Por Jacob Dolinger
Israel colocou em perigo seus soldados, sacrificando alguns
deles, no esforço de minorar ao máximo as vítimas civis do inimigo
Assim que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil
condenou energicamente Israel pelo “desproporcional uso de força na Faixa de
Gaza” e convocou seu embaixador em Tel Aviv a retornar a Brasília para
consultas, o governo israelense, por seu Ministério do Exterior, lamentou que o
“Brasil, um gigante cultural e econômico, permaneça um anão diplomático”.
Realmente lamentável o comportamento do governo da sra.
Dilma.
Gostaria que nosso chanceler explicasse como ele mede
“proporcionalidade” no campo bélico. Saberia ele que se Israel enviasse o mesmo
número de mísseis que o Hamas lançou sobre Israel nos últimos anos, Gaza
estaria totalmente destruída?
Sabe ele os cuidados que Israel tomou na semana passada
avisando centenas de milhares de palestinos para abandonarem suas residências,
possibilitando com isso que o Hamas soubesse exatamente onde o Exército
israelense se preparava para atacar e causando assim quedas que não ocorreriam
se os ataques fossem realizados de surpresa? Ou seja, Israel colocou em perigo seus
soldados, sacrificando alguns deles, no esforço de minorar ao máximo as vítimas
civis do inimigo.
Têm Sua Excelência e a presidente que ele serve a menor
noção da barbárie dos dirigentes de Hamas forçando seu povo a permanecer em
casa, enviando mísseis de hospitais e de áreas residenciais, para conseguir que
a reação defensiva israelense cause vítimas civis entre o povo palestino?
Aliás, conhece o ministro alguma guerra que não causou
vítimas civis? E que sempre houve desproporcionalidade entre o número de
vítimas das partes envolvidas no conflito?
Não compreende o chefe do Itamaraty que em Israel
praticamente não caem vítimas civis porque o Estado protege seus cidadãos, com
o mais sofisticado sistema de alarme e refúgio?
Não está evidente aos olhos do governo brasileiro que esta,
como as anteriores guerras entre Israel e Hamas, foi provocada pelos
terroristas fanáticos que governam a Faixa de Gaza como déspotas medievais?
Fez o chanceler a mais elementar pesquisa para se assenhorar
do que diz a Constituição do Hamas sobre seu desiderato de destruir Israel e
eliminar toda a sua população?
A equipe do Ministério de Relações Exteriores se assenhorou
dos longos e sofisticados túneis pelos quais os bárbaros se preparavam para
atacar covardemente a população civil do Sul de Israel? Qual o nível do sistema
de informação de que dispõe nossa chancelaria?
E tem o governo brasileiro uma equipe jurídica sofisticada
que poderia adverti-lo de que condenar Israel por sua defesa contra o
terrorismo pode perfeitamente constituir cumplicidade com os terroristas e as
atrocidades que praticam? Aliás, o mesmo se aplica aos governos dos países da
União Europeia. Será que isso traz conforto ao governo brasileiro?
E o povo brasileiro, os intelectuais, os estudantes
universitários, os jornalistas, saberão aquilatar o fenômeno psíquico que
reside atrás desta discriminação contra Israel?
Quanto mais o Estado de Israel progride em alta tecnologia,
no avanço de sua medicina, de sua ciência quanto mais Israel comparece para
ajudar populações vitimadas por desastres naturais quanto mais Israel contribui
para minorar o sofrimento de certas populações africanas via todo tipo de
assistência, quanto mais os judeus concentrados em Israel lutam por uma paz
séria e duradoura com seus vizinhos — apresentando propostas irrecusáveis —
sempre ignoradas pelos árabes, que por sua vez nunca oferecem contrapropostas
quanto mais Israel se revela um pais com o mais alto nível de democracia quanto
mais a Suprema Corte israelense atende a reclamações de palestinos enfim,
quanto mais Israel se destaca no plano intelectual, moral e jurídico, mais é
vitimado pela hipocrisia das potências democráticas que, em vez de apoi ar o
Estado Judeu, lançam-se contra ele com mentiras, cinismo e má-fé.
Qual a razão mais profunda desta injustiça gritante e
vergonhosa? Ninguém desconfia?
Que cada um examine sua alma, sua história familiar, sua
educação, sua visão do mundo e responda honestamente por que a demonização do
Estado Judeu, por que a campanha injusta, cruel e perversa contra o Estado
construído pelos sobreviventes do Holocausto?
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Jacob Dolinger é professor de Direito Internacional.
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