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sexta-feira, 18 de julho de 2014

O LEGADO DA COPA

VAlte(Ref) Sergio Tasso Vásquez de Aquino
  
Conhecendo-se a personagem e os atos, ações e atitudes que têm caracterizado sua vida, é razoável admitir-se que Lula da Silva, então Presidente do Brasil, quando celebrou, em 2007, o acordo que determinou a realização da Copa do Mundo de 2014 em nossa terra com os compadres da FIFA, os “padrinhos” dirigentes da entidade internacional que explora a paixão popular pelo futebol em proveito dos cofres da sua organização e dos seus poder, riqueza e projeção  pessoais,  tinha, ao menos, dois propósitos em mira.

Primeiramente, propiciar gordos lucros às empreiteiras que historicamente se tornaram gigantes à sombra das obras e favores oficiais, pela antevisão de superfaturamentos, fragilidade do sistema de licitação e de fiscalização, em face da habitual corrida contra o tempo para honrar prazos fatais, pela aplicação do  império do “jeitinho”, do costume nacional de proposital descumprimento, com segundas intenções, de programa racional de datas de projeto, organização, execução de tudo o que se faria necessário à realização do monumental evento. Em consequência, em face da comprovada associação espúria de interesses público-privados a que temos crescentemente assistido nos tempos atuais e recentes, ter recursos abundantes carreados para o partido do governo e, eventualmente, integrantes conspícuos dos seus quadros. Torna-se oportuno salientar que o próprio Lula da Silva tornou-se ativo, conhecido e reconhecido “lobbysta” internacional das principais empreiteiras brasileiras...

Em segundo lugar, explorar o esperado e antecipadamente decantado sucesso da seleção nacional de futebol, em benefício do PT nas próximas eleições presidenciais de outubro e do seu sempre presente projeto de não mais largar o poder. Até mesmo Lula, que tão magistralmente manipula a mentira, o engodo e o engano para alcançar seus fins políticos, administrativos e econômicos, deixou-se ludibriar pela falácia do poderio do decadente futebol praticado por nossos jogadores, já que orientados por técnicos “professores-doutores” ultrapassados, arrogantes e pouco dados ao estudo e a quaisquer outras formas de aperfeiçoamento/aprimoramento profissional, dentro do arcabouço de uma CBF que clama por mudanças radicais de pessoas e modos de proceder, já que, em tudo e por tudo, repete os erros e malfeitos da FIFA ou, quem sabe, deles tenha sido a inspiradora, em razão dos dirigentes oriundos da cartolagem brasileira, que lá mandaram por longos anos e sobre os quais, infelizmente, fortes suspeitas e acusações de improbidade recaem.

A humilhante e acachapante derrota que experimentamos, que frustrou o sonho de milhões e milhões de brasileiros, de toda a nossa população, sendo as mais  cruelmente atingidas as criancinhas, que pediam aos jogadores, na sua bela inocência, ~Ganhe esta Copa p’ra mim!”, foi recebida com surpreendente serenidade. Este foi o primeiro legado positivo: parece que aprendemos a aceitar normalmente o perder nos campos, a ver que o futebol é apenas um esporte, em que se vence e se é derrotado. Que o Brasil é superior a uma mera disputa de futebol  e que há coisas mais importantes a que devamos dirigir nossos esforços e nossos talentos: garantir e fortalecer educação, saúde, saneamento, segurança, infraestrutura de transportes, energia e comunicações, defesa nacional, ciência e tecnologia, cultura, geração de empregos, habitação...

O segundo legado positivo foi ver que nosso povo, aí incluídos os jogadores, reaprendeu o Hino Nacional,  e todos  o cantaram. Com garra, paixão e alma, continuando à “capella” em todas as ocasiões em que a FIFA, descumprindo a legislação brasileira sobre o respeito devido aos símbolos nacionais, o interrompeu de forma inaceitável. Repetiu-se,  em todos os quadrantes do Brasil, o que os bravos paraenses haviam ensinado em 2013 e representantes de outros povos já agora imitaram nas canchas do Brasil!

O terceiro legado foi a generalizada manifestação daqueles que, vindos de outras terras, nos visitaram, sobre a beleza do Brasil e a afabilidade, a gentileza, a simpatia da sua gente. Sim! Enterremos as críticas que tão acerbamente estamos acostumados a nós mesmos fazer-nos: nosso País é lindo e somos o mais acolhedor e hospitaleiro povo da terra, aquele que mais sorri e mais carinho e cuidados tem para com os estrangeiros, que, assim, tão bem se sentem entre nós, para aqui querendo um dia voltar ou daqui não mais querendo sair!

