Por Márcio Accioly*
Quando o gatuno André
Vargas (PT-PR) afrontou o presidente do STF, Joaquim Barbosa, numa solenidade
na Câmara dos Deputados, poucos sabiam a respeito dessa figura burlesca que
seria desmascarada, meses depois, em procedimentos altamente danosos aos cofres
públicos nacionais. O problema é que sua excelência é primeiro vice-presidente
da Câmara, a agir como porteiro de lupanar, enodoando de forma deliberada um
dos poderes basilares de nossa desmoralizada República.
André Vargas já havia sido
alvo de sérias denúncias na revista Veja, em março de 2013, quando se descobriu
que um seu funcionário (André Guimarães) exibia expertise na criação de perfis
e blogs falsos, utilizados para atacar oponentes do parlamentar e do PT. A denúncia
ficou pendurada no vácuo e não deu em nada. O Guimarães oferecia seus serviços
a prefeituras que se dispusessem pagar valores que variavam entre R$ 2 mil a R$
30 mil mensais.
O Brasil é assim: as
instituições não funcionam! Vivemos de surtos, entre autoritarismo e instantes
de arremedo de democracia. No momento, atravessamos cruel fase de suposta
democracia, em pulsar delicado no qual já existem milhões implorando a volta
dos militares. Nada funciona. Na nossa democracia, rouba-se o disponível, aprontam-se
ilegalidades e não se cobram responsabilidades. No regime militar, também!,
porque sabichões enchem os bolsos à sombra das baionetas.
Na democracia nacional,
figuras espúrias, tais como Renan Calheiros e José Sarney alcançam a
Presidência do Congresso Nacional. Mas no modelo castrense, eles nunca deixam
de se dar bem. Nossa chamada democracia é o momento de purgação em que se
afloram emoções baratas com denúncias de torturas, mutilações e assassinatos.
Na purificação pós-64 foi apontada até mesmo a existência de fornos crematórios
utilizados pelo Exército (livro do ex-delegado Cláudio Guerra, Memórias de uma
Guerra Suja), mas as denúncias, provas e alegações caem numa silenciosa
conveniência.
O cansaço vai dominando a
todos. Os jornais diários explodem com manchetes inacreditáveis, que se tornam
rotina em sua repetição, e deixam de escandalizar pelo volume da insistência.
Num país em que o analfabetismo é movimento majoritário, os alienados dependem
de emissoras de televisão que se especializaram em difundir pornografia e
oferecer baixo nível, banalizando cultura de baixo calão que a tudo nivela no
viés da sordidez.
Temos, agora, na
Presidência da República, pessoa que não consegue ligar “a” com “o”,
especializada em mentir, ao tempo em que busca estender qualificação
profissional que absolutamente não existe. Enquanto isso, o maior responsável
pelo descalabro que se presencia transmite a impressão de atravessar incólume a
situação de imensurável risco, dando braçadas num oceano de lama que a cada momento
amplia seu nível. O país vai soçobrar nesse caminho.
Cidades desarrumadas,
pessoas estressadas a se desesperarem no vazio, vagando sem rumo numa desordem
sem fim! Risco de apagão e falta de água potável (São Paulo já mergulhou em
situação de alto risco), mas nossos homens públicos não têm proposta ou sugestão
capaz de apontar rumo ou destino. É só roubo e descaso, incúria e pouca
vergonha, desrespeito e embromação. As lideranças políticas do Brasil há muito
se encontram ensandecidas. Não têm consciência da gravidade do caos que se
aproxima.
O país terá de piorar,
muito mais, para que se perceba ser indispensável uma guinada brusca. O
problema é que poderemos atingir ponto em que os fatos deverão se tornar
irreversíveis. E, aí, não vai adiantar se cobrir de lamento no choro de
horizonte perdido. Porque teremos chegado a limite de horrores e desperdício.
Fonte: Alerta Total
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*Márcio Accioly é
Jornalista.
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