Renan Calheiros: ele combinou ações anti-CPI
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Cunha, líder do PMDB: há malfeitos na Petrobras
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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), joga em
dobradinha com o governo para criar o maior número possÍvel de empecilhos à
investigação das lambanças na Petrobras pelo Congresso. Renan combinou os
passos com o Palácio do Planalto e está em descompasso com o líder de seu
partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). O
senador marcou para esta quarta à noite uma sessão conjunta do Congresso para
dar início à instalação da CPI Mista. Mas também já recebeu as indicações
governistas para a instalação da CPI exclusiva do Senado. Trata-se de uma
verdadeira tropa de choque, que não vai querer apurar nada.
A oposição, que luta pela CPI mista, já que o governo tem
menos controle da Câmara, retirou os nomes que havia indicado, e Renan ameaça
fazer ele mesmo a indicação, o que é possível. Os petistas vão dizer que tem
prevalência a CPI que for instalada primeiro, o que é bobagem porque nada
impede que as duas funcionem, ainda que isso seja absurdo. O objetivo é retardar
o máximo possível o início dos trabalhos de uma ou das duas CPIs, tentando
arrastar a questão até junho, quando o Congresso entra em recesso antecipado
por causa da Copa do Mundo.
Renan se estranhou com o líder do partido na Câmara porque o
deputado estaria disposto a indicar nomes para a CPI mista que não rezam
exatamente pela cartilha do Planalto.
Cunha concedeu nesta terça-feira uma entrevista ao programa
“Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan. Indagado sobre qual seria o papel do PMDB na
CPI mista, afirmou: “Não vamos fazer o papel nem de beque governista, nem vamos
ser ponta de lança oposicionista; nós vamos nos ater aos fatos, que são os
fatos que têm que ser apurados”. E foi adiante: “Nós não vamos aceitar que não
tenha a CPI mista; ela já está criada”. E emendou: “A gente acha que tem um
malfeito, sim, na Petrobras; estes estão fartamente denunciados: há um
ex-diretor da Petrobras preso; há uma série de denúncias na imprensa que
precisarão ter respostas, e isso tem de ser apurado. A gente quer participar de
uma resposta à sociedade sobre esses malfeitos que são denunciados”.
O governo sabe que não poderá impedir a CPI Mista e pretende
usar a do Senado para encurralar a oposição. Um dos participantes da reunião
que definiu a estratégia do governo, que
juntou Dilma, Renan e os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) e
Aloizio Mercadante (Casa Civil) resumiu ao Globo: “Vai ser olho por olho, dente
por dente. A Petrobras tem turbina da Alstom e deu R$ 2 bilhões para que a
empresa Copergas, do governo de Pernambuco, fizesse obras no entorno da Abreu e
Lima. A conexão já existe”.
Vale dizer: o governo pretende transformar a CPI da
Petrobras na tal CPI X-Tudo. A ordem é impedir que se investigue a Petrobras.
Eles devem saber por que tanto o medo. Em parte ao menos, nós também sabemos.
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