Por Paulo Roberto Gotaç
Segundo denúncia da ONU, a ser divulgada em caráter oficial
dentro de aproximadamente um mês a todos os governos do mundo, as cadeias
brasileiras mantêm em suas dependências cerca de 200.000 presos além da
capacidade e cerca de metade do total - quase 220.000 - ocupam lugar por
estarem aguardando julgamento, às vezes há meses e até há anos, muitos sem
saberem o andamento dos respectivos processos.
Quando tais dados forem apresentadas formalmente, o governo
brasileiro terá a oportunidade de se justificar, tarefa difícil, pois, como
qualquer cidadão sabe ou tem conhecimento pelos meios de comunicação, o quadro
denunciado está bem próximo da realidade. Uma conta simples mostra, portanto,
que o nosso Judiciário é responsável em grande parte pela situação desumana,
exposta com frequência pela mídia, das condições dos detidos em cadeias e
presídios estaduais e federais, estes também denunciados no documento por
apresentarem condições precárias e superlotação.
O que estará acontecendo com nossa justiça, aliás um dos
setores oficiais que melhor remuneram seus funcionários? Perda de independência
dos juízes, que se sentem pressionados pela sociedade no sentido de manterem
preso um número exagerado de suspeitos? Burocracia em excesso? Falta de
assistência legal aos detentos? Todas essas causas juntas e inúmeras outras não
imediatamente identificadas?
De qualquer modo, está mais do que na hora da sociedade se
mobilizar para tentar minimizar o presente quadro, constrangedor para um país
que tem, supostamente, aspirações de dispor de uma justiça respeitada
internacionalmente.
Fonte: Alerta Total
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Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-Mar-e-Guerra reformado.
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