As comemorações do Dia do Trabalho no maior colégio
eleitoral do país foram marcadas ontem pela hostilidade do público com os
representantes do governo e por ataques de políticos da oposição à presidente
Dilma Rousseff.
Recepcionado pelo deputado Paulinho da Força (SDD-SP),
principal liderança política da central, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) atacou
o reajuste dado à Bolsa Família, por Dilma Rousseff, em pronunciamento na noite
anterior.
"A presidente da República, infelizmente, mente aos
brasileiros no momento em que diz que o reajuste de 10% no Bolsa Família
permite que a remuneração alcance aquele patamar mínimo estabelecido pela ONU
[Organização das Nações Unidas], de US$ 1,25 por dia, com uma renda mínima para
se estar acima da linha da pobreza", afirmou Aécio no ato da Força.
"O valor teria que chegar a R$ 83 e não a R$ 77", disse. O reajuste
no Bolsa Família ainda será detalhado pelo governo. Procurado, o Planalto não
comentou a fala de Aécio até a conclusão desta edição.
No pronunciamento na quarta, Dilma atacou a oposição e
anunciou outras medidas de interesse dos trabalhadores, como o reajuste da
tabela do Imposto de Renda e a promessa de manter a valorização do salário
mínimo. "A presidente foi ontem à televisão falar que quer dialogar com o
trabalhador, mas hoje está fechada no palácio. Não veio olhar para vocês e
explicar porque a inflação voltou, o crescimento sumiu e a decência anda em
falta no atual governo", disse Aécio.
Com a correção de 10% nos benefícios do Bolsa Família, não
haverá ganho real, já que a inflação acumulada entre o último reajuste, em
2011, e o mês de março foi de 19,6% (segundo o INPC). Em 2011, o governo
aprovou um aumento de 19,4% no programa de transferência de renda, que
representou, à época, um aumento real (descontada a inflação) de 8,7%.
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
Tereza Campello, se reuniu ontem com assessores para fazer o decreto do
reajuste, mas o texto não ficou pronto e deve sair hoje. O governo não detalhou
como será o acréscimo de 10%. Dilma anunciou o reajuste em pronunciamento no
Dia do Trabalho, em medida considerada eleitoreira pela oposição. DEM e PSDB
prometem representação contra ela no Tribunal Superior Eleitoral por campanha
antecipada.
Em nota, o PSDB afirmou que a correção "adequada"
do benefício deveria seguir a inflação acumulada nos três primeiros anos do
governo Dilma, o que somaria um valor "pelo menos duas vezes maior"
que o anunciado. O programa atende famílias em situação de pobreza (renda per
capita de até R$ 140 ao mês) e de extrema pobreza (até R$ 70). O valor médio do
benefício é de R$ 152,75, associado a contrapartidas como frequência escolar
dos filhos.
Segundo a proposta de orçamento deste ano, serão
transferidos R$ 23,9 bilhões a cerca de 13,8 milhões de famílias. Se o reajuste
de 10% for linear, ou seja, atingir todos os benefícios do programa, o valor
gasto chegará a R$ 26,3 bilhões em 2015.(Informações da Folha de São Paulo)
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