Ai, que preguiça!
O Santander enviou a clientes seus com renda superior a R$
10 mil uma análise que já se tornou carne de vaca na imprensa, nos mercados,
nos meios políticos, no Congresso, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha
de sapé. A síntese do texto é a seguinte: se Dilma voltar a subir nas
pesquisas, haverá deterioração dos indicadores econômicos. E o banco sugere a
seus clientes que consultem o gerente para que este sugira as melhores opções
de investimento. O comunicado é este, publicado pela Folha.
Retomo
Sabem o que eu tenho a lamentar aí? Apenas a língua
portuguesa. Sugiro ao Santander que recomende ao redator da estrovenga um curso
intensivo da “Inculta & Bela”, que, no caso acima, é pura sepultura e
nenhum esplendor. É preciso de um pouco de boa vontade para entender o texto.
Nem Dilma redigindo uma “composição” de próprio punho seria capaz de barbarizar
tanto.
Dito isso, vamos ao que interessa. Os petistas e seus
acólitos estão tentando fazer escarcéu, acusando o banco de fazer campanha
eleitoral ou sei lá o quê. Como o comunicado chegou aos clientes com renda
acima de R$ 10 mil, tenta-se transformar a avaliação numa espécie de
conspiração dos ricos. Chamar pessoas com renda de R$ 10 mil de “ricas” é
demagogia.
O Santander não falou nada que o mercado não esteja falando.
O Santander não falou nada que a imprensa não esteja falando. O Santander não
falou nada que os próprios petistas não estejam falando. Aliás, Lula já usou
essa questão para fazer proselitismo.
Um banco também é um orientador de investimentos e tem o
direito de fazer avaliações a seus clientes, ora essa! Estão tentando fazer
tempestade em copo d’água. A pressão sobre o banco foi grande, e a instituição
emitiu a seguinte nota:
“O Santander esclarece que adota critérios exclusivamente
técnicos em todas as análises econômicas, que ficam restritas à discussão de
variáveis que possam afetar os investimentos dos correntistas, sem qualquer
viés político ou partidário. O texto veiculado na coluna ‘Você e Seu Dinheiro’,
no extrato mensal enviado aos clientes do segmento Select, pode permitir
interpretações que não são aderentes a essa diretriz. A instituição pede
desculpas aos seus clientes e acrescenta que estão sendo tomadas as
providências para assegurar que nenhum comunicado dê margem a interpretações
diversas dessa orientação.”
A redação melhorou, apesar do “aderentes a essa diretriz”. O
“esclarecimento” só se fez necessário porque se criou uma falsa questão: o
banco estaria fazendo campanha eleitoral. É bobagem das grossas. Digam-me: se o
Santander tivesse anexado cópia de reportagens da Folha, da VEJA, do Estadão do
Globo com essa mesma informação, seria diferente? A deterioração de indicadores
econômicos quando aumentam as chances de reeleição de Dilma é só pregação de
antipetistas ou é um dado do mundo dos fatos?
Ora… Essa gritaria é só
mais uma pecinha publicitária que busca criar a guerra entre pobres e
ricos, colocando, claro!, os bancos como os grandes vilões, a serviço dos
endinheirados. É mesmo, é? Tão logo se divulguem os dados sobre doações
eleitorais, vamos ver quanto cada um doou para quem.
O presidente do PT, Rui Falcão, deixou claro que o PT pediu
algumas cabeças. Leio na Folha: “Já houve um pedido de desculpas formal enviada
à Presidência. [...] A informação que deram é que estão demitindo todo o setor
que foi responsável pela produção do texto. Inclusive gente de cima. E estão
procurando uma maneira resgatar o que fizeram”.
Eis aí. Chegamos ao ponto em que afirmar que dois mais dois são quatro pode render cabeças se isso não for do agrado do partido oficial.
Eis aí. Chegamos ao ponto em que afirmar que dois mais dois são quatro pode render cabeças se isso não for do agrado do partido oficial.
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