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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Notícia da morte do coronel Paulo Malhães saiu primeiro em site de militar

Juliana Dal Piva - O Dia

Ex-comandante do DOI-Codi de São Paulo divulgou notícia 31 minutos antes da imprensa



Rio - Entre as primeiras pessoas que souberam da morte do coronel reformado do Exército Paulo Malhães na sexta-feira está o também coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-Codi de São Paulo (1970-1974). O DIA descobriu no Twitter do site de Ustra “A Verdade Sufocada” uma postagem sobre o assassinato de Malhães às 13h08 — 31 minutos antes da primeira notícia em página de empresa jornalística, às 13h39. O site “A Verdade Sufocada” tem o mesmo nome do livro escrito por Ustra, com sua versão sobre a repressão.

 No site de Ustra, a informação sobre a morte do coronel Malhães foi divulgada às 13h08 da sexta-feira

Observação do site www.averdadesufocada.com  : Quantas vezes eu vou ter que repetir que o site não é de militar. Será que ninguém acredita que, em pleno século 21, mulheres não são capazes de serem responsáveis por sites que não postem apenas assuntos como moda, culinária, beleza, novelas e outros bem mais leves e agradáveis do que este?
Leia acima resposta ao pronunciamento do Senador Randolfe Rodrigues (PSol - AP), sobre o mesmo assunto.

Não sei como ainda o deputado Natalini não fez um relatório com 100 pontos que incriminassem o cel Ustra com a morte do Cel Malhães, como o que fez com o acidente de JK, que foi rejeitado pela CNV? 

 A postagem no Twitter traz um link para a matéria no site do militar. A notícia diz que Malhães foi morto com quatro tiros. Há também uma referência ao assassinato do coronel Júlio Molinas Dias em 2012, e que ele guardava em casa documentos do caso Rubens Paiva.

A polícia informou na sexta-feira que o corpo de Malhães tinha sinais de asfixia. A viúva, Cristina, contou que os bandidos cortaram o telefone da casa. O coronel Ustra mora em Brasília.

O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, considerou a informação importante para as investigações. “Esse levantamento vai ser importante. Acredito que vão ter que ouvir pessoas em função disso. É uma informação relevante”, afirmou Dallari, que ressaltou que todas as hipóteses devem ser investigadas.

O assessor da Comissão da Verdade de São Paulo Ivan Seixas disse que o site é uma referência entre os militares. “É a mais importante referência dos torturadores. É altamente suspeito ter essa notícia antes mesmo da própria imprensa. Isso chama a atenção e acho que devíamos exigir que a PF entre no caso”, observou Seixas.

Observação do site: Não sei, também, como Ivan Seixas não disse que viu ou que alguém lhe contou que o cel Ustra estava no dia do crime pelos lados da Baixada Fluminense no Rio, com uma equipe?
Desculpem a ironia num caso tão sério e triste como a morte de qualquer pessoa, mas  Ivan Seixas "esteve presente ou soube" de todos os casos em que o Cel Ustra é acusado de tortura, morte ou sequestros. Pelo visto  ele é onisciente e onipresente!

Durante entrevista ao DIA em março deste ano, Malhães contou que ele e Ustra tinham trabalhado juntos em algumas operações. Ustra também prestou depoimento à Comissão da Verdade, em maio de 2013. Na ocasião, negou sua participação em torturas e assassinatos.

Procurado para falar sobre o caso do coronel Paulo Malhães, Brilhante Ustra não retornou até o fechamento da edição.

MPF apreende documentos e computadores

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro e a Polícia Federal cumpriram ontem mandado de busca e apreensão na casa do coronel reformado Paulo Malhães, em Marapicu, em Nova Iguaçu.

Durante as buscas foram apreendidas três computadores, mídias digitais, agendas e documentos do período da ditadura, inclusive relatórios de missões das quais Malhães participou.

Peritos estiveram no sítio, em Nova Iguaçu, em busca de material que possa levar à identificação dos homens que assassinaram o militar e conversaram com o caseiro

O mandado, feito no sábado por procuradores da República do grupo de trabalho Justiça de Transição, foi concedido pelo juiz federal Anderson Santos da Silva. Segundo o MPF, o objetivo era apreender documentos e possíveis provas que possam contribuir para a elucidação de crimes cometidos por servidores públicos durante a ditadura militar.

Paulo Malhães foi agente do Centro de Informações do Exército na década de 1970. Os procuradores já investigavam o militar devido aos relatos em que confessou ter torturado e assassinado presos políticos.

Em dezembro de 2013 e março de 2014, o MPF tentou, inclusive, intimá-lo a depôr, mas o militar recusou-se a receber a intimação. A recusa foi antes de ele ser ouvido pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Em março, antes do depoimento à CNV, Malhães admitiu ao DIA que participara de torturas e mortes durante a ditadura e que integrara uma missão em 1973 para desenterrar e ocultar a ossada do ex-deputado federal Rubens Paiva, desaparecido dois anos antes.



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