Por VEJA
Colaborar com a Justiça poderia reduzir sua pena. Em VEJA
desta semana, contadora de Youssef desnuda esquema de corrupção
O doleiro Alberto Youssef (Folhapress/VEJA)
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Alvo de doze processos e pivô do esquema bilionário de
corrupção desbaratado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, o doleiro
Alberto Youssef já emitiu ao Ministério Público sinais de que estaria disposto
a fazer um acordo de delação premiada para livrar-se da cadeia. As informações
são do jornal Folha de S. Paulo. Youssef utilizou-se do mesmo expediente anos
1990, quando foi protagonista do escândalo Banestado – e conseguiu ficar em
liberdade. Entre seus clientes no esquema de desvios da Lava Jato estão as
maiores empreiteiras do país, parlamentares notórios e três dos principais
partidos políticos. Em VEJA desta semana, Meire Poza, a contadora de Youssef,
revela detalhes do esquema de propina. Nas últimas três semanas, a Meire
prestou depoimentos à Polícia Federal. Ela está ajudando os agentes a entender
o significado e a finalidade de documentos apreendidos com o doleiro e seus
comparsas.
Durante três anos, Meire manuseou notas fiscais frias,
assinou contratos de serviços inexistentes, montou empresas de fachada,
organizou planilhas de pagamento. Ela deu ares de legalidade a um dos esquemas
de corrupção mais grandiosos desde o mensalão. Meire sabe quem pagou, quem
recebeu, quem é corrupto, quem é corruptor. Conheceu de perto as engrenagens
que faziam girar a máquina que eterniza a mais perversa das más práticas da
política brasileira. A contadora confirma que parlamentares como o deputado André
Vargas (PT-PR) e o senador Fernando Collor (PTB-AL) se aliaram ao doleiro em um
esquema de lavagem de dinheiro que tinha prefeituras petistas como uma de suas
principais fontes de recursos. Ela também relatou como empreiteiras que mantém
contrato com estatais e órgãos públicos repassavam dinheiro para o esquema.
A investigação dos negócios de Youssef levou para a prisão
um poderoso exdiretor da Petrobras, revelou detalhes de transações ilícitas
tramadas nos gabinetes da estatal e está desatando um nó que amarra
empreiteiras acostumadas a pagar "comissões" por contratos
milionários a políticos que recebem para garantir que esses contratos se
viabilizem. Youssef era o ponto de contato entre esses interesses. Através de
uma rede de empresas que só existiam no papel, ele recolhia dinheiro das
empreiteiras e repassava parte dele a partidos, políticos e funcionários
públicos.
O doleiro e sua equipe de advogados avaliam que não há defesa técnica possível contra as provas que a PF já levantou contra ele, Paulo Roberto Costa (ex-diretor da Petrobras) e cerca de quinze empreiteiras. Segundo a Folha, os advogados avaliam que só restam a Youssef duas alternativas: tentar tirar do caso o juiz Sérgio Moro, linha-dura, ou remover os processos do Paraná, onde a Lava Jato foi deflagrada. As duas hipóteses, porém, são remotas – o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o processo seguirá no Paraná. Logo, a delação serviria para, ao menos, reduzir a pena do doleiro, que pode ultrapassar cem anos de prisão. A dificuldade nesse caso é que a credibilidade do doleiro é considerada zero pela Justiça, uma vez que Youssef não revelou tudo o que sabia no caso do Banestado – e ainda descumpriu a promessa feita aos promotores de que não atuaria mais no mercado de câmbio.
Três políticos no bolso de Youssef
“O André Vargas ajudou o Beto a lavar 2,4 milhões de reais. Como pagamento, ele ganhou uma viagem de jatinho. Eu mesma fiz o pagamento”
Deputado André Vargas (sem partido)
“O Beto fez os depósitos para o ex-presidente Collor a pedido do Pedro Paulo Leoni Ramos (ex-auxiliar do senador e também envolvido com o doleiro). Ele guardava isso como um troféu”
Senador Fernando Collor (PTB)
“O Vacarezza precisava pagar dívidas de campanha. Um assessor dele me procurou em 2011 para apresentar um negócio com fundos de pensão no Tocantins”
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