Nos bons tempos do varejo de rua, o ponto era tudo. A
localização. A posição. Estar sozinho com o seu negócio na rua principal da
cidade era um diferencial competitivo poderoso. A alma do negócio era estar o
mais longe possível do concorrente. Até que um dia o varejo descobriu que
juntar os competidores numa mesma
região, ao contrário de dar prejuízo, trazia lucro. O consumidor vinha para
determinada rua ou bairro porque ali encontrava todas as marcas, todos os
produtos, todas as ofertas e, após pesquisa, fazia a sua compra com a certeza
do melhor negócio. E vinha em número cada vez maior. Criava fluxo. Movimento!
Os shoppings centers têm um pouco desta lógica de juntar um bom mix de lojas
para que o consumidor, num só local, possa fazer as suas escolhas e suprir
todas as suas necessidades. E o que isso tem a ver com politica?
Os jornais mostram que o PSB, em pânico com a paralisia da
sua candidatura, ensaia uma briga com o seu maior competidor, o PSDB, que hoje
possui o dobro das intenções de voto. Antes havia um acordo de cavalheiros,
cada um com a sua loja eleitoral, uma distante da outra, mas com alguma
combinação de preço e de oferta para vencer o grande concorrente: o lojão do
PT, abarrotado de mercadorias contrabandeadas, pirateadas, falsificadas e sem a
mínima fiscalização, além de uma máquina publicitária massacrante. O quadro
mudou. Especialmente porque o PSB não sabe o que vender ao seu cliente: se um
PSDB moderninho ou um PT 3.0. Este terceiro produto não existe no varejo
político brasileiro e os resultados têm sido altamente deficitários para os
socialistas. Mas onde uma briga entre PSB e PSDB pode ajudar os dois?
Voltamos a velha questão da localização e da competição.
Assumindo que são oposição de fato, os dois partidos chamam para um debate
entre si. Criam uma zona definida para ambos. Escolhem o bairro e o lado da
rua. Abrindo o debate, atraem a atenção dos eleitores, até então acostumados
com o lojão do PT, cheio de ofertas indecorosas e mentirosas, mas de bom preço.
Unidos atacam este competidor maior, que é o governo. Separados, pois a compra
do eleitor por meio do voto é única, mostrarão realmente os seus diferenciais.
Mostrarão a cara e o coração.
Neste confronto, PSB e PSDB vão romper a polarização mais
perigosa, que é a do eleitor votar no governo ou em um dos partidos de
oposição. Abrem a possibilidade do eleitor votar em um ou em outro partido de
oposição, deixando de lado a opção governo. Não será mais continuidade x
mudança. Poderá ser mudança x mudança.
Nesta briga democrática, ambos poderão surfar na onda de renovação que
as pesquisas estão indicando. É hora de chamar a clientela para um novo ponto,
onde a concorrência entre os partidos de oposição seja aberta, clara e
transparente. O debate oposição x oposição é altamente lucrativo em termos
eleitorais. Esta briga entre PSB e PSDB
é ganha-ganha.
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