Por Paulo Roberto Gotaç*
Um aviso à grande imprensa do meu país, que, por motivos que
poucos conhecem mas que muitos desconfiam quais sejam, certamente ligados a
dependência da subvenção oficial que a mantém viva, insiste de modo unilateral
num tema polêmico: cesse a lavagem cerebral que está impondo aos leitores e
espectadores, visando a mobilizar os jovens de hoje que não viveram os tempos
obscuros de 1964, a adotarem uma postura na qual há uma clara intenção de
demonizar as forças armadas que, atendendo aos apelos da sociedade da época, à
beira da pulverização, conforme fartamente documentado pelos precursores e
antepassados dos que hoje assumem posições discutíveis nas redações e estúdios,
carregaram sozinhas - os segmentos civis que apoiaram as ações, posteriormente
se "ajeitaram" no poder e alguns estão aí até hoje - a
responsabilidade das consequências daquilo que tinha que ser feito.
Pare, querida e ainda livre imprensa, com essa torrente de
colagens e montagens porque os seus órgãos de comunicação serão os mais
atingidos, se for bem sucedida a ditadura que está solertemente sendo montada
por quem está hoje no poder,
ex-guerrilheiros que afirmam hipocritamente, com forte apoio dos atuais
impérios jornalísticos, que suas ações àquela época tinham como objetivo defender a democracia.
Amada imprensa, caso a estratégia que estão tendo a
liberdade de montar, graças aos governos que se seguiram ao "golpe"
-termo convencionalmente adotado para enfatizar a desmoralização - e que foram
conduzidos, é claro, com alguns erros e exageros, por aqueles que hoje estão
sendo apresentados como carrascos, se aquela estratégia for concretizada, os
jovens jornalistas que hoje se dedicam a fazer falsos heróis serão descartados
como inocentes inúteis, muitos deles mandados para trabalhos no campo ou
promovidos a "delegados". E o chopinho, nunca mais...
Querida imprensa, é preciso entender que a sociedade não
está mais conseguindo engolir o blá-blá-blá revanchista e parcial com o qual
está sendo bombardeada, mesmo porque o governo há mais de dez anos no poder
transformou o país num balaio de crises que está deixando a população em estado
de apreensão.
Vêem-se crises para onde se olha: na educação, na saúde, na
segurança, nas estatais em estado falimentar, na classe política mergulhada em
corrupção e domada pelo poder central, na justiça completamente dilapidada pelo
aparelhamento no âmbito das togas, no apoio a atos totalitários aqui nas nossas
fronteiras e na infraestrutura que está tirando o produto brasileiro da
competição internacional, entre muitos outros iminentes desastres.
Imprensa do meu país: acorde, enquanto é tempo.
Fonte: Alerta Total
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*Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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