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sábado, 23 de agosto de 2014

O voto obrigatório e a democracia

Por Mario Souza
Ao se analisar as qualidades e as vantagens da democracia, uma pergunta se faz necessária:

Em um país, seja ele qual for, os ignorantes, os detentores de QI de ameba, os analfabetos, os incultos, os suscetíveis de venderem seus votos a troco do benefício de uma bolsa clientelista qualquer e outros menos dotados de raciocínio representam que percentual da população total de eleitores?

Qualquer resposta acima de 50% já será de arrepiar todos os pelos do corpo.

Ainda analisando as qualidades e vantagens da democracia, outra pergunta é cabível:

Se a vontade da maioria sempre vence, e a maioria é composta por incapazes de decidir com inteligência seja lá o que for, a decisão vencedora será sempre BURRA, a mais inconveniente, a mais equivocada, a pior possível.

Aliás, é exatamente por isto que, como dizia Nelson Rodrigues, “a unanimidade é BURRA ”!

Continuando a analisar a democracia, apreciemos agora o tema VOTO OBRIGATÓRIO:

Parafraseando as denominações “sunita” e “xiita”, rotulemos como tal os ramos do eleitorado.

Os sunitas seriam o grupo que se interessa por política SIM, pelo desenvolvimento do país SIM, pelo futuro da nação SIM, pelo próprio bem estar como cidadão SIM, mas não com um exagerado posicionamento tão exacerbado, a ponto de optar por ficar mais de uma hora numa longa fila, dentro de um clube, num “cozinhante” ginásio esportivo com cobertura de amianto, ou ao longo de 3 ou 4 lanços de escada, até o último andar de um colégio estadual, sabendo que, na fila, atrás dele, estão 10 vagabundos do “Bolsa-Família”, “do Minha Casa, Minha Vida”, do “Bolsa-Reclusão”, ou do “Bom Discernimento-LESS”, que anularão a sua escolha política, quando, ao invés, poderiam perfeitamente ter escolhido aproveitar o feriadão e ir para um balneário qualquer, de onde ficariam torcendo que a apuração por urna eletrônica seja confiável ( como acreditam o coelhinho da Páscoa, o saci pererê, a mula-sem-cabeça e o Papai Noel ) e não uma artimanha eleitoral de repúblicas de bananas, e que os candidatos nos quais teriam votado vençam, mesmo sem os seus votos, pois, afinal, ninguém é de ferro e feriadão não é coisa que se jogue fora. Depois, é só justificar a falta no TRE e tudo bem!...

Os xiitas são o conjunto daqueles 3 grupos compostos por a) os sectários políticos que acreditam piamente ser algo parecido com seita religiosa uma certa corrupta corrente política, falecida mas insepulta (a KGB de ontem é a Máfia Russa de hoje, que lava dinheiro comprando clubes de futebol. Aliás, por outro lado, desde o Brasil Império, os políticos sempre roubaram, então, agora é a vez dos cumpanhêrus no poder ), b) os possuidores de apenas alguns poucos neurônios, incapazes de votar com um mínimo de inteligência e bom senso, c) o curral eleitoral dos votos comprados das Bolsas-Vagabundagem.  Estes, é claro, com voto obrigatório ou não, comparecerão às urnas até em dia de inundação com água pela cintura, sob tempestade de raios e trovões, e chuva de granizos paralelepípidicos, já que coçar o saco machuca e há que se ter o dinheiro das “bolsas” para a compra de pomada cicatrizante.

A propósito, em  caso de queda da dinastia dos petralhasburgo, por que não instituir a concessão dessas mesmas bolsas, mas já não com caráter clientelista e sim como medida circunstancial, momentânea, como um seguro desemprego, mas sendo fiscalizada a real busca de emprego por parte do beneficiado. É claro que a “Bolsa – Reclusão”, uma incrível apologia ao crime (ganha-se mais condenado e preso, do que livre e trabalhando) nem merece ser cogitada, ainda mais acrescida de casa, comida, roupa lavada, lazer, diversão, banho de sol, esportes e encontros íntimos. É melhor a instituição de um salário com a contrapartida de prestação de serviços de mão-de-obra prisional, tais como limpeza, cozinha, lavanderia, pequenos reparos etc. Aliás, presídios não podem continuar a ser ser Resorts de marginais! Com a instituição de bolsas-benefício sem compra de votos, votar em maus políticos deixaria de ser uma obrigação para os que não querem perder o atual “oba-ôba”. Sairia bem mais barato para os cofres públicos do que a roubalheira que ninguém viu e que ninguém soube, a não ser quando veio à tona. Sabe-se que certas coisas sempre acabam boiando...

