, ininteligível para a maioria do povo, são alguns dos
aspectos que comprometem a sua credibilidade. Sem contar o predomínio da
ab-rogação do mérito e as inúmeras indicações políticas que ferem o artigo 101
da Constituição da República. Neste país continental, com 200 milhões de habitantes,
onde imperam a permissividade e a impunidade, necessitamos de um Judiciário que
marque sua presença não só com justiça e isenção, mas também com celeridade e
punições mais severas no rigor da lei.
Talvez em razão dos fatos apresentados, as indagações quanto
às posições das Forças Armadas no atual sistema democrático em que vivemos se
avolumam nas redes sociais. "Só Deus e os militares nos poderão
salvar!" é o que se lê e se ouve nestes tempos de descrédito. E isso se
repete agora, como já ocorreu em épocas pretéritas.
O desmando dos governos, a corrupção em todos os níveis das
instituições, a situação econômica frágil, a Justiça comprometida, o nepotismo,
as mordomias, a falta de segurança são aspectos que, entre outros, fazem o povo
clamar. Aliás, tal clamor não vem somente da "zelite", como diz um
político e filósofo popular. Vem também das classes mais simples do povo.
Mesmo com uma campanha difamatória conduzida por alguns
órgãos de imprensa, ideólogos e intelectuais de esquerda e ainda integrantes do
mundo artístico, os militares continuam com a sua credibilidade em alta, acima
até de entidades religiosas; e estão se transformando em "válvula de
escape" do clamor popular, fora e dentro dos quartéis. Como fazem parte da
sociedade, os militares tudo ouvem, pelo menos, por enquanto, permanecendo o
silêncio obsequioso que adotaram. Esse silêncio, entretanto, está provocando
situações preocupantes. Nos programas dos candidatos presidenciais pouco se diz
a respeito das Forças Armadas.
Como se não fossem bastantes as ações unilaterais da
Comissão da Verdade, agora surge o parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal
(STF) pelo procurador-geral da República defendendo a revisão da interpretação
atual da Lei da Anistia. Quanto a esta nova interpretação - contrária à
definição propalada pelo STF em 2010 -, é de perguntar se ela também abrangerá
os diversos crimes praticados pelos radicais de esquerda, muitos deles
imprescritíveis.
A continuarem essa exclusão e atitudes revanchistas
flagrantes, as Forças Armadas, em 2015, também poderiam participar da Marcha
dos Excluídos, realizada em várias capitais do País logo após os desfiles do 7
de Setembro. Poderiam expor suas apreensões, seus anseios e vindícias, como
protesto contra as ações deletérias que vêm sofrendo.
É ainda pertinente falar do controverso Decreto 8.243/2014 -
também chamado de bolivariano -, elaborado pelo atual governo e que será
analisado pelo Congresso. Ele abre as portas para o ingresso de reais
"sovietes" no Ministério da Defesa e, em consequência, em nossas
Forças Armadas. O citado decreto consta dos programas das duas candidatas que
lideram as pesquisas e é uma das principais orientações dos intelectuais
gramscistas do Foro de São Paulo.
Em nosso país, para aqueles que não viveram o período que
antecedeu o movimento de 1964, políticos inescrupulosos fomentaram a divisão
entre oficiais e praças de nossas Forças, objetivando ferir frontalmente os
princípios basilares das instituições militares: a disciplina e a hierarquia. Essas
ações desagregadoras foram decisivas para a atitude adotada pelos líderes
militares da época.
Espera-se que nossas autoridades políticas estejam atentas
para os fatos assinalados e que atendam aos clamores de nosso povo. Ou, então,
tempos incertos e de descrenças estarão presentes em nossas instituições. E aí
a nossa democracia estará inexoravelmente fragilizada.
Fonte: A Verdade Sufocada
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