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terça-feira, 5 de agosto de 2014

Material encontrado com dois black blocs presos não era explosivo. Ok. Ocorre que eles estão na cadeia também por uma penca de outros motivos


Então vamos ver. Os artefatos encontrados com o estudante e funcionário da USP Fábio Hideki Harano e com o professor de inglês Rafael Lusvarghi, presos há 43 dias, não têm poder explosivo, segundo laudo técnico do Gate (grupo antibombas da PM) e do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Científica. Então eles têm de ser soltos imediatamente? Calma aí! Com o laudo, eles podem se livrar de uma acusação — posse de material explosivo, previsto no Artigo 253 do Código Penal. E só.

Ocorre que essa não é a única acusação que existe contra eles: ambos tiveram a prisão decretada também por incitação criminosa (Artigo 286), associação criminosa (Artigo 288), resistência (Artigo 329) e desobediência (Artigo 330). As pessoas têm o direito de achar que, se explosivos não eram, então não há motivo para prender. Eu estou entre aqueles que avaliam que a posse dos ditos-cujos era apenas um desses motivos.

Nesta segunda, o governador Geraldo Alckmin participou de sabatina do Estadão (ver post a respeito). E negou que a Polícia de São Paulo esteja plantando provas como acusam os militantes de extrema esquerda. Segundo disse, é preciso parar de “falar mal da polícia”. Também acho. Reserve-se a crítica quando o erro é apontado.

Há gente por aí tentando usar o laudo para demonstrar que o governador está errado. Ao contrário: a perícia só prova que Alckmin está certo. Afinal, o exame técnico do material também prova que a polícia não plantou explosivos nas respectivas mochilas de ambos, certo?, ou o resultado teria sido positivo. A turma que gosta de malhar a polícia é tão afoita que se esquece da lógica.

Aliás, aproveito a oportunidade para dar os parabéns ao juiz Marcelo Matias Pereira, da 10ª Vara Criminal. Referindo-se aos black blocs, escreveu: “Além de descaradamente atacarem o patrimônio particular de pessoas que tanto trabalharam para conquistá-lo, sob o argumento de que são contra o capitalismo, mas usam tênis da Nike, telefone celular, conforme se verifica nas imagens, postam fotos no Facebook e até utilizam uma denominação grafada em língua inglesa, bem ao gosto da denominada esquerda caviar”.

O esquerdista militante e petista Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado de Hideki, diz que a avaliação do juiz é “ideológica”. É mesmo? O que há de “ideológico” no que vai acima? Trata-se apenas de uma constatação óbvia. As esquerdas têm a mania de achar que “ideológico” é só pensamento das pessoas com as quais elas não concordam. É um modo autoritário de pensar, é claro.

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