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quinta-feira, 3 de abril de 2014

MOVIMENTO DE 31 DE MARÇO DE 1964 – OPERAÇÃO CONDOR

Por General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva

O envolvimento de um país na política interna de outro sempre existiu. Os EUA e a URSS o faziam com seus serviços de inteligência e diplomacia. Alguém é ingênuo para pensar que o Brasil não o faça?

Os EUA apoiavam financeiramente institutos, partidos e políticos anticomunistas brasileiros. Acompanhavam a situação e, com a ameaça de uma guerra civil revolucionária, preparavam-se para apoiar a oposição a Jango ou mesmo intervir militarmente. Não aceitariam passivamente a queda do Brasil na esfera da URSS, pois, ao contrário de Cuba, seria fatal para sua liderança continental ao arrastar toda a América do Sul (AS) para o socialismo.

A URSS apoiava organizações ligadas ao movimento comunista internacional. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) não era nacional e sim um vassalo subordinado ao Partido Comunista da URSS, seguindo sua orientação para a tomada do poder. As Ligas Camponesas e os Grupos dos Onze eram financiados por Moscou para lançar-se à luta armada, caso a subversão e infiltração não lograssem êxito. A KGB, órgão de informações da URSS, infiltrara-se nos ministérios, estatais, Forças Armadas (FA), mídia e instituições científicas e educacionais. O golpe comunista era real e estava em andamento.

 Os socialistas alimentam a teoria de que os EUA autorizaram e dirigiram o Movimento de 31 de Março. Distorcem descaradamente atividades normais de diplomacia, relações internacionais e inteligência, apresentando-as como sendo articulações com lideranças nacionais para a execução de um golpe de Estado. As famosas cartas do Embaixador Lincoln Gordon não mostram nenhuma participação dos EUA na preparação nem no Movimento. Para o Embaixador: “O autor do golpe contra Goulart foi o próprio Goulart. Se ele fosse mais habilidoso, teria pressionado por suas reformas dentro do âmbito constitucional, em vez de ceder à tentação de seguir os modelos de Getúlio Vargas e Perón”. A historiadora Phyllis Parker publicou o livro “1964: O Papel dos EUA no Golpe de Estado de 31 de Março”, entrevistando os principais personagens do episódio e acessando a correspondência secreta. Disse não ter encontrado provas da participação direta dos EUA naquele evento, embora reconheça que apoiaram o desenlace da deposição de Jango, acompanharam a evolução dos acontecimentos e tinham um plano para o caso de uma guerra civil. Uma esquadra iniciara deslocamento dos EUA para o sul, no final de março de 1964, mas retornou após o rápido sucesso do Movimento (pg. 99 a 116).

Melhor assim, pois se a esquadra desembarcasse no Brasil mudaria todo o quadro. A massa das FA certamente reagiria contra a violação de nossa soberania e do sagrado solo da Pátria. Problemas brasileiros são resolvidos entre brasileiros.

Além disso, o livro “A KGB e a Desinformação Soviética” de Ladislav Bittman, do Serviço de Desinformação da Tchecoslováquia, confirmou ser fictícia a “Operação Thomas Mann” para derrubar governos latino-americanos. Foi forjada pela KGB.

E a Operação Condor? Ora, assim como hoje existem a Conferência dos Exércitos Americanos e as Reuniões Bilaterais e Regionais para tratar de assuntos de pessoal, operações, ensino, logística, doutrina e, também, inteligência (inclusive antiterrorismo), naqueles anos havia reuniões para tratar de diversos assuntos militares, intercambiar informações, experiências e, também, cooperar no combate à ameaça vermelha. Por que não?

Os socialistas condenam uma ilusória participação dos EUA no Movimento de 31 de Março, mas aceitam como normal os comprovados financiamentos e orientação soviética, cubana e chinesa na subversão e na luta armada. No início dos anos 1960, havia a Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), exportando a guerra revolucionária a partir de Cuba. Hermógenes P. de Arce, em “Terapias para Cerebros Lavados” (Cap. VII; p.277), diz: “En 1974, se fundó en París una Junta de Coordinación Revolucionaria integrada pelo Ejército de Libertación Nacional de Bolívia, Ejercito Revolucionário del Pueblo de Argentina, el Movimiento de Libertación Nacional Tupamaros de Uruguay y el Movimiento de Izquierda Revolucionária de Chile (---) y junto com ellos luchará por fortalecer y acelerar el processo de coordinación de la izquierda revolucionária latinoamericana y mundial”.


Portanto, nada mais lógico do que os governos agredidos se aliarem para neutralizar a guerra revolucionária de âmbito internacional, que procurava implantar ditaduras de partido único em toda a AS. Os socialistas, mestres da hipocrisia e falsidade, condenam os regimes militares por violações como supostas trocas de prisioneiros, mas se calam quando o governo petista devolve refugiados cubanos à ditadura de Fidel Castro, sanguinário ícone de nosso governo e da liderança socialista tupiniquim.


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