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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Crítica deselegante de Paulinho da Força a Dilma mostra que o Brasil é palco de guerra de quadrilhas


paulinho_09Telhado de vidro – Corrupção é algo inaceitável, mas no Brasil esse tipo de crime cresce de maneira assustadora, mas a extensa maioria dos culpados acaba beneficiada pela impunidade. Como sabem os leitores, política só se faz à base de muito dinheiro, o que leva os políticos a se envolverem cada vez mais em escândalos de corrupção.

Na festa promovida pela Força Sindical em comemoração ao 1º de Maio, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SDD-SP) aproveitou o evento para fazer duras críticas ao governo do PT e à presidente Dilma Rousseff, que no dia anterior ocupou a cadeia de rádio e televisão para um pronunciamento oficial cheio de armadilhas e escandalosamente eleitoreiro.

Críticas aos ocupantes do poder são necessárias, desde que responsáveis, até porque rédea solta significa desmandos, mas Paulinho da Força, como é conhecido o parlamentar, abusou da deselegância ao afirmar que por causa da polêmica compra da refinaria de Pasadena a petista Dilma deveria estar no presídio da Papuda, em Brasília, onde cumprem pena alguns dos condenados na Ação Penal 470 (Mensalão do PT).

A essência democracia está no equilíbrio de forças e na convivência pacífica de opiniões divergentes, mas no Brasil a toada é diferente. Acostumaram-se os políticos a conviver ao redor de um imundo balcão de negócios, sendo que o escambo torna-se cada vez mais caro e impraticável.

O ucho.info não está a defender a presidente Dilma no caso de Pasadena, que por comandar à época do negócio o Conselho de Administração da Petrobras é responsável pela trapalhada, mas não é da forma como sugeriu Paulinho que faz-se política e muito menos vive-se em um regime supostamente democrático. O Estado brasileiro tem Poderes constituídos e os cidadãos devem cobrar a apuração dos fatos com a devida participação do Judiciário.

Ademais, não custa lembrar que Paulo Pereira da Silva está a anos-luz de ser a pessoa mais adequada para acusar adversários políticos de envolvimento em supostos casos de corrupção. No rastro da Operação Santa Tereza, a Polícia Federal flagrou, em 2008, o deputado em um esquema de desvio de recursos emprestados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a prefeituras e empresas.

O relatório da PF serviu de base para o pedido de prisão de onze suspeitos de envolvimento no esquema criminoso. O nome de Paulo Pereira da Silva não foi incluído na investigação por conta da prerrogativa de foro. Foi uma estratégia inteligente da Polícia Federal, pois a inclusão do nome de Paulinho anularia a investigação, uma vez que em casos como esse a legislação vigente exige autorização do Supremo Tribunal Federal para que um parlamentar seja investigado.

Entre os citados no relatório da PF apareceu o nome de João Pedro de Moura, então assessor de Paulinho na Força Sindical. Na ocasião, a PF classificou Moura como “um dos principais assessores da Força Sindical, responsável pela ligação da organização criminosa com o banco [BNDES]“.

No relatório, a PF destaca que, em 13 de fevereiro de 2008, Moura foi fotografado chegando à Câmara. O assessor seguiu para o gabinete de Paulo Pereira da Silva carregando uma mochila. “É mister perceber, na foto abaixo, que João Pedro de Moura desembarca pela manhã levando uma mochila, a qual não é mais vista com ele durante o decorrer do dia”, frisa o documento da Polícia Federal.


O Brasil não vive o seu melhor momento político, até porque o que prevalece atualmente é uma impressionante “cleptocracia”, mas essa enxurrada de acusações, de parte a parte, mostra que o País tornou-se refém de acirrada guerra entre quadrilhas que se valem de mandatos eleitorais para permanecer na trincheira da impunidade.

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