Até virar passarinho, Hugo Chávez se apresentou como a
reencarnação de Simón Bolívar. Sem compromisso com qualquer tipo de fidelidade,
Lula é mais versátil. Já foi Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas e Dom Pedro II.
Na semana passada, a metamorfose delirante informou que apenas quatro séculos
impediram que fosse também Pedro Álvares Cabral.
O vídeo de 16 segundos registra a novidade, revelada neste
16 de maio na escala feita em Sorocaba pela caravana que zanza pelo interior
paulista tentando cumprir a missão urgentíssima e complicada: curar o
raquitismo que afeta os índices atribuídos a Alexandre Padilha por todos os
institutos de pesquisa. Principal atração da trupe, o palanque ambulante entrou
em ação logo depois do almoço. E achou uma boa ideia usar o passado remoto para
ajudar o futuro imediato do candidato a governador.
No meio do falatório, o fabricante de postes se dirige a um
certo Hamilton para lembrar que “eles ficam muito nervosos”. Sem esclarecer
quem são “eles” nem explicar as razões do nervosismo, decola rumo a 1500.
“Ficam dizendo que o Lula pensa que é ele que descobriu o Brasil. Se eu
existisse na época eu teria descoberto mesmo. É que eu não existia”, delira o
recordista mundial de bravata & bazófia sob risos e aplausos da plateia
amestrada.
Sorte dele. Se Lula estivesse no lugar de Cabral, não
haveria uma Primeira Missa, mas um Primeiro Comício de curtíssima duração.
Mesmo sem saber o que dizia aquela figura estranha, os donos da terra logo
entenderiam que era tudo vigarice. A troca de espelhinhos por pedras preciosas
comprova que eram tão ingênuos quanto os milhões de modernos primitivos que
mantêm o PT no poder. Mas não sofriam de abulia paralisante, disfunção
epidêmica no Brasil do século 21. E achavam que tapeação tem limite.
Depois de cinco minutos de discurseira insuportável, até uma
tribo de vegetarianos estaria transformada num bando de antropófagos ansiosos
pelo começo do banquete. E já no dia 22 de abril de 1500 o descobridor do
Brasil viraria comida de índio.
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