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terça-feira, 12 de agosto de 2014

O Dever Militar dos Chefes

Por Sérgio Tasso Vásquez de Aquino

No domingo, Dia dos Pais, tive ainda mais presente do que nos dias comuns a lembrança do meu pai, o General-de-Divisão Tasso Villar de Aquino, meu modelo e guia, exemplo de chefe de família, cristão, patriota, Oficial e Chefe Militar.

Desde Tenente, no 8* Regimento de Cavalaria Independente, em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, exibia sobejamente as qualidades que ornavam sua bela personalidade e o faziam destacado e admirado entre seus pares: valor, conhecimento e preparo profissionais, coragem física e moral, arrojo, bravura, dedicação sem limites ao dever e ao cumprimento da Missão, espírito de renúncia e de sacrifício, liderança e sadia preocupação com a formação e o bem-estar dos homens e a melhor conservação, operacionalidade e aprestamento dos meios colocados sob seu Comando e responsabilidade. Por isso, criou em torno de si, da sua pessoa de Oficial e de Chefe de escol, ambiente de profundos respeito, confiança e lealdade da parte dos seus soldados e demais subordinados, de todos os níveis hierárquicos, que tiveram a ventura de servir sob suas ordens ao longo da profícua carreira a serviço do Exército e do Brasil.

Esse exemplar magnífico de Homem, Patriota de amor sem fim pelo Brasil e Cristão fiel aos ensinamentos do Evangelho, aos Mandamentos de Deus e da Igreja, com quem o Senhor Todo-poderoso me concedeu a graça de conviver por grande parte da vida, por mais de 66 anos, e de ser herdeiro primogênito de sangue, plasmou completamente minha maneira de ser e balizou e marcou meu modo de realizar a missão de pai de família, Oficial e Chefe, quando me tocou a vez. Foi a imagem no espelho em que sempre me procurei refletir.

Ensinou-me a não ter medo de pessoa alguma, a não fugir de dificuldades ou de situações desagradáveis, nem  evitar qualquer obstáculo, para bem cumprir meu dever. A buscar sempre guardar a honra, o brio e o pundonor militares, a não sucumbir à tentação da lisonja, do servilismo, da bajulação aos poderosos de plantão, apenas para atingir  imerecidos destaque, notoriedade, posições confortáveis e recompensas materiais, tão fácil, mas tortuosamente ao alcance de quem esconde o pensamento e trai ideais, valores, costumes, tradições que são apanágio dos verdadeiros militares vocacionados, em troca de vantagens e benefícios pessoais.

Procurando ser Chefe como me ensinou, e fiel a uma vocação de toda a vida, sendo Vice-Almirante e Vice-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, denunciei os descaminhos que o Governo Federal havia começado a trilhar, desde 1990 (e até agora), e lancei-me decididamente na luta pela soberania do Brasil e pela dignidade dos militares, pela isonomia de remuneração no Serviço Público, crescente e propositada e programadamente desfavorável aos militares e aos servidores civis do Executivo, do Plano de Classificação de Cargos.

Isso me acabou custando o afastamento do Serviço Ativo em 1993 e o encerramento prematuro da carreira, sem atingir o último posto. Combati, porém, o bom combate, guardei a minha fé e pude ser fiel ao Brasil, ao dever militar, às minhas crenças mais profundas, à herança paterna, aos sadios ensinamentos recebidos no Colégio Militar do Rio de Janeiro e na Marinha do Brasil, ao cumprimento da Missão e à obrigação que os Chefes têm para com seus comandados.

Bem a propósito, ontem assisti, na televisão, ao filme clássico sobre o motim no Encouraçado “Potionkim”, da Marinha Imperial Russa, no porto de Odessa, em 1905. Foi o primeiro e remoto episódio da Revolução Bolchevista de 1917, que implantou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas na terra dos tzares e todo o elenco de crueldades, atraso, misérias e crimes que infelicitaram o mais extenso país do mundo por mais de 70 anos, ameaça que ainda hoje ronda tantas partes do mundo, também na América Latina, Brasil inclusive, havendo cobrado o infamante preço de 80 milhões de vidas sacrificadas na sua loucura. Tudo começou com a desatenção pelo fato de alimentos estragados estarem sendo servidos à marujada...

Nosso amado Brasil vive, nos tempos correntes, os piores momentos da sua História, com a séria e sempre presente ameaça de modificação da ordem vigente e substituição por outra, de marcante influência esquerdista radical e tendente à privação das liberdades públicas e individuais, à morte da democracia.

Tudo corolário de nefasto processo iniciado em 1990 e agravado à medida que os anos se vão passando, sempre sob os auspícios dos sucessivos governos da República. As próximas eleições presidenciais de outubro serão um marco decisivo  e, não importa qual for o resultado, é provável que enfrentemos duros e procelosos tempos no futuro, seja pela continuidade reforçada e acelerada do atual deletério esquema político-econômico-psicossocial imposto, se a situação for vencedora, seja pela possível erupção desatada da violência por conta de grupos extremistas inconformados, reforçados por milhares de agitadores importados do exterior, no caso de a oposição sagrar-se vencedora.

A tudo, espera-se, e clama-se a Deus, que as Forças Armadas nacionais acompanhem atentamente, para agir, quando e se necessário, no cumprimento da sua destinação constitucional e dos sagrados compromissos assumidos para com a independência, a soberania, a paz, a justiça, o direito, a liberdade, a democracia, a ordem, o progresso, a integridade do patrimônio  e a integração nacionais. E que, na frente interna, os Comandos responsáveis jamais se descurem de  garantir remuneração adequada e condições de tratamento médico e de outras formas importantes, justas, de bem-estar e de elevação do moral aos  comandados.

A HORA É GRAVE, AS PREOCUPAÇÕES SÃO ENORMES E CRESCENTES, MAS TEMOS DE SEMPRE TER ESPERANÇA, BASEADOS NO NOSSO VALOR E NA GRAÇA DE DEUS!


Fonte: Alerta Total



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Sergio Tasso Vásquez de Aquino é Vice Almirante reformado e membro da Academia Brasileira de Defesa, e do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.

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