Por Luiz Ernesto Magalhães e
Rafael Galdo - O Globo
Manifestantes que pretendiam praticar atos de vandalismo no
entorno do Maracanã na final da Copa do Mundo, no último dia 13, chegaram a
testar, na véspera da partida decisiva, um esquema de esconder coquetéis
"molotov" em carros estacionados nos arredores da Praça Saens Peña,
na Tijuca. A informação, revelada ontem pelo "Fantástico", na TV
Globo, consta na denúncia oferecida pelo Ministério Público à Justiça contra os
23 acusados de incitar atos violentos nos protestos. Segundo a reportagem, o
teste tinha o objetivo de avaliar se seria possível evitar a apreensão dos
artefatos pela polícia, caso ativistas tivessem as mochilas revistadas. A ideia
era, no dia da final, colocar os explosivos em automóveis nas imediações do
estádio.
O "Fantástico" reproduziu escutas autorizadas pela
Justiça, nas quais a coordenadora de pós-graduação em Filsofia da Uerj, Camila
Jourdan, conversa com dois ativistas, Rebeca Martins de Souza e Igor D'Icarahy,
que, segundo a polícia, foram recrutados para testar o plano de esconder os artefatos
nos carros para aquilo que batizaram de "junho negro" (o protesto que
seria feito no dia 13). Os três estão entre os ativistas denunciados à Justiça.
De acordo com a polícia, na casa de Camila foram encontrados 20 rojões
recheados com pregos, 178 ouriços e objetos de ferro pontiagudos.
A reportagem ouviu ainda duas testemunhas, que não quiseram
ser identificadas e colaboraram com as investigações da operação Fire Wall.
Elas contaram que a estratégia de partir para confrontos e depredações em protestos
ocorreu em agosto do ano passado. Para isso, aconteceram reuniões numa barraca,
em frente ao Palácio Pedro Ernesto, do Ocupa Câmara, movimento iniciado em
protesto contra a composição da CPI dos Ônibus. Segundo as investigações,
vários acusados de envolvimento com atos violentos nos protestos participaram
dos encontros. Entre eles, Igor, Camila, Elisa Quadros (a Sininho) e Luiz
Carlos Rendeiro Júnior (o Game Over), incluídos entre os 23 denunciados.
— Lá "rolou" a coisa de quererem queimar um ônibus
ali na (Avenida) Rio Branco. Aconteceu realmente. Queimaram até um ônibus da
polícia — contou uma das testemunhas.
Violência contra jornalistas
A segunda testemunha revelou que os atos violentos eram
definidos como "ações diretas":
— Ação direta é o ato de confrontar, de quebrar.
O programa exibiu ainda vídeo de outra testemunha, que
consta na denúncia, no qual detalha como os ativistas se organizavam:
— Os mentores são as lideranças. Eles não assumem essa
nomenclatura porque ela vai contra a ideologia deles, que é anarquista. Mas eu
vi, sei que tem. Tem a função dos atiradores: os caras responsáveis por atirar
fogos de artifício, coquetéis "molotov", o que tiver na mão. E a
função das mulas: ficam dentro da manifestação com a mochila, preparada para
dar (o material) para quem quer que seja.
Também ontem, o presidente da Federação Nacional
dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, se encontrou com o cinegrafista Tiago
Ramos, do SBT, agredido na última quinta-feira durante a libertação de três
ativistas. O tema foi o crescimento da violência contra jornalistas na
cobertura de protestos. Para Schröder, os agressores estão legitimados por
pessoas e grupos que se sentem à vontade para atacar jornalistas
Fonte: A Verdade Sufocada
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