Ai, ai… O que dizer, não é? Quando morreu o coronel Paulo
Malhães — aquele que admitiu ter torturado presos políticos durante o regime
militar —, escrevi aqui que a boa lógica apontava para crime comum. O exame do
corpo apontou ataque cardíaco. Os exploradores de teorias conspiratórias
estavam certos de que se tratava de queima de arquivo.
Dias depois, o caseiro confessou que planejara a invasão da
chácara do coronel junto com dois irmãos. Não foi o bastante, claro! Nada
disso! A Comissão de Direitos Humanos do Senado e Wadih Damous, presidente da
Comissão Estadual da Verdade, não acreditaram. Foram ouvir o homem — que, como
o esperado num caso assim, disse que foi obrigado a confessar. Obrigado de que
maneira? Não ficou claro!
E a hipótese do crime político voltou à tona. Agora, duas
pessoas foram presas com armas e outros objetos roubados da casa do coronel, o
que parece descaracterizar, mais uma vez, a tal conspiração política liderada
por velhinhos de extrema direita assassinos…
Mais: saiu o laudo oficial da morte. O homem morreu mesmo de
infarto do miocárdio. Não foi “sufocado” por ninguém. E agora? Como conviver
com uma verdade que não se coaduna com a verdade oficial, aquela que interessa
à militância? Ora, usem o método empregado na Comissão Nacional da Verdade:
mandem os fatos às favas e contem a versão que interessa. Digam que um bando
homicida de velhinhos de extrema direita praticou queima de arquivo. A gente
sabe que não foi assim, mas pensem bem. O que interessa mais: uma mentira que
faz avançar a luta dos “companheiros e camaradas” ou uma verdade que não
contribuiu para a causa dos ditos “progressistas”?
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