O quarto legado foi a consciência que adquirimos de que a CBF, suas federações constituintes e os respectivos cartolas precisam ser urgente e completamente mudados, para erradicar os erros e hábitos e práticas nefastas que vêm empurrando o nosso futebol  para a trágica situação atualmente tornada tão evidente, que chega a obscurecer, comprometer e empanar seu  passado, quase centenário, de glórias e vitórias!

Precisamos entronizar outros legados: vencer a arrogância, tão nossa velha e constante conhecida, de considerar-nos imbatíveis, de que basta vestir a gloriosa camiseta amarela para vencer, no grito, todos e sempre, sem qualquer preparo ou esforço anterior mais sério. É preciso criar o espírito de que entramos nas competições para competir, e não achar “a priori” que seremos os inexoráveis vencedores. Como ficou ridícula e despropositada a inscrição, no ônibus da seleção, “Preparem-se! O hexa está chegando!”, mormente após os 7x1 da Alemanha e os 3x0 da Holanda sobre nós!

Aprendamos com o exemplo de argentinos, argelinos, iranianos, costarriquenhos, chilenos, americanos, colombianos, ganeses, nigerianos, suíços, belgas  e outras equipes mais, que sublimaram deficiências passadas e atuais e, com muita garra e persistência, obtiveram resultados nobilitantes nos campos, e além da expectativa formada. A bravura e a entrega, que demonstraram, deram colorido e tom especial às disputas, difíceis, duras, com favoritos adrede escolhidos pela opinião pública e imprensa, pelo maior peso dos seus plantéis.

Comemoremos, também e muito justificadamente, a paz com que a maioria esmagadora dos eventos se sucedeu, com a ressalva de apenas um ou outro atrito pontual entre torcidas, sem grandes consequências. Alguns provocados pela imposição da FIFA, entre outras graves violações à soberania nacional, de liberar-se a venda de cerveja nos estádios, ao arrepio da proibição da legislação brasileira. Antes e durante a Copa, agiu a multinacional do futebol como se fosse a fonte determinante de tudo o que podia e devia ser feito, ante a mansa aceitação do governo federal, levando também a parte de leão dos rendimentos financeiros do torneio, para cujo preparo e execução gastou o Brasil a fábula de quase trinta bilhões de reais, em estádios caríssimos e obras ainda inacabadas ou mal terminadas... Louve-se, também, a eficiência e a eficácia do aparato de segurança, com forte presença e comando das Forças Armadas, que garantiu invejável ambiente de tranquilidade durante todo o tempo.

Finalmente, elevemos nossos olhos e corações aos céus, pedindo que o Senhor Deus conceda que as experiências recentemente vividas gerem o grande legado da Copa, qual  seja a abertura geral de olhos, que leve o povo brasileiro a capacitar-se de qual é a fonte real e perversa de todas as mazelas e malfeitos que nos diminuem e agridem. Para que FINALMENTE, nas urnas, em outubro, afastemos o mal tão grande que nos aflige, tirando do centro do poder quem nos humilha, avilta, envergonha e explora e nos quer conduzir pelas sendas da perdição, permitindo que voltemos a trilhar, em paz, os caminhos de amor, ordem e progresso, com a democracia reafirmada e fortalecida. É este o grande campeonato que o Brasil e os brasileiros precisamos ganhar, para o resgate da esperança na construção do radioso porvir, com o qual sempre sonhamos e que está ao alcance do trabalho honrado, do esforço permanente, do preparo continuado, do aperfeiçoamento constante, do sacrifício diuturno, da dedicação sem reservas e da paixão sem limites pelo Brasil dos patriotas verdadeiros, aqueles que nada buscam para si, mas lutam pela grandeza da Pátria e a felicidade dos concidadãos, com todos os talentos recebidos do Criador. Que pessoas assim possam surgir, multiplicar-se, ser eleitas em Brasília, em todas as capitais dos Estados e, progressivamente, em todos os rincões da Terra Amada, e conduzir para o Bem os destinos da Pátria!

DEUS SEJA LOUVADO!

Rio de Janeiro, RJ, 17 de julho de 2014,
Centenário da Força de Submarinos da Marinha do Brasil



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VAlte(Ref) Sergio Tasso Vásquez de Aquino – Membro da Academia Brasileira de Defesa e do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil 

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