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sábado, 19 de julho de 2014

DEMOCRACIA? VULGARMENTE O NOME É OUTRO.


O preceptor de um jovem imperador chinês acompanhava seu divino discípulo num passeio pelo campo. Em certo momento, avistando um grupo de animais, resolveu verificar o conhecimento da criança e indagou: “Que animais são aqueles?”. O menino observou atentamente a cena e disse que eram carneiros. “O Filho do Sol respondeu com exatidão”, admitiu o mestre. “Contudo, devo acrescentar que esse tipo específico de carneiro é mais conhecido como porco”.

 Lembro-me dessa estória frequentemente ao acompanhar notícias sobre as incessantes idas de nossos governantes a Cuba e ao observar a iconografia vermelha dos eventos promovidos pelos partidos e movimentos de esquerda. Deixando de lado os retratos de Lênin, as foices e os martelos – por demais óbvios – bem como as louvações ao MST e seus métodos e os aplausos às FARC, atenho-me, especificamente, ao mais disseminado de tais símbolos: a estampa de Che Guevara.

Todo mundo sabe que Guevara foi um guerrilheiro comunista, com atuação internacional. E todo mundo sabe que ele não era ator, nunca foi a Hollywood, não cantava, não jogava bola, não dançava funk nem era de pagode, nunca apareceu em novelas da Globo e jamais disputou eleições. Ele era exatamente isto: um guerrilheiro comunista com atuação na América Central, na América do Sul e na África. Por conseqüência, assim como ninguém pode ser admirador de Pelé detestando futebol, todo culto a Che Guevara só pode significar uma adoração aos objetos de sua ação: o comunismo e a revolução como instrumento para chegar ao comunismo. Outras explicações para o mesmo fato precisariam ser buscadas num divã de analista de linha freudiana.


Nessas circunstâncias, todo aquele que ande por aí exibindo sua veneração a Che Guevara, ou que, não sendo cubano, desfralde a bandeira de Cuba (gesto equivalente), pode falar quanto quiser sobre democracia. Nesse caso, porém, o interlocutor, seguindo a prudente fórmula do mestre chinês, deverá observar: O dileto amigo tem toda razão em expressar suas convicções democráticas pois democracia faz bem. Devo adverti-lo, contudo, para o fato de que esse tipo específico de democracia que tanto o seduz é vulgarmente denominado totalitarismo.

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