Pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre
Padilha disse ontem que seu nome foi usado indevidamente pelo deputado federal
André Vargas (PT-PR) durante negociação com o doleiro Alberto Youssef e que
está mentindo quem aponta seu envolvimento com supostas irregularidades no
Ministério da Saúde.
"Se o senhor André Vargas usou meu nome em vão, se as pessoas
citadas [no relatório da PF] usaram meu nome em vão, vou interpelar e
esclarecer judicialmente isso. Não admito que meu nome seja usado em vão por
qualquer pessoa", disse o petista em entrevista coletiva.
Um novo relatório da Polícia Federal sugere que o
ex-ministro da Saúde indicou no ano passado um ex-assessor da pasta, Marcus
Cezar Ferreira de Moura, para dirigir o laboratório Labogen, controlado por
Youssef, que está preso desde 17 de março. A suspeita da PF é baseada numa
mensagem enviada por Vargas ao doleiro, na qual o deputado dá o nome e o número
do assessor e escreve: "Foi Padilha que indicou".
O ex-ministro disse que seus advogados pedirão acesso
integral ao relatório da PF que cita seu nome e negou que tenha relações com
Youssef ou feito indicações para o laboratório do doleiro. "Mente quem diz
que indiquei Marcus Cezar de Moura para qualquer laboratório privado. Mente
quem diz que existia ou existiria qualquer contrato do Ministério da Saúde com
o Labogen durante minha gestão. Mente quem estabelece qualquer envolvimento meu
com o doleiro."
O pré-candidato disse conhecer Moura, mas negou que o tenha
indicado para qualquer função. Segundo Padilha, o assessor trabalhou "por
três ou quatro meses" na assessoria de comunicação do Ministério da Saúde,
na área de coordenação de eventos.
Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde recebeu
projeto de parceria entre o Labogen, o laboratório da Marinha e outro
laboratório privado, o EMS, para a produção de medicamentos. O projeto foi
aprovado em dezembro e cancelado em março, antes que fosse assinado o contrato,
após a Folha revelar a ligação do doleiro com o Labogen e os indícios de que
Vargas atuou junto ao ministério para favorecer o laboratório.
Padilha afirmou que Vargas o procurou "mais
de uma vez" para tratar do projeto e disse que encaminhou a proposta de
acordo com o "fluxo normal do Ministério da Saúde", para análise da
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Questionado sobre um
possível abalo que o relatório da PF pode trazer à candidatura de Padilha, o
presidente do diretório paulista do PT, Emidio de Souza, disse que "não se
cogita" qualquer substituição.(Folha de São Paulo)
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