Recentemente, numa reunião em casa de um amigo, um fanático xiita do “partido – seita petralha”, um chatíssimo “chorosa viúva da URSS” (não, felizmente ainda não se trata da União das Repúblicas Soviéticas Sudamericanas) impediu aquele bate-papo comum a este tipo de evento, e se pôs a discursar por quase uma hora uma enfadante catilinária sobre a urgente necessidade  do fim do voto obrigatório. Ora, isto é muito preocupante!... Se lados antagônicos pleiteam medidas exatamente iguais, um dos dois não avaliou suficientemente o assunto e seria bom repensar a respeito.

Existe um determinado percentual dos eleitores que já está decidido a comparecer às urnas para tentar apear os petralhas do poder, Porém, se de hoje até o dia das eleições o voto se tornasse não obrigatório, que percentual daqueles mesmos iria votar e que percentual viajaria para um balneário ou alugaria alguns CDs de vídeo e ficaria em casa, fazendo churrasco e se divertindo?  Eu já atingi a idade em que estaria isento de votar, mas não vou usar este direito, e espero que outros septuagenários como eu façam o mesmo, em prol do bem estar de seus filhos e netos como cidadãos. Mesmo a petralhada sendo arrastada para fora do poder, é difícil sanear o estrago feito e punir os culpados, já que os cargos da suprema corte são vitalícios  e estão ocupados por pessoas afetivamente relacionadas com os petralhas, seja por amizade ou gratidão pela indicação.

Chega de clientelismo eleitoreiro, chega dessa política de coitadinhos institucionais, de absurdas cotas sociais indefensáveis num país onde, como dizia a minha avó, muito poucos podem dizer que não têm um pé na África (afro-descendentes) ou no mato (índio-descendentes). Não, por favor, não rotulem os supostos coitadinhos como excluídos pelo sistema. Eu mesmo tive infância paupérrima, a ponto de ter sido dado para uma tia criar, mas, na realidade, acabar me usando como empregado doméstico de serviços de limpeza e tarefas externas, um boia-fria escravizado a troco de comida. Só não fui cozinheiro, porque não sabia cozinhar, nem lavei roupa, por falta de confiança de que me saísse bem, sem desperdiçar água e sabão. E consegui me livrar dos esforços para me convencer a abandonar os estudos, porque sempre estudei em escola municipal e em colégio público federal. É claro que não havia mesada, pois o meu trabalho doméstico não ressarcia os incomensuráveis gastos com a minha criação, vestuário e alimentação.

Assim, para as minhas despesas pessoais, eu fazia pequenos serviços ( boleiro de quadra de tênis num clube) e depois explicador de matemática, física e química para colegas de turma. Não, nunca prestei serviços fáceis e rendosos, tais como empinador de pipa ou fogueteiro, para avisar a chegada da PM, como outros que dizem ter sido forçados a isso pela falta de oportunidade oferecidas pelo sistema, e não, como na realidade foi, por comodismo, preguiça e ganância de dinheiro fácil (como é notório, o tráfico paga bem), por jamais terem procurado se tornar qualificados como mão-de-obra melhor paga.

É muito cômodo esconder o próprio  fracasso embaixo do “tapete” da pobreza ou de razões étnicas e sociais, quando os verdadeiros responsáveis foram o comodismo e a preguiça. Estudando e correndo atrás de um futuro melhor, consegui estudar gratuitamente, concluir 3 faculdades e fazer mestrado.

Não, não fiquei rico; sou classe média realmente “média” e somente tenho um pequeno apartamento que paguei em 20 anos,  e que foi quitado em 2012. Pertenço, com orgulho e exclusivamente graças ao meu esforço, a esta classe média tão estigmatizada atualmente por ridículas e pomposas múmias acadêmicas que, certamente, ganham mais do que eu e são classe média também, só que média alta.

Sorte delas. Talvez tenham escapado à voracidade selvagem do sistema...


Fonte: Alerta Total

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Mario Souza é Professor. 

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