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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

7 de Setembro, A PARADA QUE DESEJAMOS

Por Paulo Ricardo da Rocha Paiva

Ainda outro dia localizei na “internet” o filme da parada de 7 de setembro em 1952. Não fabricávamos nada ainda em termos de material bélico. Entretanto, no respeitante ao armamento do Exército, este ainda exibia porte do aparato herdado pela Divisão de Infantaria Expedicionária (DIE), veterana da campanha na Itália. Que se diga, para 62 anos passados, comparado à pletora de meios de uma divisão brasileira dos dias atuais, naquela época, aqueles eram muito mais consistentes. O fato é que a “FEB”, em 1944, tinha poder de combate compatível para enfrentar uma DI do exército alemão. E hoje, será que uma divisão do EB conseguiria fazer frente a uma simples brigada blindada dos grandes predadores militares que nos espreitam?


É de chamar atenção o porte/efetivo das unidades que compunham os grupamentos de desfile que, naquele tempo, mesmo sendo inferiores aos de uma França nas paradas do dia “14 de julho”, pelo menos davam impressão de massa de militares com lastro para participar de uma guerra mundial, como efetivamente participamos. Interessante, também, é que estávamos ainda naquela fase do “petróleo é nosso”, não éramos autossuficientes quanto a este recurso e nem se pensava no pré-sal, mas as unidades motorizadas e blindadas não deixavam de fazer bonito com suas viaturas rodando pela Avenida Presidente Vargas.

Involução? Poupar gasolina? Dizem que “a economia é a base da porcaria”. Todavia, seguramente, quem economiza no século XXI, pelo menos em termos de defesa, num país com tamanha dimensão territorial e privilegiado por invejáveis riquezas naturais, só pode mesmo é viver com medo, chafurdar na subserviência, conviver na mediocridade.

Parece que estou vendo os “senhores da guerra” dando cambalhotas de tanto rir desta pretensão ridícula, sem pé nem cabeça, de integrarmos a “santa aliança” dos todo-poderosos membros permanentes do “CS/ONU”, máxime quando seus embaixadores e adidos militares costumam assistir, do palanque das autoridades, àquela passeata de nível gendarmeria mal equipada. Que não se duvide, no desfile de “14 de julho” da França, nossas Forças Armadas constituiriam o bloco dos “batalhões de excluídos” com este armamento de 2ª!

Por favor, vamos ter um pouco mais de brio, aparentar um resquício que seja de orgulho. Que se faça desfilar em nossa data magna não apenas grupelhos, mas todo o efetivo dos batalhões de infantaria, dos regimentos blindados e mecanizados, das unidades dos apoios ao combate e logístico. Vamos colocar “tijolos” compactos nas ruas, coronéis comandam corpos de tropa e não amostras esmaecidas de subunidades encorpadas. Não há mais lugar para desculpas esfarrapadas do tipo escassez de combustível impeditiva para o transporte do efetivo e desfile dos meios motorizados. Com a palavra a PETROBRÁS, que bem poderia, a título de teste da mobilização de seus meios, abastecer as viaturas orgânicas das unidades/tipo, patrocinando a gasolina/diesel para viabilizar, que fosse, um único dia de parada, digno de uma 6ª potência econômica mundial.

Como se não bastasse, fala-se muito atualmente em reaparelhar nossas Fraquezas Desarmadas, comprando, para variar na mesma gangue de “soldados universais”, carros de combate, submarinos e aviões de caça. O espanto é que não se pensa na munição. E se estes atores belicosos, países sérios, ciosos de seus interesses/objetivos nacionais, resolverem fechar a torneira? De que vão adiantar os “LEOPARD”, os “ESCORPENE” e os “GRIPPEN” da vida? O País ainda não se deu conta: não podemos mais depender do “cartuchame” proveniente da “gangue dos cinco” para nos defender. Isto é o cúmulo da falta de tenência, incompetência crônica, amadorismo “terceiro-mundista”.

“Presidenta”, senadores, deputados, acordem, saiam desta letargia psicodélica. Primeiro temos que nos habilitar a fabricar o projétil pertinente a ser lançado por cada um desses meios. Que se saiba, a IMBEL ainda não se capacitou neste mister. Em assim sendo, “não vamos nem matar a cobra nem mesmo mostrar o pau. ” Simplesmente, não vai dar nem para sair. Alguém já alertou a “comandanta em chefa” neste sentido? Olho vivo pé ligeiro! Voadas bem mais baixas, no meu tempo de quartel, implicavam, no mínimo, em responder à “revista do recolher”, imagine um voo insólito deste, de nível estratégico!

A propósito, os batalhões de infantaria do pantanal e os de selva já dispõem dos mísseis portáteis que se diz ter a AVIBRÁS condições de fabricar? Pense bem senhor ministro da defesa: apenas uma simples demonstração destas iria inquietar aqueles agentes da CIA, travestidos de “ongueiros”, que estão a infestar as nossas grandes regiões centro-oeste e norte.
                                                                                                                 
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior



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