Por Weslei Antonio Maretti
Miriam Leitão entrevistou o diplomata Celso Amorim, Ministro
da Defesa, em um programa da Globo News. Na entrevista criticou a resposta dos
Comandantes das Forças Armadas à Comissão da Verdade. Para ela, os Comandantes
deveriam assumir publicamente que houve desvio das organizações militares que
enfrentaram as forças guerrilheiras que buscavam implantar no Brasil a ditadura
do proletariado nas décadas de 60 e 70. Também criticou a postura dos Colégios
Militares que adotam livros didáticos que respaldam o movimento cívico militar
que implantou um governo autoritário para fazer frente à ameaça comunista à
época. Finalmente, questiona o por que os militares não pedem desculpa à Nação
Brasileira pela intervenção política em 1964 e pelos crimes que teriam cometido
em nome da preservação da segurança nacional.
Miriam Leitão é uma repórter e consultora em economia da
Rede Globo, por sinal uma empresa de comunicação social que conseguiu ter a
supremacia da comunicação no Brasil por ter sido aliada e defensora dos governos
militares. É uma jornalista que, enquanto os seus patrões permitirem, tem o
direito de externar suas opiniões e tentar vender a sua visão de mundo. Aceitar
essa visão ideologicamente comprometida com a ótica da revolução do
proletariado é uma opção de quem a assiste. É bom lembrar que, na mesma
empresa, Alexandre Garcia, repórter com maior visibilidade que a jornalista
citada, tem opinião muito diversa sobre o que foi o período 64-85 e, vez por
outra, externa suas ideias.
As respostas dadas pelo Ministro da Defesa foram coerentes
com o que o mesmo representa e os interesses que defende que, certamente, não
são compatíveis com os valores e crenças dos militares em geral. Por sinal, o
Brasil é um país peculiar. Sem uma tradição republicana consolidada criou um
presidencialismo de coalisão, tem um partido no poder que, em tese, deveria
representar os trabalhadores e o mesmo se alia com o que mais podre existe na
dita classe exploradora do proletariado. O partido que governa, em um estado
democrático de direito, afronta abertamente a maior instância do poder
judiciário e tem como ministro da defesa um diplomata.
A atividade militar e a diplomacia são, em princípio,
complementares. O poder militar é uma forma de persuasão que auxilia a ação
diplomática, porém esgotadas as possibilidade de resolução pacífica de um
conflito internacional, resta a solução das armas. Por outro lado, a diplomacia
auxilia o poder militar a buscar cooperação, equipamentos e parcerias que podem
encurtar caminhos e evitar o agravamento de conflitos. Porém, são atividades
que tem princípios e regras extremamente diversas. O absurdo de ter um
diplomata à frente do Ministério da Defesa é o mesmo que ter um militar
comandando o Itamaraty. Assim, as opiniões do Ministro da Defesa não devem ser
consideradas por quem deseja ter uma visão equilibrada dos problemas militares
no Brasil.
É importante salientar que as ações militares se dão em
momentos de crise e como última opção política. Está implícito na opção do
emprego militar o uso da violência por parte do Estado. Assim, esse emprego
sempre é traumático e Instituições militares precisam de cultura sedimentada,
confiança nos chefes, respeito da população e, principalmente, crença
inabalável que ao cumprir as ordens recebidas estão cumprindo o seu dever para
com a pátria. Em decorrência desses valores que são cultuados em qualquer
exército, a cultura militar é vista como conservadora porque precisa manter
crenças e valores não tão necessários para o meio civil. Não dá para ter um
Exército de Sarney, outro de FHC e por fim o Exército do PT. Os governos são
transitórios, atendem a interesse e conjunturas de momento, mas o Estado e as
organizações militares permanecem no tempo e a nação sempre deve saber como
elas reagirão em situações de crise.
A atividade política é sempre traumática e nunca terá a
capacidade de atender a todos os interesses em jogo. É dito que a política é a
arte de conciliar, momentaneamente, interesses contraditórios. Ressalta-se que
essa conciliação dura até que o equilíbrio de forças seja rompido. Porém, é
importante ficar claro que, institucionalmente, serão as Forças Armadas que
deverão agir nas situações em que a ordem ou a manutenção do Estado esteja em
risco.
Assim, sociedades que pagaram alto preço, em vidas humanas,
em recursos e em desenvolvimento político e social preservam os seus Exércitos.
Voltando os olhos para um passado recente, alguns países não pediram desculpas
para seus nacionais, mesmo que durante operações militares tenha havido
denuncias de abusos cometidos por forças militares. Podem ser citados a Grã
Bretanha na intervenção na Irlanda, a França na Argélia, os EUA no uso da bomba
atômica no Japão, nas guerras do Vietnam, nas invasões do Iraque e do
Afeganistão, somente para citar alguns exemplos. Pode-se argumentar que os
exemplos apresentados envolveram países com inimigos que não eram seus
nacionais. É bom lembrar a conjuntura dos anos 60 e 70. Alguns nacionais, como
os adeptos da luta armada no Brasil, buscavam a revolução internacionalista e o
fim do Estado brasileiro como país independente. Daí surgiu o termo inimigo
interno.
Bem, a Miriam Leitão e o projeto de ministro, ou sejam, os
cães, podem ladrar quanto quiserem enquanto a caravana passa. Entre o que
querem e pretendem e o que vai acontecer no mundo real há uma grande distancia.
Mudanças efetivas no ensino militar, a revisão por parte das FFAA dos fatos
históricos em que houve a participação de militares e o relacionamento com a
tal Comissão da Verdade somente depende dos militares que estão no comando das
Forças. Está mais que na hora de mostrarem os dentes. É fácil brincar com
cachorrinhos de madame, mas com cães de guarda a brincadeira pode ter um
desfecho não esperado. Desempenhar o papel de poodle ou rottweiler é uma opção
para quem está no serviço ativo das FFAA e têm o controle das armas. Conforme
um dito muito ouvido nos quartéis.
QUEM TEM ARMAS AUTOMÁTICAS NÃO PRECISA DAR MUITAS
EXPLICAÇÕES.
SELVA!!!!!!!
Fonte: TERNUMA
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