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terça-feira, 8 de abril de 2014

Juiz manda caso André Vargas, o cadáver adiado, para o STF. Para o bem do Brasil, o ainda deputado vai mal


Para o bem do Brasil, o deputado petista André Vargas (PR), vice-presidente da Câmara e do Congresso, vai mal. A esta altura, é difícil acreditar que consiga manter o mandato. Hoje, ele humilha o Parlamento brasileiro. Não vai demorar muito, e Vargas passará a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal. Não há escapatória, a menos que ele renuncie. Como é deputado, tem direito a foro especial por prerrogativa de função Por isso o juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, enviou ao STF a investigação. Explicou assim: “Revendo os autos, constato que, entre os diversos fatos investigados, foram colhidos, em verdadeiro encontro fortuito de provas, elementos probatórios que apontam para relação entre Alberto Youssef e André Vargas, deputado federal”.

E põe relação nisso! Reportagem publicada pela VEJA neste fim de semana é devastadora para o deputado. Ao se referir a um lobby que Vargas havia feito em seu favor no Ministério da Saúde, o doleiro diz ao petista: “Acredite em mim. Você vai ver quanto isso vai valer. Tua independência financeira e nossa também, é claro!”. Youssef estava falando de uma parceria do laboratório Labogen — uma empresa de fachada que, segundo a PF, serve para lavar dinheiro — com a gigante EMS. Todo o negócio poderia chegar a R$ 150 milhões. Já havia um contrato assinado de R$ 31 milhões para o fornecimento de citrato de sildenafila, o remédio que é o princípio ativo do Viagra, mas que serve também para tratar de hipertensão pulmonar. NOTA: Alexandre Padilha, então ministro da Saúde e futuro candidato do PT ao governo de São Paulo, assinou o contrato. Alguém aí acredita que ninguém se lembrou de ver a ficha cadastral da Lobogen? Ora… Quer dizer que o Ministério da Saúde não tem estrutura para não ser vítima de picaretas?

Numa outra conversa, o doleiro diz ao deputado: “Estou no limite. Preciso captar”. Ao que responde Vargas: “Vou atuar”. Como sabem, a parceria rendeu tanto que Youssef fretou um jatinho para o deputado e a sua família viajarem em férias para a Paraíba. Valor do mimo: R$ 100 mil.

A intimidade era tal que Vargas manda mensagens a Youssef por celular cobrando o pagamento a pessoas ligadas ao esquema. Numa delas, eles tem o seguinte diálogo:
VARGAS – [Você] sabe por que não pagam o Milton?
YOUSSEF – Calma! Vai ser pago. Falei pra você que iria cuidar disso.
VARGAS – [Há] Consultores que trabalham com ele há meses e não receberam.
YOUSSEF – Deixa, que vão receber.

Não dá mais! A Polícia Federal está convicta de que Vargas e Youssef atuam em sociedade. Pior: emissários do deputado fizeram chegar ao doleiro, que está preso, que a crise pode arrastar gente graúda. O que se quer dizer com isso? Vai saber!

O petista resolveu tirar uma licença de 60 dias para cuidar de assuntos privados. Huuummm… Ué! Não era isso o que ele fazia como um dos braços de Youssef? Mas manteve (vejam post na home) o cargo de vice-presidente da Câmara e do Congresso, o que é um acinte, é um deboche. Mesmo com o afastamento, três partidos de oposição — PSDB, DEM e PPS – ingressaram nesta segunda-feira com uma representação contra ele no Conselho de Ética. O PSOL, por sua vez, pediu à Mesa Diretora que a Corregedoria da Casa apure o caso.

Politicamente, André Vargas já está morto. Agora, é só um cadáver adiado que deve assustar muita gente, que aposta no seu silêncio. O que todos temem é um certo Leonardo Meirelles, que figurava como sócio da Lobogen e decidiu colaborar com a Polícia Federal.

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