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sábado, 19 de abril de 2014

O enfraquecimento político do PT


Observar a cena política brasileira nesse ano eleitoral tem sido surpreendente. Ninguém, ao virar do Ano Novo, poderia afirmar com alguma chance de sucesso que poderia haver alternância de poder. Certo: tirar socialistas radicais e pôr no lugar os socialistas fabianos não parece grande coisa à primeira vista. Resta a pergunta: qual a alternativa? A direita não tem candidato, nem mesmo o centro, representado pelo PMDB, tem candidato. Mais uma eleição de triunfo total da esquerda se desenha.

Não obstante, penso que a alternância será muito positiva. Primeiro, porque será a garantia de que o processo democrático vai continuar, sem que a tentação golpista do PT possa se consumar. Eu sempre me lembro que Hitler, até 1933, era quase inofensivo. Depois que empolgou o poder terminou em genocídio. O mesmo aconteceu nas experiências socialistas em toda parte, a mesma que o PT que fazer por aqui, ao abrigo e na liderança do Foro de São Paulo. Então não é possível descansar enquanto a opção do puro e simples continuísmo for a maior possibilidade. Nenhum brasileiro informado e responsável poderá querer tal coisa.

A alternativa viável é Aécio Neves, um legítimo representante das oligarquias regionais que, pragmaticamente, pratica discurso à esquerda. Mas bem vimos as suas últimas declarações, muito corajosas, falando que a realidade nacional poderá exigir medidas duras. Aécio, como membro da elite tradicional, não quer ver o circo pegar fogo. Provavelmente faria um governo a meio do caminho do que faria o seu avô e o que fez Fernando Henrique Cardoso.

A agenda contrarrevolucionaria seria retardada um pouco se ele ganhasse. Acho que Aécio daria prosseguimento a ela, ainda que em ritmo mais lento. Mesmo que pessoalmente queira, não conseguiria segurar os socialistas do PSDB e seus aliados na marcha da revolução. E não tem como segurar o STF, que tomou o freio nos dentes e desandou a legislar. Viveremos mais, pelo menos, dez anos de revolução Fabiana com Aécio. Rever o processo exige que o centro e a direita se unam para produzir um candidato viável diante dos socialistas. Essa realidade precisará ser construída.

Não penso que chorar o leite derramado resolva alguma coisa. Não adianta anular voto e nem esbravejar contra a realidade nua e crua. Ela é o que é. A direita não tem nome algum. Nem o centro político. Penso ser do interesse de todos os brasileiros a alternância agora, mesmo que entre pares socialistas. O totalitarismo ameaçará a Nação se houver continuísmo.

A possibilidade de alternância do poder, tirando o PT e adiando qualquer tirania, é precisamente o racha no PMDB. No Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral, já foi consumado. Na Bahia, quarto maior colégio, também. Minas Gerais tem o candidato da terra, que naturalmente poderá ser o mais votado. Em Pernambuco igualmente, com Eduardo Campos tirando votos do campo petista. Esses movimentos enfraqueceram para valer a candidatura oficial. Nisso se funda o que estou aqui dizendo. O eleitorado paulista, o maior colégio eleitoral, sempre deu seu voto contra o PT, em maioria.

Pior do que a queda de popularidade de Dilma Rousseff em todos os institutos de pesquisa é o racha nas elites, para o PT. Vimos que o empresariado está quase na oposição, porque oposição não pode ser. Mas é evidente que rachou. O reflexo está nas decisões do PMDB, de não apoiar o PT em colégios importantes. Fica cada dia mais evidente a desintegração das instituições no Brasil. E também da economia, posto que os petistas, ao contrário da gente do PSDB, aposta no desenvolvimentismo, não dando bola para os perigos da inflação e lutando convictamente para engrandecer ainda mais o Estado todo poderoso. A economia brasileira está ficando inviável e isso custará muito em termos de crescimento econômico e desordem na atividade produtiva. A situação já está de difícil correção e o empresariado acordou para o drama. O jeito é tirar o PT.

De qualquer modo, tudo indica enfraquecimento do PT diante do eleitorado. Essa é a maior notícia política dos últimos tempos.

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